Trilhão da carne: Pecuária movimentou cerca de R$ 1 tri em 2024

Pecuária de corte brasileira movimentou quase R$ 1 trilhão em 2024; entre empregos diretos, indiretos e por efeito de renda o setor está relacionado com a manutenção de 8,9 milhões de brasileiros

A pecuária brasileira, especialmente a de corte, é um setor importante da agropecuária brasileira, responsável pela produção de carne bovina. O Brasil é um dos maiores exportadores e produtores de carne do mundo, com destaque para técnicas como o confinamento, sistemas de pastejo rotacionado e melhoramento genético. A pecuária de corte também enfrenta desafios como sustentabilidade ambiental, bem-estar animal e mercado internacional competitivo.

Nesta última segunda-feira (30), a Abiec, em parceria com a Apex, divulgou o Beef Report, sumário estatístico sobre a pecuária de corte brasileira. Em 2024, a cadeia produtiva relacionada à pecuária de corte movimentou, no mínimo, R$ 987 bilhões, ou 5,4% a mais do que no ano anterior, em valores reais. Na comparação nominal, sem considerar a inflação, o movimento foi 9,5% superior ao de 2023.

É importante ressaltar que a metodologia utilizada para elucidar os números e estimar o movimento financeiro da cadeia produtiva foi desenvolvida pela Athenagro, sob a liderança do engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, diretor da empresa e coordenador do Rally da Pecuária.

A metodologia do cálculo é diferente da publicada pelo Cepea/Esalq, que separa o setor em dois grandes ramos: pecuária e agricultura. Os dados não são conflitantes e nem incoerentes entre si. Diferem na metodologia e na abrangência.

Programa de Reinsercao e Monitoramento Prem - do Instituto Mato-grossense da Carne - Imac - pecuaria gado nelore boiada fotao
Foto: Divulgação

Segundo Maurício, a metodologia da Athenagro usa o dimensionamento do movimento financeiro calculando a partir de indicadores de custos e produtividade nas propriedades. O objetivo do uso dos indicadores é aproximar a estimativa, o máximo possível, da realidade sobre o total financeiro movimentado pela produção de carne bovina.

“O avanço de desempenho em 2024 foi impulsionado pelo aumento da produção em relação ao ano anterior e pela recuperação dos preços a partir do segundo semestre, o que manteve os valores nominais da pecuária praticamente nos mesmos patamares observados em 2023”, escreveu o engenheiro agrônomo em artigo publicado no site AGFeed.

Em 2024, alcançamos um recorde histórico de exportações: foram 2,89 milhões de toneladas de carne bovina embarcadas para 157 países, com faturamento de US$ 12,8 bilhões. Esse resultado representa um crescimento expressivo de quase 22% em valor e consolida uma trajetória contínua de expansão, com alta acumulada de mais de 50% nos últimos cinco anos. Consolidamos nossa posição como líder mundial em exportações e segundo maior produtor global, com um rebanho comercial estimado em 194 milhões de cabeças” – disse o Presidente da Abiec, Roberto Perosa.

Para Perosa, a cadeia da carne bovina movimentou em 2024 cerca de R$ 1 trilhão, o equivalente a 8,4% do PIB nacional. Esse desempenho é impulsionado por ganhos consistentes de produtividade: atingimos o maior número de animais terminados em confinamento da nossa história, com 8,8 milhões de cabeças, e uma média nacional de quase 5 arrobas por hectare/ano, frente às 2,8 arrobas de duas décadas atrás.

Com a produção maior, as fazendas de pecuária aumentaram o faturamento em R$18 bilhões em relação ao ano anterior. O total faturado foi R$ 207,6 bilhões em 2024, um aumento real de 9,5% no ano.

A indústria frigorífica registrou o maior aumento no faturamento bruto, impulsionado pela produção e pelo desempenho das exportações, que superou as expectativas. O total no ano foi de R$252,4 bilhões, um acréscimo real de R$ 25 bilhões ou 11% em relação ao ano anterior.

Outro dado importante divulgado pelo relatório foi a quantidade de empregos mantida pelo setor.

Estima-se que o agronegócio da carne bovina tenha empregado cerca de 6,75 milhões de pessoas, distribuídas na operação direta das indústrias de insumos e empresas de serviços, nas propriedades rurais (proprietários e funcionários), na indústria de abate e nas pequenas unidades de produção voltadas à subsistência.

O número de empregos é um dos indicadores mais complicados de estimar. A Athenagro mescla informações censitárias com pesquisas próprias, além de usar estudos que correlacionam as atividades empresariais em números de empregos criados de forma indireta.

Chama a atenção o contingente de mais de 1 milhão de pessoas dedicadas à atividade de subsistência dentro da pecuária. Trata-se de um dos maiores desafios relacionados ao setor produtivo no que diz respeito a questões sociais e ambientais.

Ainda com base nos números e estudos, é possível estimar que o dinheiro colocado na economia, pelas pessoas empregadas na atividade pecuária, seja suficiente para manter outros 2,1 milhões de empregos pelo chamado “efeito renda”.

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Foto: Nelore CEN / Rurally

Com isso, a bovinocultura de corte está relacionada com a manutenção de 8,9 milhões de empregos diretos, indiretos e por efeito renda. Esse número, embora possa parecer superestimado, equivale a 1 emprego gerado para cada 18 hectares dedicados à pecuária, ou para cada 22 cabeças do rebanho.

Se descontados os empregos estimados pelo efeito renda, a pecuária de corte teria mantido 1 emprego a cada 23,78 hectares em produção, considerando empregos diretos (propriedades rurais) e indiretos (geralmente urbanos). Em números de cabeças, seriam 29 bovinos para cada emprego mantido na cadeia produtiva.

É possível estimar também, de forma bem conservadora, que a cadeia produtiva de pecuária de corte tenha gerado R$ 151,4 bilhões em impostos e contribuições.

Mesmo com as inúmeras ineficiências do setor, a importância econômica e social da pecuária é muito maior do que aparenta. Essa importância é incontestável por mais barulhentas que sejam as diversas vozes que se levantam do preconceito contra a atividade que, infelizmente, ainda persiste.

Para cada real faturado por animal abatido em 2024, outros R$ 4,95 circularam em outras etapas da cadeia produtiva de pecuária de corte. E essa relação será ainda melhor à medida que a produção se intensifique com a adoção gradual de pacotes tecnológicos mais eficientes.

A expansão da produção tem ocorrido com base em um modelo cada vez mais eficiente e sustentável. O Brasil tem conseguido aumentar sua produção sem ampliação da área de pastagem, adotando políticas como o Plano ABC+, o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), o Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado (Boi na Linha) do Ministério Público Federal. São ações concretas que reforçam nossa liderança na construção de uma pecuária moderna, rastreável e ambientalmente responsável” – finalizou Roberto Perosa.

Com informações de Maurício Palma Nogueira

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