Decisão de Donald Trump, em que EUA retiram tarifa extra de 40%, encerra meses de tensão comercial, zera taxação sobre café, carne e frutas e reacende disputa por espaço no mercado norte-americano
A decisão mais aguardada pelo agronegócio brasileiro finalmente saiu: “Trump retira tarifa extra“. Após meses de pressão diplomática e intensa negociação entre Brasília e Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou ordem executiva retirando a tarifa adicional de 40% que incidia sobre uma série de produtos brasileiros desde julho. A medida zera imediatamente a taxação de itens estratégicos como carne bovina, café, frutas tropicais, cacau, sucos, vegetais, nozes, especiarias e até alguns fertilizantes químicos, destravando um mercado estimado em US$ 5 bilhões para o Brasil.
Segundo os documentos oficiais divulgados pela Casa Branca, a retirada da tarifa ocorre de forma retroativa a 13 de novembro, permitindo reembolso dos valores pagos por exportadores, conforme os procedimentos da alfândega norte-americana.
A decisão, embora esperada, tem forte peso político: Trump afirma que o recuo foi possível após uma conversa direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria dado “os primeiros passos” para um acordo comercial mais amplo entre os dois países.
O que levou à retirada das tarifas
A reversão do tarifaço marca a primeira grande distensão entre Brasil e Estados Unidos desde a imposição das sobretaxas em julho, quando Trump elevou para 50% o custo de entrada de vários produtos brasileiros — somando a tarifa adicional de 40% à tarifa global de 10%.
De acordo com a ordem executiva, Trump considerou:
- O avanço das negociações bilaterais, iniciado após conversa telefônica com Lula em 6 de outubro;
- A reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio, no Departamento de Estado em 13 de novembro, destacada como ponto de virada;
- Recomendações técnicas de autoridades norte-americanas, que classificaram alguns produtos agrícolas brasileiros como essenciais e não concorrentes diretos da produção dos EUA;
- O impacto político interno causado pela alta de preços para o consumidor americano.
Segundo as análises incluídas nos documentos, itens como café — que os EUA praticamente não produzem — tiveram forte aumento ao consumidor. Apenas em setembro, o preço médio do café subiu quase 20% nos EUA devido à elevação de custos provocada pelo tarifaço .
Trump retira tarifa extra e gera novo impacto no agro brasileiro
Café: o setor mais prejudicado — e agora o mais aliviado
O café brasileiro foi um dos setores que mais sofreram com as tarifas de 50%. O país, que exportou US$ 1,9 bilhão em café aos EUA no ano anterior, registrou queda de 54% nas exportações em outubro após o tarifaço .
Com a retirada da sobretaxa, o Cecafé comemorou o que chamou de “presente de Natal antecipado”. Segundo a entidade:
- O Brasil perde espaço quando o café fica mais caro, abrindo brechas para Colômbia e Vietnã;
- A retirada das tarifas devolve competitividade e permite “reconquistar os blends” do mercado norte-americano;
- Os EUA são o maior consumidor de café do mundo e dependem de importações para abastecer a indústria.
Para o CEO Marcos Matos, a isenção é uma “vitória da isonomia” e do trabalho conjunto entre exportadores, governo e lobby junto à indústria cafeeira norte-americana (NCA) .
Carne bovina: exportadores comemoram
A carne brasileira — tanto in natura quanto processada — teve a tarifa adicional totalmente suspensa. A ABIEC destacou que o recuo:
- Reforça a estabilidade do comércio internacional;
- Reconhece a importância da proteína bovina brasileira na cadeia de suprimento dos EUA;
- É fruto do diálogo técnico constante entre autoridades dos dois países.
A entidade já trabalha para ampliar oportunidades e consolidar o Brasil como fornecedor estratégico no mercado americano — um dos mais exigentes do mundo .
Frutas, cacau, sucos, raízes e tubérculos: portas reabertas
A lista dos produtos contemplados inclui:
- Manga, abacaxi, mamão, abacate, banana, goiaba;
- Água de coco, açaí, nozes;
- Cacau e seus derivados;
- Vegetais, raízes e tubérculos.
Setores que vinham perdendo competitividade após a sobretaxa agora voltam a operar em condições normais, com perspectiva de retomada rápida das exportações. O agronegócio brasileiro é fortemente dependente do mercado americano em várias dessas cadeias.
EUA retiram tarifa de 40%, mas nem tudo foi contemplado
Nem tudo foi contemplado no alívio tarifário. Ficaram de fora:
- Café solúvel, item importante da indústria de transformação;
- Produtos industrializados, como máquinas e calçados;
- A indústria de pescados, que lamentou “frustração” e falta de priorização pelo governo brasileiro;
- Setor do mel.
Segundo especialistas citados nos materiais, ainda há margem para negociações futuras, já que o acordo setorial entre Brasil e EUA deve ser finalizado em 60 a 90 dias.
O peso político da decisão de Trump
O gesto de Trump também tem efeito doméstico nos Estados Unidos. Analistas apontam que:
- A alta de preços gerada pelas tarifas prejudicou o consumidor;
- Houve desgaste político para o governo Trump, confirmado pela derrota de candidatos republicanos em eleições municipais em estados onde o aumento do custo de vida foi mais sentido;
- O recuo atende ao interesse estratégico dos EUA de manter canais abertos com o Brasil — especialmente diante da concorrência crescente de China, União Europeia e Ásia.
Lula, por sua vez, classificou o anúncio como “uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso” e afirmou esperar “zerar qualquer celeuma comercial e política” com os EUA nos próximos meses .
Trump retira tarifa extra: O que vem pela frente
Com a retirada da tarifa adicional, Brasil e Estados Unidos avançam rumo a um acordo comercial setor a setor, que deve ser anunciado até o início de 2026. O Itamaraty reforçou que mantém “total disposição ao diálogo” e que trabalha para extinguir o restante das tarifas ainda vigentes.
A expectativa no agronegócio brasileiro é de:
- Rápida normalização das exportações para o mercado americano;
- Recuperação de receitas perdidas desde agosto;
- Reposicionamento competitivo frente a países concorrentes;
- Possível abertura de novas frentes comerciais em fertilizantes, proteínas e frutas processadas.
A reversão do tarifaço, portanto, marca não apenas um alívio econômico, mas um recomeço diplomático entre as duas maiores economias do continente.
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