
Exposições como a ExpoZebu (Uberaba/MG), que reúne mais de 300 mil visitantes anualmente, ou a Agrishow, em Ribeirão Preto, movimentam cifras impressionantes e oferecem aos pecuaristas oportunidades que extrapolam a vitrine dos estandes
O Brasil é referência mundial quando o assunto é pecuária. Em um cenário onde o setor representa quase 25% do PIB nacional, feiras e exposições agropecuárias deixaram de ser apenas eventos sociais ou vitrines regionais para se tornarem verdadeiros centros de negócios, inovação e disputa por reconhecimento técnico. Nessas arenas, o que se exibe não é só a genética de ponta, mas também o compromisso do produtor com qualidade, manejo eficiente e visão de mercado.
Para muitos criadores, participar de uma exposição é como subir no pódio de uma olimpíada rural: exige preparo, estratégia e atenção aos mínimos detalhes. E o que está em jogo não é apenas a beleza de um animal ou um troféu na prateleira — é a valorização de toda uma linhagem, o fortalecimento da marca da fazenda, a abertura de novos mercados e a chance de transformar um nome local em referência nacional.
Por que investir em exposições agropecuárias
Exposições como a ExpoZebu (Uberaba/MG), que reúne mais de 300 mil visitantes anualmente, ou a Agrishow, em Ribeirão Preto, movimentam cifras impressionantes e oferecem aos pecuaristas oportunidades que extrapolam a vitrine dos estandes. A chance de ter um animal premiado é, muitas vezes, o diferencial necessário para aumentar o valor de venda de seus descendentes, atrair investidores, firmar parcerias comerciais e até internacionalizar sua genética.
Esses eventos funcionam também como grandes encontros técnicos, onde especialistas, universidades, empresas e criadores trocam informações, avaliam tendências e testam inovações no campo. Estar presente em uma feira não é apenas sobre mostrar o que se tem — é aprender, comparar e evoluir. Criadores que se destacam nas pistas colhem frutos em toda a cadeia produtiva, seja no aumento da demanda por coberturas, na venda de sêmen ou na credibilidade da marca da propriedade.
Escolhendo o animal certo: mais que beleza, estratégia
A seleção do animal que irá representar a propriedade é uma das decisões mais estratégicas do processo. O exemplar ideal precisa reunir características zootécnicas valorizadas: estrutura corporal harmônica, aprumos corretos, pelagem bem cuidada, temperamento manso e boa adaptabilidade. O pedigree também é fator determinante, especialmente quando associado a desempenhos comprovados em ganho de peso, fertilidade, rusticidade ou produção de leite.
Mas escolher o animal certo vai além de critérios técnicos: é uma aposta na imagem da marca da fazenda. O bovino será o embaixador de toda a genética desenvolvida ao longo dos anos. Por isso, muitos criadores investem em uma seleção de jovens promessas e campeões consagrados para montar um time competitivo. Afinal, nas pistas, o que se mostra é o resultado de toda uma filosofia de trabalho aplicada dentro da porteira.
A preparação começa muito antes da exposição
A preparação de um bovino para a pista começa, idealmente, com 90 dias de antecedência. Esse período é dedicado à adaptação alimentar, treinamentos, cuidados sanitários e estéticos. A dieta precisa ser balanceada, com foco em energia e proteína, mas sem exageros. Minerais como zinco, cobre e selênio, além de vitaminas A e E, são fundamentais para a saúde da pele e o brilho da pelagem.
Durante essa fase, o manejo deve ser impecável: pesagens regulares, exames de saúde, controle parasitário, vacinação e observação constante. A preparação é uma verdadeira maratona de cuidado, dedicação e precisão — quanto melhor o planejamento, maiores as chances de sucesso na pista.
Manejo, treinamento e rotina
Tão importante quanto a genética é o comportamento do animal durante o julgamento. Animais bem manejados e acostumados com o ambiente das feiras se destacam naturalmente. Por isso, é essencial investir em um processo de doma e adestramento que ensine o bovino a caminhar com cabresto, parar corretamente e manter a postura diante do juiz.
A rotina inclui escovação diária, banhos frequentes, cuidados com os cascos e, se possível, sessões de “simulação de pista”. O ideal é que o animal se familiarize com comandos, estímulos visuais e auditivos. Criadores que negligenciam essa etapa costumam ver seus animais perdendo pontos preciosos por falhas de manejo.
Documentação e sanidade
A entrada de qualquer animal em exposições oficiais está condicionada à apresentação de documentos obrigatórios. A Guia de Trânsito Animal (GTA) é obrigatória, assim como exames negativos para brucelose e tuberculose. Alguns eventos exigem também comprovantes de vacinação e atestados sanitários.
Manter a sanidade do plantel em dia é um compromisso que vai além da burocracia. Animais que adoecem antes do evento podem ser desclassificados e comprometer todo o time da fazenda. Por isso, o acompanhamento constante de um veterinário de confiança é indispensável.
Transporte seguro e bem-estar animal em primeiro lugar
O transporte até a feira precisa ser planejado com o mesmo cuidado que o treinamento e a nutrição. Os veículos devem ser higienizados, bem ventilados e com espaço adequado. Durante o trajeto, é fundamental respeitar paradas para hidratação e alimentação.
Outro ponto essencial é a identificação do animal e o acompanhamento por um tratador familiarizado com ele. Ao chegar na feira, o animal deve ser acomodado em local limpo, com sombra, cama seca e água fresca — o conforto faz toda a diferença para que ele se apresente em seu melhor estado.
A pista é o palco da excelência genética
Quando o animal entra na pista, o que se vê é o resultado de meses — ou anos — de trabalho. Nesse momento, tudo conta: postura, movimentação, obediência ao apresentador e interação com os jurados. Um exemplar bem treinado e seguro transmite presença e facilita a avaliação técnica.
O apresentador tem um papel estratégico: deve corrigir a posição do animal com firmeza e sutileza e saber realçar os pontos fortes do exemplar. A comunicação não-verbal entre tratador e bovino é essencial. Quando essa conexão se estabelece, o animal se transforma no centro das atenções.
Resultado: prestígio, valorização e novas oportunidades
Vencer uma feira ou conquistar boas colocações pode mudar o destino de uma fazenda. Um touro ou matriz premiado tem seu valor de mercado elevado, e o interesse por seus descendentes cresce exponencialmente. Isso impacta o faturamento da propriedade, a reputação do criador e a projeção da marca.
As exposições geram visibilidade e ampliam as redes de relacionamento. Muitos contratos, parcerias e investimentos em biotecnologia são fechados nesses eventos. Competir com excelência é uma estratégia de posicionamento e crescimento para quem pensa o agronegócio com visão de longo prazo e compromisso com a evolução genética.
Se você ainda não colocou seu rebanho nas pistas, talvez esteja deixando passar uma das maiores oportunidades de valorização do seu trabalho. Comece agora: organize sua documentação, prepare seus melhores animais, monte uma equipe técnica capacitada e leve sua genética para onde o agro acontece.
Busque orientação com veterinários, técnicos e entidades especializadas, participe de cursos de apresentador e aproveite os programas de incentivo à participação em feiras. Mostrar seu gado ao país é mostrar o que há de melhor na pecuária nacional. Porque quem entra bem na pista, sai melhor ainda no mercado.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
- Você sabe identificar os sinais da carne estragada?
- Toyota lança nova Hilux híbrida por R$ 336 mil e deixa fãs de picapes eufóricos no Brasil
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.