Ureia ou sulfato de amônio: qual adubo entrega mais resultado no seu pasto?

O barato que sai caro? Entenda quando a economia da ureia não compensa os riscos e veja como o sulfato pode blindar sua produtividade

No planejamento da safra de pastagem, a dúvida é recorrente e pesa no orçamento: apostar na ureia, com seu baixo custo por ponto de nitrogênio, ou investir no sulfato de amônio, conhecido pela estabilidade e presença de enxofre?

Para responder a essa questão, o Compre Rural mergulhou em dados técnicos e pesquisas de eficiência agronômica. A resposta curta é: depende do seu manejo e do clima. A resposta longa, que pode salvar sua rentabilidade, você confere abaixo.

O Fator “Bolso”: A matemática do Nitrogênio

À primeira vista, a ureia é a campeã imbatível do custo-benefício. Com uma concentração de 45% a 46% de nitrogênio (N), ela entrega mais nutriente ocupando menos espaço no galpão e na distribuidora.

Em contrapartida, o sulfato de amônio possui cerca de 20% a 21% de N. Isso significa que, para fornecer a mesma quantidade de nitrogênio ao pasto, o produtor precisa aplicar mais que o dobro de volume de fertilizante, o que encarece o frete e a operação.

Dado de Mercado: Historicamente, o ponto de nitrogênio via ureia chega a ser 20% a 30% mais barato que via sulfato. Se a conta parasse aqui, a discussão estaria encerrada. Mas a agronomia não é matemática simples.

O Vilão Invisível: A Volatilização

O grande “calcanhar de Aquiles” da ureia é a volatilização da amônia (NH3). Pesquisas da Embrapa indicam que, quando aplicada em condições inadequadas — como sobre a palhada seca, em dias quentes e sem previsão de chuva — a ureia pode perder até 80% do nitrogênio aplicado para a atmosfera em poucos dias. É literalmente dinheiro virando fumaça.

Já o sulfato de amônio apresenta perdas por volatilização praticamente insignificantes, mesmo em condições adversas. Ele não depende tanto da hidrólise imediata e da umidade para “segurar” o nitrogênio no solo.

O “Bônus” do Sulfato: Enxofre

Um diferencial agronômico crucial que muitas vezes é ignorado na conta do preço: o sulfato de amônio entrega cerca de 22% a 24% de enxofre (S).

O enxofre é fundamental para a formação de proteínas na planta. Em pastagens intensivas, principalmente de Brachiaria e Panicum, a deficiência de enxofre pode limitar a resposta ao nitrogênio. Ou seja, não adianta jogar nitrogênio se faltar enxofre; a planta não converte isso em massa verde. Ao usar sulfato, o produtor está fazendo uma adubação dupla (N + S) em uma única operação.

Veredito Técnico: Quando usar cada um?

Com base em estudos de eficiência de uso de nitrogênio (EUN), preparamos este guia rápido para a tomada de decisão na fazenda:

1. Use Ureia Quando:

  • Previsão de Chuva: Há alta probabilidade de chuva (10-20mm) logo após a aplicação para incorporar o produto.
  • Solo Úmido: O solo já possui boa umidade.
  • Logística: Você precisa otimizar o frete e a operação (áreas muito grandes ou de difícil acesso).
  • Uso de Inibidores: Se estiver disposto a pagar um pouco mais por ureia com inibidor de urease (ureia protegida), que reduz as perdas por volatilização.

2. Use Sulfato de Amônio Quando:

  • Clima Incerto: Não há garantia de chuva nos próximos dias e o clima está quente/seco (veranicos).
  • Deficiência de Enxofre: A análise de solo indica baixos teores de enxofre (comum em solos de Cerrado com longo histórico de uso sem reposição).
  • Cobertura Tardia: Em aplicações de fim de águas, onde as chuvas são esporádicas.

Conclusão

Não existe “adubo ruim”, existe adubo aplicado na hora errada. A ureia é a ferramenta da eficiência econômica em condições ideais; o sulfato de amônio é a ferramenta da segurança e da nutrição completa em cenários de risco.

Para o pecuarista profissional, a estratégia inteligente pode ser a diversificação: garantir o sulfato para as áreas mais críticas ou épocas de transição e usar a ureia no auge das águas, maximizando o retorno sobre o investimento de cada real gasto em fertilizante.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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