
O desastre ambiental levou o Ministério Público Federal (MPF) a pedir, em ação judicial contra o governo de Rondônia, a erradicação dos búfalos. O prejuízo, segundo o levantamento, já soma R$ 20 milhões. Pecuária corre risco!
A região do oeste de Rondônia está enfrentando uma grave ameaça à sua biodiversidade e à economia local, com a invasão de búfalos selvagens que já causam prejuízos significativos. O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública, com pedido liminar, para a erradicação dos animais da área da Reserva Biológica Guaporé (Rebio Guaporé), uma das mais importantes unidades de conservação do estado. A população de búfalos, que já ultrapassa 5 mil exemplares, pode chegar a 50 mil até 2030, se o controle não for implementado.
Os búfalos foram introduzidos na região de Rondônia em 1953, como parte de um projeto estadual de incentivo à pecuária na antiga Fazenda Pau d’Óleo. No entanto, com o abandono da fazenda e a falta de monitoramento, os animais começaram a se reproduzir descontroladamente em um habitat com recursos abundantes e sem predadores naturais.
Essa reprodução desordenada resultou na formação de uma população de mais de 5 mil búfalos atualmente, ocupando uma área de 96 mil hectares da Rebio Guaporé, o que representa uma verdadeira devastação ambiental.
Os danos causados pelos búfalos vão além da simples competição por recursos. Os animais alteram significativamente o ecossistema local, compactando o solo e gerando erosão, o que contribui para a desertificação da área. Além disso, o comportamento dos búfalos, como a utilização repetitiva das mesmas trilhas, acaba formando canais que desviam os cursos d’água naturais, comprometendo a drenagem e o ciclo hidrológico da reserva. Estima-se que, desde 2008, os ambientes alagados da reserva tenham sido reduzidos em 48%, o que impacta diretamente a fauna e flora locais.
Riscos para a pecuária e a saúde pública
A invasão dos búfalos também coloca em risco a pecuária de Rondônia, um dos estados com o maior rebanho bovino do Brasil. Segundo o procurador da República Gabriel Amorim, autor da ação, a presença descontrolada desses animais pode prejudicar gravemente a credibilidade da cadeia da pecuária no estado, afetando diretamente a economia local. O MPF destaca ainda os riscos sanitários: os búfalos não são vacinados nem submetidos a qualquer controle sanitário, o que aumenta as chances de contaminação e disseminação de doenças no rebanho.
Além disso, os búfalos competem diretamente com o cervo-do-pantanal, uma espécie ameaçada de extinção, e têm provocado a destruição de sítios arqueológicos na região, que acabam sendo danificados pelo pisoteamento e erosão causados pelos animais.
A ação judicial e as medidas solicitadas
Diante da gravidade da situação, o MPF solicitou à Justiça Federal que o governo de Rondônia e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) adotem medidas urgentes para controlar e erradicar os búfalos. A ação judicial exige que o ICMBio apresente, no prazo de 10 meses, um plano de controle da população de búfalos, utilizando métodos que causem o menor sofrimento possível aos animais e sem danos ao meio ambiente.
O MPF também pede que o governo de Rondônia seja responsabilizado por danos morais coletivos, solicitando uma indenização de R$ 20 milhões, que seriam destinados a ações de reflorestamento nas unidades de conservação do estado.
Além disso, o governo estadual deverá arcar com os custos de execução do plano de controle e de recuperação das áreas degradadas. A complexidade logística do projeto, devido à geografia da região e à falta de infraestrutura, torna a erradicação ainda mais desafiadora.
Em 2015, o governo estadual chegou a discutir com o ICMBio um plano de controle que incluía a construção de currais e um incinerador para a destinação das carcaças, mas o projeto não avançou devido aos custos elevados e às dificuldades de acesso.
Desafios logísticos e soluções ainda incertas
A remoção dos búfalos é um desafio técnico, principalmente pela localização remota da Rebio Guaporé, que não possui estradas ou ramais adequados para o transporte dos animais. O ICMBio, por meio de suas pesquisas, está estudando as melhores alternativas para o controle da população, mas o custo e as dificuldades logísticas seguem sendo obstáculos consideráveis. A situação exige uma ação coordenada e eficaz para evitar danos ambientais irreversíveis e proteger a economia local.
O futuro da Rebio Guaporé e da pecuária em Rondônia
Sem um plano de erradicação eficiente, a população de búfalos pode continuar a crescer, ocupando metade da Rebio Guaporé até 2030. Isso representaria uma perda irreparável para o meio ambiente e para a pecuária de Rondônia. A crise atual é um exemplo claro de como espécies invasoras, como os búfalos, podem comprometer ecossistemas inteiros, tornando urgente a adoção de medidas eficazes para preservar a biodiversidade e proteger as atividades econômicas da região.
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