
Com avanço da genômica, pecuaristas devem considerar sistema produtivo, manejo e objetivos antes de definir a melhor estratégia para a inseminação com sêmen sexado ou convencional
A inseminação artificial se consolidou como uma das principais ferramentas para impulsionar o melhoramento genético dos rebanhos bovinos no Brasil. Hoje, com a evolução da tecnologia, os pecuaristas têm à disposição três grandes opções de material genético: o sêmen convencional, o sêmen sexado e o sêmen genômico. Mas a dúvida persiste: qual é a melhor escolha para o seu sistema de produção?
A resposta depende de diversos fatores, como tamanho do rebanho, foco do sistema (leite ou corte), manejo reprodutivo e metas econômicas da fazenda. Especialistas destacam que a escolha deve ser estratégica e baseada em dados.
Genômica: o pilar da inseminação moderna
A introdução da genômica revolucionou a seleção genética ao permitir que o mérito de um touro seja avaliado ainda jovem, com base em DNA e dados de parentesco. De acordo com o médico veterinário Raul Lara Resende, gerente de projetos na Sexing Technologies, “hoje é possível identificar, já no embrião ou bezerro, um potencial genético equivalente ao de um touro adulto de nove anos”. Isso reduz custos, acelera ciclos de seleção e aumenta a precisão.
Contudo, o uso de sêmen genômico exige atenção. A acurácia depende da qualidade e densidade dos dados. Raças como Nelore, Holandês e Angus já possuem bancos genômicos robustos, o que garante maior confiabilidade.
Em rebanhos grandes, mesmo com variação nos resultados, o uso mais agressivo do sêmen genômico pode compensar. Já em propriedades menores, a recomendação é equilibrar com o uso de touros provados.
Sêmen convencional: robustez e maior taxa de prenhez
Ainda muito utilizado na pecuária, o sêmen convencional é reconhecido por sua resistência e bons índices de prenhez, especialmente em condições adversas. Segundo Gustavo Sousa Gonçalves, gerente de Leite Europeu da Alta Brasil, “o convencional aguenta mais ‘desaforo’, ou seja, funciona mesmo quando o manejo ou o ambiente não são ideais”.
É uma escolha inteligente para sistemas com manejo reprodutivo menos tecnificado ou em situações nas quais a eficiência da inseminação precisa ser maximizada sem grandes exigências no processo.
Sêmen sexado: precisão para rebanhos tecnificados
O sêmen sexado, por sua vez, é ideal para sistemas altamente tecnificados, especialmente na pecuária leiteira, em que há interesse em aumentar o número de fêmeas de alto valor genético. Com até 90% de eficácia na determinação do sexo da cria, o uso do sexado permite otimizar a reposição de matrizes.
Entretanto, sua aplicação demanda manejo preciso, cuidados rigorosos no descongelamento e inseminação, e rebanhos com bons índices reprodutivos. Erros nesses processos podem comprometer a taxa de prenhez e a eficácia da tecnologia.
Estratégia combinada: o segredo do sucesso
A adoção de diferentes tipos de sêmen não é excludente, e sim complementar. Uma das práticas mais recomendadas por técnicos é utilizar sêmen sexado nas primeiras inseminações de novilhas, limitando a três tentativas. Em caso de insucesso, passa-se para o convencional. Isso permite manter o foco em reposição genética qualificada sem comprometer os custos e a eficiência do sistema.
Planejamento, dados históricos do rebanho e suporte técnico são indispensáveis. A falta de preparo da equipe ou decisões baseadas apenas em intuição representam os principais erros dos produtores.
Sêmen sexado ou convencional: Como escolher?
A escolha entre sêmen convencional, sexado ou genômico depende de:
- Sistema de produção (leite ou corte)
- Tamanho e objetivo do rebanho
- Nível de tecnificação e manejo reprodutivo
- Capacitação da equipe e suporte técnico
- Planejamento e metas de longo prazo
Tecnologia é aliada, mas exige gestão
A inseminação artificial, quando bem planejada, pode transformar os resultados genéticos e econômicos de uma fazenda em poucas gerações. Mas a tecnologia, por si só, não faz milagres. É preciso análise de dados, capacitação da mão de obra e alinhamento com os objetivos estratégicos da propriedade.
Antes de investir, busque orientação profissional, avalie o perfil do rebanho e use a tecnologia como aliada da gestão eficiente.
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