
Os preços da saca de 60kg do café arábica e robusta estão em alta. Com a saca do café arábica alcançando R$ 1.487,93 em São Paulo e a do robusta R$ 1.509,99 no Espírito Santo, queremos entender o que está impulsionando esses preços e quais são as projeções para o futuro.
O mercado do café vive um momento singular. Com preços atingindo patamares nunca antes registrados, tanto o café arábica quanto o robusta estão no centro das atenções dos produtores, exportadores e consumidores. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), pela primeira vez, a média mensal do robusta superou a do arábica, algo inédito até então. Em setembro, o robusta tipo 6, peneira 13, retirado no Espírito Santo, fechou em R$ 24,72 acima do arábica tipo 6, uma surpresa para o mercado.
Esse cenário reflete a alta demanda e a baixa oferta de café, especialmente o robusta, do qual o Vietnã é o principal produtor mundial. A colheita da nova safra no país asiático está prestes a começar, mas a pressão no mercado já é sentida. O Brasil, por sua vez, enfrenta uma crise hídrica que compromete o desenvolvimento das próximas safras, tanto de arábica quanto de robusta.
Para entender melhor o que está por trás desse aumento expressivo, o Diretor de Conteúdo do Compre Rural, Thiago Pereira, conversou com exclusividade com o advogado especialista em logística, direito marítimo e agronegócios, Larry Carvalho. Durante a entrevista, Carvalho apontou que diversos fatores estão impactando o mercado de café, desde condições climáticas adversas até uma demanda internacional aquecida.

“A recente alta nos preços do café arábica e robusta no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a diminuição da oferta devido a condições climáticas adversas, como estiagens e geadas, que impactaram a produção. Além disso, a demanda global por café continua forte, especialmente em mercados emergentes. A desvalorização do real em relação ao dólar também torna o café brasileiro mais competitivo no mercado internacional, contribuindo para a alta nos preços,” explicou.
A falta de umidade nas regiões produtoras brasileiras, agravada pelo longo período sem chuvas, está prejudicando não apenas a safra atual, mas também as futuras, como a de 2025/26. As plantas estão debilitadas, e o déficit hídrico só se intensifica, conforme destacam os pesquisadores do Cepea.
“Fatores econômicos, como a inflação e a flutuação dos preços das commodities, têm afetado a produção de café no Brasil e no Vietnã. As mudanças climáticas resultam em safras problemáticas, com eventos extremos como secas e chuvas irregulares que comprometem a qualidade e a quantidade da produção. Essas condições podem levar a um aumento nos custos de produção e à escassez de grãos, afetando a oferta e os preços“, apontou Carvalho.
Outro ponto de destaque da entrevista foi a crescente substituição do cultivo de café pelo durian no Vietnã. “Essa mudança pode impactar a competitividade do país no mercado global de café, uma vez que a área plantada com café será reduzida. Isso pode abrir uma janela de oportunidade para o Brasil aumentar sua participação de mercado,” pontuou Larry Carvalho.
No Brasil, o preço do cafezinho após as refeições também tem sentido o impacto. De acordo com um levantamento da Ticket, o valor da bebida subiu 121% nos últimos dez anos, passando de R$ 2,39 em 2014 para R$ 5,29 este ano. Além disso, o café responde por cerca de 10% do valor de uma refeição completa no país, que atualmente custa em média R$ 51,61.

Apesar dos desafios, as previsões de Larry Carvalho são cautelosamente otimistas. “Se as condições climáticas adversas persistirem, os preços podem continuar subindo, mas há uma possibilidade de estabilização caso a produção global, especialmente no Brasil, se recupere. No entanto, os produtores brasileiros precisarão se adaptar rapidamente, investindo em tecnologias e práticas mais sustentáveis para continuar competitivos,” concluiu.
“As previsões para os preços do café a médio e longo prazo dependem de uma série de fatores, incluindo a recuperação das safras, a demanda global e as condições climáticas“, pontuou Larry Carvalho.
O mercado de café está em uma encruzilhada, e as próximas colheitas serão decisivas para determinar o futuro dos preços. Enquanto isso, os consumidores já sentem o impacto direto no bolso, seja no supermercado ou na hora de pedir aquele cafezinho após a refeição.
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