Veja o que fazer com o gado a pasto na época seca do ano

Diante desse cenário, a adoção de estratégias adequadas de suplementação nutricional ao longo do ano, especialmente no período de transição entre águas e seca, é crucial.

A saúde econômica e a rentabilidade de uma propriedade de gado de corte dependem de diversos fatores, mas poucos são tão críticos quanto a produtividade e o desempenho dos animais. Não basta apenas alcançar altas produtividades durante o período chuvoso ou evitar que os animais percam peso nas secas; é fundamental que o ganho médio diário (GMD) seja consistente e satisfatório ao longo de todo o ano.

Em grande parte das fazendas de produção a pasto no Brasil, a performance do gado está intimamente ligada à qualidade e à disponibilidade das forragens, que variam significativamente entre as estações. Durante a época das chuvas, o gado geralmente apresenta um desempenho expressivo, mas à medida que o período de estiagem se aproxima, a diminuição da produção forrageira leva a uma queda no ganho de peso, ou até mesmo à perda de peso dos animais.

Diante desse cenário, a adoção de estratégias adequadas de suplementação nutricional ao longo do ano, especialmente no período de transição entre águas e seca, é crucial. Este período, que coincide com o outono, exige atenção especial, pois a mudança gradativa nas pastagens, refletida na perda de qualidade das plantas, impacta diretamente a produtividade dos animais. Assim, traçar um planejamento nutricional específico para esta fase é essencial para garantir a rentabilidade e a eficiência da produção, mantendo o desempenho do rebanho em níveis ótimos durante todo o ciclo produtivo.

Entendendo a transição Águas-Seca

O período de transição entre as águas e a seca é um dos momentos mais desafiadores para os produtores de gado a pasto. Este período, que geralmente ocorre durante o outono, marca a mudança entre os meses mais chuvosos e aqueles mais frios e secos. Durante essa fase, as pastagens passam por uma transformação significativa, refletida diretamente na qualidade e na quantidade de forragem disponível para os animais.

A transição começa com a redução gradual das chuvas, o que leva à diminuição do crescimento das pastagens tropicais. As plantas começam a perder vigor, suas folhas amarelam, e a produção de novas folhas diminui drasticamente. Em alguns casos, é possível observar a presença de sementes nas pastagens, sinal claro de que as plantas estão entrando em um estágio de dormência. Essas mudanças não são apenas estéticas; elas têm um impacto profundo na disponibilidade de nutrientes essenciais para o gado.

Com a redução da qualidade das forrageiras, o desempenho dos animais também sofre. O ganho de peso, que era satisfatório durante o período de águas, começa a declinar, e em casos extremos, os animais podem até perder peso. Este fenômeno não é exclusivo de uma região; ele ocorre em todo o Brasil, com variações na intensidade e na duração, dependendo das condições climáticas locais.

Portanto, compreender essa transição e seus efeitos é fundamental para desenvolver estratégias de manejo que minimizem os impactos negativos sobre a produtividade do rebanho. A suplementação nutricional durante essa fase deve ser cuidadosamente planejada, levando em consideração a mudança no perfil das pastagens e as necessidades específicas dos animais. Somente assim é possível manter o desempenho do gado em níveis aceitáveis e evitar perdas econômicas significativas para a propriedade.

Estratégias de manejo do gado durante a transição

Foto: Divulgação

Durante a transição entre águas e seca, a gestão adequada do gado a pasto torna-se crucial para mitigar os impactos negativos da mudança nas condições das pastagens. Nesse contexto, as estratégias de manejo devem ser bem planejadas, considerando tanto as necessidades nutricionais dos animais quanto as variações na qualidade da forragem disponível. Entre as práticas mais eficazes estão a suplementação alimentar, a rotação de pastagens e o monitoramento contínuo da condição corporal dos animais.

Suplementação alimentar

A suplementação nutricional é uma das estratégias mais importantes durante o período de transição. Com a qualidade das pastagens em declínio, é essencial fornecer aos animais nutrientes adicionais que compensam a perda de valor nutritivo das forrageiras. A escolha do tipo de suplemento pode fazer uma diferença significativa no desempenho do gado.

  • Suplemento mineral: Embora seja a base da suplementação em muitas propriedades, depender apenas de suplementos minerais durante a transição pode resultar em quedas acentuadas no desempenho dos animais. Estudos mostram que, nesse período, o ganho médio diário pode ser até 50% menor em comparação com animais que recebem suplementos proteicos.
  • Suplemento proteico: O uso de suplementos proteicos, com consumo de 3g por kg de peso vivo, é uma alternativa eficaz para manter o ganho de peso dos animais. Esses suplementos ajudam a sustentar a massa muscular e a prevenir a perda de peso, especialmente à medida que o período de seca se aproxima.
  • Suplemento proteico-Energético: Para propriedades que buscam maximizar o desempenho, o uso de suplementos proteico-energéticos, com consumo de 5g por kg de peso vivo, é altamente recomendável. Este tipo de suplementação não apenas mantém, mas pode aumentar o ganho de peso dos animais em até 80% em comparação com aqueles que recebem apenas suplemento mineral. Essa estratégia é particularmente vantajosa para animais que serão terminados na seca seguinte, seja no confinamento convencional ou na terminação a pasto.

Rotação de Pastagens

A rotação de pastagens é uma prática que pode auxiliar na gestão do período de transição. Ao alternar os lotes de gado entre diferentes áreas de pasto, permite-se que as plantas se recuperem e mantenham uma qualidade mínima aceitável por mais tempo. Essa técnica, quando combinada com suplementação adequada, pode prolongar a disponibilidade de forragem de qualidade, reduzindo a necessidade de suplementos mais caros.

Monitoramento da Condição Corporal

A avaliação regular permite identificar precocemente qualquer perda de peso ou declínio no estado geral de saúde, possibilitando intervenções rápidas e eficazes. Este monitoramento deve ser acompanhado de ajustes na suplementação e na rotação de pastagens, garantindo que os animais se mantenham em boas condições até o início da seca.

Preparativos antecipados para o período de seca

Planejar as estratégias de manejo com antecedência é fundamental para enfrentar a transição águas-seca. O uso correto de suplementos, aliado à rotação de pastagens e ao monitoramento constante, permite que o produtor mantenha a produtividade do rebanho em níveis elevados, mesmo diante das adversidades naturais dessa fase do ano.

Avaliação econômica e impacto a longo prazo

Transição águas-seca, o que fazer com o gado a pasto
Foto: Divulgação

A implementação de estratégias de manejo durante a transição entre águas e seca não apenas visa a manutenção do desempenho dos animais, mas também tem implicações econômicas significativas. A decisão sobre quais práticas adotar deve ser fundamentada em uma análise cuidadosa dos custos e benefícios, levando em consideração o impacto a longo prazo na produtividade e na rentabilidade da fazenda.

Custo-Benefício da Suplementação

A suplementação alimentar, especialmente quando envolve o uso de suplementos proteicos ou proteico-energéticos, representa um investimento significativo para a propriedade. No entanto, os benefícios em termos de ganho de peso dos animais e manutenção da saúde do rebanho durante a transição podem compensar amplamente esses custos.

Por exemplo, animais que recebem suplementos proteico-energéticos durante a transição mostram um desempenho até 80% superior em comparação com aqueles que são suplementados apenas com minerais. Esse ganho adicional pode se traduzir em maior peso ao abate, melhor qualidade de carne e, consequentemente, maior valor de mercado dos animais.

Impacto no Ciclo Produtivo

A escolha da estratégia de manejo durante a transição também afeta o ciclo produtivo do gado a longo prazo. Animais que recebem uma suplementação adequada durante essa fase estão melhor preparados para enfrentar a seca, com menor risco de perda de peso e saúde debilitada. Isso é especialmente importante para animais que serão direcionados para terminação, seja em confinamento ou a pasto.

Por outro lado, se a suplementação for inadequada ou se houver falta de planejamento, o rebanho pode apresentar uma queda acentuada no desempenho durante a seca, resultando em perda de peso e, em casos extremos, até mesmo em prejuízos econômicos severos. Essa perda pode comprometer a rentabilidade da fazenda, exigindo maior investimento em recuperação nutricional dos animais após o período de seca.

Planejamento e gestão Financeira

Para otimizar os resultados econômicos, é crucial que o produtor rural realize uma avaliação financeira detalhada de cada uma das estratégias de manejo a serem aplicadas. Isso inclui a análise do retorno sobre o investimento (ROI) em suplementação, custos de implementação de rotação de pastagens e monitoramento do gado, além de prever os impactos financeiros a longo prazo.

A gestão financeira da fazenda deve incorporar esses fatores em um planejamento anual, que leve em consideração as variações sazonais e as necessidades específicas do rebanho em cada fase do ano. Esse planejamento permite não apenas a maximização do desempenho e da produtividade, mas também a minimização dos riscos associados à transição águas-seca, garantindo a sustentabilidade econômica da propriedade a longo prazo.

Transição águas-seca, o que fazer com o gado a pasto
Foto: Divulgação

Em suma, a transição entre as águas e a seca representa um período desafiador para os produtores de gado a pasto, mas também uma oportunidade para otimizar a produtividade e garantir a rentabilidade da fazenda. Com estratégias de manejo bem planejadas, focadas na suplementação adequada, rotação de pastagens e avaliação econômica criteriosa, é possível enfrentar esse desafio e manter o rebanho em excelente condição, assegurando o sucesso da operação durante todo o ciclo produtivo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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