
O enfraquecimento dos preços da carne no mercado interno foi o principal catalisador dessa queda nos preços da arroba. Enquanto isso, frigoríficos estão comprando a conta gotas e aguardam virada do mês.
O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com preços em queda, especialmente nas principais regiões de produção e comercialização do Norte do Brasil. Essa tendência vem se consolidando em um cenário onde as pressões do mercado doméstico e os desafios de consumo se tornam cada vez mais evidentes.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, o enfraquecimento dos preços da carne no mercado interno foi o principal catalisador dessa queda nos preços da arroba.
“Resta saber se as indústrias conseguirão avançar suas escalas de abate com preços mais baixos em um ambiente ainda pautado pela restrição de oferta”, destacou Iglesias. Apesar da retração nos preços, o cenário não é completamente negativo, já que as exportações de carne bovina têm se mantido em bons níveis, funcionando como um importante ponto de sustentação para o setor.
O mercado segue praticamente parado, com poucos negócios sendo concretizados. Muitos compradores estão fora do mercado, aguardando os resultados das vendas do final de semana para tomar decisões mais assertivas sobre a compra de novos lotes. Com isso, as cotações para todas as categorias permanecem inalteradas, e as escalas de abate estão, em média, programadas para oito dias.
Preços médios do boi gordo nas principais praças pecuárias
- São Paulo: R$ 332,42
- Goiás: R$ 321,43
- Minas Gerais: R$ 320,88
- Mato Grosso do Sul: R$ 326,02
- Mato Grosso: R$ 318,43
Perspectivas para 2025: Preços da Arroba e Fatores de Influência
Apesar da atual pressão sobre os preços, as perspectivas para o futuro ainda são de otimismo moderado. Fabio Fabbri, outro especialista do setor, prevê um ano de preços firmes para a arroba do boi gordo. Para ele, será crucial observar o comportamento da oferta de fêmeas no primeiro trimestre de 2025. Com a melhora das pastagens, a tendência é que a necessidade de vendas diminua, ao contrário do que foi visto na transição entre 2023 e 2024.
Outro ponto de atenção, segundo Fabbri, é o poder de compra do consumidor brasileiro nos primeiros meses do ano, tradicionalmente um período de menor capitalização. “Será preciso entender qual será o ímpeto do consumidor de carne bovina durante os primeiros meses de 2025”, analisa ele. Além disso, a dinâmica do mercado de exportação terá papel determinante. Um dólar acima de R$ 6 pode oferecer suporte adicional às vendas externas, compensando a morosidade esperada no consumo interno de carne bovina.
Para o restante do ano, Fabbri projeta um crescimento de 0,7% no volume de carne bovina exportada, comparado a 2024. “Pode parecer pouco, mas considerando um crescimento sobre um volume recorde, o contexto é excelente”, destaca. Esse aumento no volume exportado, aliado a uma possível melhora nas condições internas, sugere que há mais fatores de sustentação do que de pressão sobre os preços da arroba do boi gordo para o primeiro semestre de 2025.
Situação no Mercado Atacadista
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se mostram estáveis, refletindo um consumo ainda enfraquecido. A preferência dos consumidores por proteínas mais acessíveis, especialmente durante os primeiros meses do ano, adiciona uma camada extra de desafio para o setor bovino.
Os preços dos cortes continuam nos mesmos patamares: o quarto traseiro é precificado a R$ 25,50 por quilo, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha mantêm-se em R$ 18,00 por quilo. Esses valores indicam uma acomodação dos preços em um ambiente de consumo moderado.
Impacto do Câmbio nas Exportações
O câmbio também desempenha um papel fundamental nesse cenário. O dólar comercial encerrou a última sessão com uma ligeira queda de 0,08%, sendo cotado a R$ 5,9123 para venda. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre R$ 5,8984 e R$ 5,9559. Um dólar valorizado pode ajudar a sustentar as exportações brasileiras de carne bovina, oferecendo uma compensação aos desafios enfrentados no mercado interno.
Esperar no Alta nos Preços da Arroba ou Vender?
A decisão entre vender ou esperar por uma nova alta no preço da arroba do boi gordo envolve considerar uma série de fatores. As indústrias frigoríficas estão se ajustando a preços mais baixos, as exportações continuam a oferecer suporte, e o mercado interno ainda apresenta sinais de consumo fraco.
Para os produtores, a estratégia ideal será aquela que melhor se alinha às expectativas de oferta e demanda dos próximos meses. Acompanhar de perto o comportamento do mercado interno, a evolução das exportações e as condições do câmbio será crucial para tomar decisões bem fundamentadas. A expectativa de estabilidade nos preços, com possíveis movimentos de alta sustentados por exportações fortes, sugere que o setor pode enfrentar um início de 2025 mais favorável do que o final de 2024.
Com tantos fatores em jogo, a prudência e a análise detalhada do mercado são as melhores aliadas dos pecuaristas neste momento de incertezas.
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