Veranico: você sabe o que é e como ele afeta o clima?

Produtores rurais que cultivam soja precisam estar especialmente atentos durante o outono e o inverno a um fenômeno climático cada vez mais frequente e prejudicial: o veranico

Trata-se de um período anormal de calor e ausência de chuvas que ocorre justamente nas estações em que a umidade e as temperaturas mais amenas deveriam predominar. Embora curto à primeira vista — com duração de cerca de quatro a cinco dias —, o veranico pode se prolongar e trazer sérias consequências para as lavouras.

Conforme explicam especialistas em clima agrícola, esse fenômeno se diferencia de uma onda de calor por não trazer consigo chuvas. Pelo contrário, ele intensifica a estiagem e empurra os termômetros para até 5°C acima da média, prejudicando o solo e o desenvolvimento das plantas. A falta de umidade afeta diretamente a fisiologia das culturas, e os efeitos nas plantações, sobretudo nas de soja, tornam-se visíveis em pouco tempo.

A soja sob estresse: por que o veranico preocupa

Durante etapas sensíveis como a floração e o enchimento dos grãos, as plantas de soja demandam maior disponibilidade de água no solo. A ausência dessa umidade, característica do veranico, impacta diretamente a produtividade: os grãos tendem a se desenvolver menores e mais leves, o que compromete os resultados por hectare.

Além disso, a seca favorece o surgimento de pragas resistentes, como os ácaros, e leva a um declínio brusco na umidade do ar, muitas vezes abaixo dos 30%. Essa combinação aumenta o risco de incêndios em áreas rurais e obriga os produtores a intensificarem a vigilância sobre suas propriedades.

Estratégias para reduzir os danos do veranico

Embora não seja possível evitar a ocorrência do veranico, há caminhos para mitigar seus impactos. Um dos principais é a gestão eficiente da umidade no solo. Quando viável, o uso de sistemas de irrigação auxilia na manutenção das condições hídricas ideais para a cultura, especialmente nos momentos mais críticos do ciclo produtivo.

Outra medida importante é a escolha de variedades de soja com diferentes ciclos de desenvolvimento, adaptadas às características climáticas da região. Isso distribui melhor os riscos ao longo do tempo e permite que parte da lavoura escape dos efeitos mais severos da estiagem.

O monitoramento constante do solo e das previsões meteorológicas também é essencial. Ao acompanhar os dados climáticos com frequência, o produtor pode adaptar o calendário de manejo, antecipar plantios ou colheitas e planejar ações com maior precisão diante das adversidades climáticas.

Quando o veranico se torna um problema ainda maior

A soja se desenvolve melhor em faixas térmicas entre 20°C e 30°C. Por isso, desvios prolongados dessa média — seja por calor extremo ou estiagem prolongada — tendem a impactar a lavoura de forma negativa. Quando o veranico ultrapassa 30 dias, ele já pode ser classificado como seca; se persistir entre 90 e 120 dias, o cenário evolui para uma estiagem prolongada.

Frente a esse panorama, o produtor rural precisa atuar com inteligência climática e gestão agrícola eficaz. O uso de tecnologias no campo, aliadas a práticas sustentáveis, se tornou um fator decisivo para garantir a resiliência das lavouras diante de eventos cada vez mais imprevisíveis.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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