Acidente envolvendo tomada elétrica no canzil alerta para riscos na estrutura das propriedades leiteiras; especialistas apontam medidas de prevenção para evitar tragédias semelhantes
O setor leiteiro paranaense foi abalado nesta semana por uma tragédia que comoveu toda a comunidade rural: 32 vacas morreram eletrocutadas em uma propriedade na cidade de Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná. O acidente foi causado por um curto-circuito em uma tomada do canzil, estrutura de ferro usada no confinamento individual dos animais durante a alimentação e o manejo.
Segundo o produtor Edenir Zeahrsfass, responsável pela fazenda, o incidente ocorreu após uma das vacas morder a tomada que aciona o canzil, provocando uma descarga elétrica que atingiu todo o rebanho. As imagens divulgadas nesta terça-feira (8) mostram o impacto emocional do pecuarista, que dependia da atividade leiteira como principal fonte de renda da família.
“É uma dor que não tem como explicar. Foram anos de trabalho e cuidado com os animais, tudo perdido em poucos segundos”, lamentou Edenir em vídeo divulgado nas redes sociais.
O prejuízo estimado varia entre R$ 500 mil e R$ 600 mil, valor que representa um golpe devastador para a propriedade. O caso gerou comoção na região e mobilizou vizinhos, amigos e representantes do setor agropecuário, que se organizam para prestar apoio à família afetada.
Entenda o que é o canzil e por que representa risco elétrico
O canzil é uma estrutura metálica comumente usada para manter os animais posicionados durante a ordenha, alimentação ou manejo veterinário. Algumas propriedades contam com sistemas elétricos acoplados para facilitar a operação de abertura e fechamento das divisórias. No entanto, a proximidade de tomadas e fios com estruturas metálicas e com os próprios animais exige cuidados redobrados.
O caso evidencia um problema ainda pouco discutido: a vulnerabilidade das instalações elétricas em áreas rurais, especialmente em propriedades que evoluíram com o tempo, mas que mantêm fiações antigas ou improvisadas.
Prevenção: como evitar acidentes elétricos com animais de grande porte
Para evitar tragédias como essa, é essencial que produtores adotem medidas de segurança elétrica em ambientes com presença constante de animais. Veja algumas recomendações de especialistas em zootecnia e instalações rurais:
- Fiações embutidas ou protegidas: nunca deixar fios expostos ao alcance dos animais, principalmente em áreas com estruturas metálicas.
- Instalação de disjuntores e DRs (Dispositivo Diferencial Residual): esses equipamentos cortam a corrente elétrica automaticamente em caso de fuga, evitando choques fatais.
- Revisão elétrica periódica: especialmente em propriedades antigas, é importante revisar fiações, tomadas e quadros de energia com a ajuda de profissionais habilitados.
- Tomadas afastadas da linha de manejo animal: a instalação deve considerar que o animal pode alcançar tomadas com a boca ou patas.
- Aterramento eficaz das estruturas metálicas: evita a condução de corrente em casos de curto-circuito.
- Uso de materiais certificados e vedados: tomadas e interruptores próprios para ambientes úmidos ou com presença animal devem ser resistentes e bem isolados.
“Bovinos, equinos, caprinos e suínos são curiosos por natureza. O ambiente deve ser seguro o bastante para que, mesmo em uma atitude instintiva, como morder um objeto diferente, o animal não esteja exposto a risco elétrico”, orienta Thiago Pereira, zootecnista e diretor de conteúdo do Compre Rural.
Tragédias evitáveis com investimento em segurança rural
Esse não é um caso isolado. Em diversas regiões do país, já foram registrados incêndios, mortes de animais e acidentes com trabalhadores rurais por falhas em instalações elétricas improvisadas. O investimento em segurança, muitas vezes visto como secundário, precisa ganhar protagonismo nas decisões do campo.
Além da dor emocional, o impacto econômico de eventos como esse é profundo. No caso de Zeahrsfass, a perda das 32 vacas representa um colapso na produção de leite da família, afetando diretamente a subsistência e a viabilidade da atividade.
Comunidade se mobiliza em solidariedade
Moradores da região de Marechal Cândido Rondon se organizaram para ajudar o produtor após curto-circuito mata 32 vacas. Ações solidárias incluem arrecadação de recursos, doações de bezerros e apoio psicológico.
O caso acende um alerta em todo o país para que produtores reforcem suas estruturas e não negligenciem aspectos técnicos que podem colocar em risco o patrimônio e a vida de seus animais.
“Que sirva de lição para todos nós. Que a dor do Edenir se transforme em prevenção em outras propriedades”, destacou um vizinho em grupo de agricultores da região.
O Compre Rural segue acompanhando o caso e reforça o compromisso com a segurança e o bem-estar no campo.
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