Vinícola líder na Espanha tem resgatado e preservado as uvas de linhagem ancestral

A marca planeja reduzir as emissões de CO2 por garrafa do vinhedo ao consumidor final em 60% até 2030 e alcançar o patamar “zero” até 2040.

Nos anos 1980, a renomada Família Torres, detentora de vinícolas espanholas mundialmente prestigiadas, iniciou uma busca científica e singular. Empenharam-se na recuperação de cepas praticamente extintas na Catalunha, onde a trajetória familiar começou em 1870, na região de Penedès.

Miguel Torres Maczassek, atual presidente da vinícola e quinta geração da família na produção de vinho, compartilha a importância desse resgate: “É uma reconexão com nosso passado, com nossa cultura, e a preservação da diversidade genética das uvas catalãs”. Junto à sua irmã, Mireia Torres Maczassek, diretora de inovação, lideram o projeto “joia” da vinícola.

A Família Torres, destaca-se como líder no setor ao adotar práticas inovadoras na produção agrícola. exatos 15 anos, em 2008, a família inaugurou o programa Torres & Earth (Torres e a Terra), com o propósito de enfrentar os desafios do aquecimento global, focando na redução das emissões de carbono, na adaptação às novas condições climáticas e na sensibilização tanto dentro quanto fora do setor sobre a urgência de agir.

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Foto: Torres Divulgação

Atualmente, Miguel Torres Maczassek, Mireia Torres Maczassek e Miguel Torres lideram o que consideram ser uma empresa orientada para o futuro, guiada pelos princípios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Atualmente, com propriedades distribuídas por toda a Espanha, a marca Torres emergiu como líder na indústria vitivinícola ao buscar soluções ambiental e socialmente responsáveis para enfrentar a crise climática. Uma abordagem fascinante nesse caminho envolve uma retrospectiva, direcionando o olhar para as variedades de uvas ancestrais. Essas uvas, que se adaptaram ao longo do tempo para prosperar em paisagens e terroirs específicos, foram gradualmente deixadas de lado ao longo das gerações, à medida que variedades mais populares ganharam predominância.

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Foto: Torres Divulgação

A marca tem como objetivo uma redução de 60% nas emissões de CO2 por garrafa, abrangendo todo o processo, desde o vinhedo até o consumidor final, até o ano de 2030. A meta ambiciosa é atingir a neutralidade de carbono, ou seja, patamar “zero”, até 2040.

Resgatando o passado

quatro décadas, de maneira não convencional, Miguel Agustin Torres, então à frente da vinícola, veiculou anúncios no jornal local em busca de plantas distintas das variedades cultivadas na região, como Tempranilo e Garnacha. Convocava os produtores a indicarem plantas que se destacassem ou videiras isoladas nos bosques.

Através de ligações telefônicas, resgataram e constituíram um acervo de plantas “selvagens”. Ao extrair o DNA, mapearam 50 espécies catalãs que existiam antes da devastadora praga da filoxera, ocorrida no século XIX. Algumas dessas cepas remontam aos fenícios, que introduziram o vinho na península há milhares de anos.

A partir do cultivo inicial in vitro, conduziram experimentos meticulosos para descobrir as condições ideais para cada cepa no campo. Ao longo de décadas, identificaram seis cepas com potencial para produção de vinhos de alta qualidade: Forcada, Moneu, Querol, Garró, Pirene e Gonfaus.

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Foto: Torres Divulgação

Em setembro deste ano, Miguel Torres desembarcou em São Paulo para apresentar as colheitas dos vinhos que incorporam as uvas “resgatadas do passado”, como as tintas Pirene e Moneu, e a branca Forcada. Desta última, produziram apenas 1.458 garrafas da safra de 2021, sendo aguardada a disponibilidade para o Brasil no próximo ano pela importadora Cantu, representante da vinícola espanhola no país.

Durante a degustação em São Paulo, Torres compartilhou a singularidade desses vinhos, observando que inicialmente serão apreciados por um público que valoriza experiências únicas. Entre as opções disponíveis no Brasil está o Clos Ancestral 2021 (R$ 200), que integra uma fração de Moneu e está sendo distribuído pela Cantu em renomados restaurantes estrelados, como Dom e Maní em São Paulo, e Oro no Rio.

O pioneirismo da Família Torres na incorporação de cepas ancestrais remonta a 1996, quando o Grands Muralles de Torres se tornou o primeiro vinho a incluir essas variedades em seu blend. Garró foi adicionada à composição, juntamente com as castas tradicionais Cariñena e Garnacha. Dois anos depois, a Querol também foi integrada, enquanto a Gonfaus passou a fazer parte do corte do vinho Purgatori de Torres.

A família Torres agora estende seus esforços para resgatar castas ancestrais em outras regiões das Bodegas Torres e Jean Leon, na Espanha, além do Chile, onde estabeleceram a Miguel Torres na década de 1970, sendo pioneiros estrangeiros a investir na produção de vinhos nesse país.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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