A R$ 300/@, frigoríficos tentam “barrar” a alta de preços

A quarta-feira foi de forte valorização em quase todas as importantes praças pecuárias, mas a indústria tirou o pé das compras; E agora?

Nesta quarta-feira (11/11), os preços do boi gordo subiram fortemente em diversas regiões do País, mantendo a tendência de alta no mercado, que parece não ter mais fim. Na praça de São Paulo, os negócios com boiada pronta para abate foram fechados a preços que variam de R$ 290,00 a R$ 300,00, segundo a Agrobrazil. Mas tem frigorífico saindo do mercado!

Sim, já há relatos no mercado paulista de negócios envolvendo o boi comum na casa de R$ 300/@, segundo negócios apurados ontem. Esse movimento vem refletindo a forte demanda dos frigoríficos exportadores, que necessitam atender não só o mercado chinês, mas outros clientes importantes espalhados pelo mundo.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 293,21/@, na quarta-feira (11/11), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 279,92/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 284,90/@.

O Indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ fechou a R$ 292,00 nesta quarta-feira, ou seja, os preços deixaram a estabilidade de lado para atingir um novo recorde de preço.

A consultoria Agrifatto também já observa algumas transações a R$ 300/@ em São Paulo. Qual será o próximo alvo”, indaga a consultoria.

Além disso, crescem os relatos de acentuada redução na oferta de fêmeas, reflexo da retenção de matrizes por parte dos pecuaristas, que estão de olho no forte movimento de valorização nos preços do bezerro e demais categorias de reposição.

Não à toa, juntamente com o boi gordo, os preços da vaca vêm subindo fortemente nas principais regiões pecuárias. Em São Paulo, a vaca gorda bateu R$ 276/@, a prazo, segundo levantamento da IHS Markit. Na região sul de Tocantins, a cotação da novilha gorda subiu R$ 6/@ nesta quarta-feira, alcançando R$ 266/@, considerando o preço bruto, à vista, segundo informa a Scot Consultoria.

Frigoríficos tentam “barrar” o movimento de alta

A oferta de animais terminados permanece restrita em grande parte do país, quadro que não deve mudar até o final do ano, avaliando que a entrada de animais de safra deve acontecer apenas no primeiro trimestre, em linha com o desgaste das pastagens provocado pela estiagem prolongada que atingiu o Centro-Sul do país neste segundo semestre.

Fica a ressalva que algumas unidades frigoríficas em São Paulo e no Centro-Oeste passam a se ausentar da compra de gado, enquanto a possibilidade de férias coletivas e redução dos preços de compra é estudada para melhorar a margem. Esta é uma consequência do contínuo movimento de alta dos preços do boi gordo nas últimas semanas”, assinala Iglesias.

Em São Paulo, diversas indústrias passam a se ausentar do mercado, e avaliam a possibilidade de alterar a curva de preços diante do recente encarecimento da matéria-prima, diz o analista. Para os frigoríficos que operam no mercado doméstico a margem operacional é negativa, mesmo com o constante movimento de alta no atacado.

O alerta

Os preços estão em patamares elevados e a um novo teto de preços. Com a arroba atingindo o pico de R$ 300,00 e a queda do dólar nos últimos dias traz um movimento de alerta para o setor. É preciso ter cautela nesse momento, já que muitos fatores podem impactar positivamente e negativamente nos preços.

O mercado interno responde por 68% do consumo da carne produzida no país e estamos entrando no período do mês com menor consumo, o que pode impactar nos preços. Lembrando que a sustentação dos atuais patamares de preços vem da menor oferta de animais para abate.

Atacado

No mercado atacadista, os preços ficaram de estáveis a mais altos. De acordo com Iglesias, a expectativa é de continuidade do movimento de alta no curto prazo, em linha com a boa reposição entre atacado e varejo que costuma marcar o último bimestre.

“A expectativa é que os frigoríficos tentem aumentar o repasse do encarecimento da matéria-prima no preço da carne no atacado; resta saber qual a capacidade de absorção por parte do consumidor final, pressionado por um ano de fraco desempenho da economia”, avalia.

Com isso, o corte traseiro permaneceu em R$ 20,80 o quilo. O corte dianteiro subiu de R$ 15 o quilo para R$ 15,40 o quilo, e a ponta de agulha aumentou de R$ 15 o quilo para R$ 15,25 o quilo.

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