Ágio do Bezerro traz “dor de cabeça” para o pecuarista

Os preços do bezerro tiveram grande valorização e a afirmação de que “o bezerro de R$ 1.700 de oito/nove meses atrás, você nunca mais verá”, traz “dor de cabeça” para o pecuarista!

Os preços do bezerro encontraram, em 2020, um ano de correções e grandes valorizações nos patamares de preços; Mas o ágio do bezerro traz “dor de cabeça” aos pecuaristas que trabalham com a recria/engorda. Esse grupo de pecuaristas, nos últimos meses, tiveram que ascender o farol vermelho e colocar, ainda mais, a sua gestão e planejamento em prática.

O ágio do bezerro/boi gordo é um indicador muito importante para o recriador avaliar a sua rentabilidade. O desequilíbrio que ora é observado no mercado, é resultado do maior abate de fêmeas em anos anteriores. Mas o bezerro de R$ 1.700,00 voltará aparecer nas praças?

Estes desequilíbrios são clássicos na pecuária de corte e tendem a ter comportamento cíclico, denominado “ciclo pecuário”.

Dificilmente o ágio do bezerro voltará ao patamar histórico, essa afirmação é forte e foi colocada em pauta pela Agrifatto. “Visualizamos que o ágio médio histórico do bezerro dificilmente voltará aos 20% (patamar médio dos últimos 10 anos). Não voltará mesmo quando o ciclo pecuário estiver no maior ritmo de produção de bezerros, lá para 2022-2023”, alerta a consultoria.

A explicação para o fato é simples, na pecuária brasileira não existe mais espaço para que isso aconteça, as mudanças que aconteceram nos últimos anos, tanto interno quanto externo, trouxeram uma nova realidade para o setor.

“Hoje em dia, na média, o bezerro tem ágio 30-35% acima da arroba de boi e essa margem deve aumentar nas próximas décadas, em várias regiões do país”, apontou a consultoria. Os atuais preços do bezerro, segundo os dados do Cepea, estão em R$ 2.432,74 enquanto a arroba vale R$ 259,70, o peso médio do bezerro é de 193 kg.

Segundo os dados divulgados pela Agrifatto, na cria, a evolução tecnológica também foi evidente. Segundo os dados do Cepea, o peso médio do bezerro do bezerro desmama apresentou um aumento de 12% nos últimos 20 anos, conforme o gráfico abaixo.

Elaborado pelo Compre Rural com dados do Cepea

O pecuarista da recria/engorda precisa estar atento aos atuais preços negociados pelo bezerro, já que os atuais preços do boi gordo estão sofrendo correções para se ter um equilíbrio no mercado. Sendo assim, a desvalorização ora vista, terá impacto no bezerro caro de hoje. O planejamento e utilização de ferramentas como o contrato futuro, pode ajudar a mitigar os riscos envolvidos na operação.

Os preços relativos do bezerro podem variar significativamente em relação ao boi gordo durante o ciclo pecuário. Cabe aos invernistas desenvolverem estratégias para identificar as categorias animais de reposição que ofereçam a melhor rentabilidade em cada uma de suas fases. Quando o bezerro está com seu preço muito valorizado, geralmente os garrotes e bois magros tendem a ter seus preços relativos mais desvalorizados, sendo uma melhor alternativa de reposição.

A falta de padronização das formas de calcular os custos de produção e os resultados da pecuária, explicam as distorções do mercado que dão oportunidades de ganho àqueles pecuaristas que sabem identificá-las. Por outro lado é possível que com ágio elevado, alguns pecuaristas possam sim, amargar prejuízos na engorda de seus bovinos, já que as margens são cada vez menores.

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