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Agora, é a vez do Nelore Pintado

Como essa nova raça modificou fenotipicamente a pelagem do Nelore tradicional, branco, e tem chamado a atenção de criadores e fazendeiros do mercado pecuário nacional e internacional.

Por Edino Camoleze* – Uma raça que surge ornamentando e colorindo nossos pastos e fazendas. Essa é o nelore pintado preto e branco ou vermelho e branco cuja origem, segundo pesquisa bibliográfica realizada, data de 1920, na Fazenda Café, município de Paranaíba, Mato Grosso do Sul (MS), do fazendeiro e criador Walmir Lopes Cançado, que fez o primeiro registro genealógico oficial da raça, no Brasil, com os registros dos animais touro reprodutor Pintor do Café e a matriz Pintora do Café, ambos registros W1. (nelorepintadopo.com. br).

Como essa nova raça modificou fenotipicamente a pelagem do nelore tradicional, branco, e tem chamado a atenção de criadores e fazendeiros do mercado pecuário nacional e internacional por sua excêntrica beleza, imponência e exoticidade, sem perder suas características zootécnicas originais: rusticidade, precocidade no acabamento da carcaça, resistência à doenças, adaptabilidade aos climas tropical e subtropical etc, têm surgido novas versões sobre a origem do nelore pintado, assim descritas:

Primeira versão

Que a formação da nova raça, nelore pintado de vermelho, começou com o criador e fazendeiro Leonardo Corrêa da Silva, na sua fazenda em Mato Grosso do Sul, com a aquisição do touro Pão de Ló, oriundo do Rio de Janeiro, em 1966. Em 1973, Hélio Corrêa de Assunção e irmãos na fazenda Santa Maria do Apa, localizada na Rod. Bela Vista/Antônio João, a 37 km do município de Bela Vista/MS, dão continuidade a seleção do rebanho com os filhos de Pão de Ló e plantel de 150 a 200 vacas matrizes.

Após quase 50 anos de seleção zootécnica e genética contínua, em Mato Grosso do Sul, o fazendeiro Helio Corrêa de Assunção, parceiro e sucessor de Leonardo Corrêa, é tido como pioneiro da raça nelore pintado no Brasil.

Os nelores pintado de vermelho e pintado de preto são animais raros e por isso tem um preço diferenciado no mercado pecuário, por serem reprodutores de alta linhagem, filhos de matrizes de alta fertilidade, e que dão origem a bezerros de alta performance zootécnica e campeões. (girodoboi.com.br)

Segunda versão

Conforme relata o pesquisador da Embrapa – Gado de Corte do Pantanal, o Eng. Agrônomo José Anibal Comastri, em sua reportagem:

“História da Raça Nelore Pintado”, na Revista Rural Centro, julho de 2021, o primeiro nelore vermelho no Brasil chegou por acaso. Trata-se da filha (bezerra) da novilha Iraci, importada da Índia em 1906, que ao chegar ao Brasil, pariu uma novilha vermelha que recebeu o nome de Itabira.

touro da raca nelore pintado de vermelho
Foto: Nelore Pintado JR

No cruzamento de Itabira com o nelore branco, observou-se que na sua prole descendente, alguns bezerros continuavam nascendo com a pelagem vermelha que permanecia até a idade adulta, mostrando que havia um gen recessivo (vermelho) que podia originar um animal com variação de pelagem, uma característica genética que poderia ser refinada e selecionada para as próximas gerações zebuínas, esclarece o pesquisador.

Outro depoimento de Comastri, na mesma reportagem, diz que: “os primeiros animais que apresentaram variação na pelagem foram introduzidos na região pelo falecido produtor rural Joaquim Cavalcanti Freire, em 1943. São animais dessa seleção que a Embrapa Pantanal utilizou nas suas pesquisas iniciais na Fazenda Nhumirim. (ruralcentro.com.br)

Como se vê, nos achados históricos encontrados, existe dúvidas quanto a origem verdadeira do nelore pintado. Porém, como a formação e seleção genética da nova raça é recente, esse autor, médico veterinário e estudioso da bovinocultura no Brasil, aceita a teoria que a origem se deu na Fazenda Café, do fazendeiro Walmir Lopes Cançado, que registrou oficial e primeiramente esses animais no Brasil.

Lembrando, ainda, que os trabalhos de seleção genética e zootécnica que começaram em 1920, com o fazendeiro Walmir Cançado, “desbravador de fazendas”, como era chamado por seus contemporâneos, pela habilidade de lidar com o gado, construir fazendas e registrar os primeiros animais reprodutores W1, teve em 1984 o reconhecimento da Associação Brasileira de Criadores de Zebu – ABCZ, que aprovou o trabalho técnico realizado e abriu um livro próprio para registro genealógico da raça, Herd-Book, tendo os primeiros animais registrados recebidos o nº 1, Pintor e Pintora do Café, na variedade preto e branca, e ainda mais 172 fêmeas e 2 machos.

Foto: Nelore V3

Com objetivo de dar continuidade ao trabalho de seleção genética e aperfeiçoamento zootécnico da raça, bem como, melhorar com tecnologia moderna a administração do pool de fazendas em Mato Grosso do Sul e Região, oito no total, entre matriz e filiais, foi fundada em 1983 a empresa “Agropecuária Lopes Cançado S/A” com sede na Fazenda Café, município de Aparecida do Taboado-MS, com atividade fim de criação de bovinos para corte.

Consolidado o projeto inicial após mais de meio século de pesquisa e seleção (1953-2022), e com a marca W2, assume a direção da empresa e dos negócios empresariais a Sra Mariita Lopes Cançado, filha do Sr. Walmir que, sempre ao lado do pai, conhecia profundamente o desenvolvimento dos projetos zootécnicos de melhoramento animal, aperfeiçoamento da raça e objetivos da empresa.

Atualmente, o complexo agropecuário formado pelas oito fazendas que constituem a Empresa Agropecuária Lopes Conçado S/A é gerenciada pelo bisneto do avô João Antonio Soares por transferência de responsabilidade e gerência da Sra. Mariita que com a marca W3, dá continuidade aos trabalhos de seleção e melhoramento animal da nova raça. (nelorepintadopo.com.br)

Padrão racial do nelore pintado

O padrão racial do nelore pintado para registro genealógico, características fenotípicas, é o mesmo do nelore tradicional, branco, conforme orienta a ABCZ. No entanto, nem sempre foi assim. No início do século passado (1920) quando a raça estava sendo formada no Brasil, tinha um livro para registro de animais pintado de vermelho e outro para os pintados de preto. Atualmente, todas as variedades de coloração de pelagem: cinza, vermelho, pintado de preto e pintado de vermelho, são aceitas e considerados nelore. (Carlos Marino, ABCZ).

nelore pintado de vermelho - fazenda sao lourenco ms
Foto: Fazenda São Lourenço

Vale ressaltar que a nova raça, nelore pintado, diferencia-se do nelore tradicional nos seguintes aspectos zootécnicos:

 Variedade de pelagem. Indiscutivelmente belos, exóticos e diferentes, principalmente nos desenhos preto e branco ou vermelho e branco que chamam a atenção pela estética e plástica corpórea que apresentam;

 Carcaça moderna. Biotipo frigorífico que apresenta costelas arqueadas e profundas; bom comprimento corporal; boa amplitude de peito; grande volume de massa muscular e boa distribuição de gordura no acabamento;

 Rusticidade. Resistência à doenças e capacidade de adaptação de sobrevivência aos climas tropical e subtropical;

– Precocidade. Capacidade que tem o nelore pintado a pasto de chegar ao peso de abate entre 24 a 36 meses, enquanto a média brasileira é de 48 meses.

 Qualidade da Carne. Relativa à precocidade, os animais mais jovens apresentam a carne com melhor aspecto nos vários cortes, maciez e sabor, além da gordura de cobertura muscular e intramuscular, marmoreio. (Comastri, Embrapa)

Principais criatórios de nelore pintado no Brasil

3.1 Fazenda Café. Não há dúvidas que o nelore pintado, como raça, nasceu e desenvolveu-se na Fazenda Café, localizada no município de Paranaíba-MS, fronteira com São Paulo, rica região de fazendeiros que cultivam o café, e criam o gado de corte. Mineiro de Uberaba-MG, a intenção inicial do seu mentor, o Sr. Walmir Lopes Cançado, era a seleção do zebu pintado para produção leiteira.

Hoje, com a razão social de Agropecuária Lopes Cançado S/A, é uma empresa de capital aberto, formada por oito fazendas, que com as marcas (W1, W2, W3 ) continua o trabalho de seleção e melhoramento da raça, com bovinos vivos e produtos genéticos comercializados em todo o mercado pecuário nacional e internacional.

Foto: Faz São Lourenço

3.2 Fazenda São Lourenço. De propriedade do fazendeiro Geraldo de Souza Carvalho Junior e localizada no município de Amambai-MS, essa fazenda com criação dos nelores pintado de preto e vermelho, aspados e mochos, é conhecida em todo o Brasil pela marca GC. Todo o Programa de reprodução animal é acompanhado pelo Melhoramento Genético de Zebuínos, da ABCZ, da Geneplus , e da Embrapa Gado de Corte que orientam, julgam e emitem certificados genealógicos. Com mais de 40 anos de atividade no setor da agropecuária, gado de corte, a fazenda São Lourenço é conhecida no estado do Mato Grosso do Sul e no Brasil, como um dos principais criatórios do Nelore Pintado do país.

3.3 Fazenda Santa Maria do Apa. Localizada no município de Bela Vista, MS, e pertencente ao criador e selecionador Helio Corrêa de Assunção, com mais de meio século de trabalhos genéticos de melhoramento e seleção da raça; a fazenda representa um dos mais antigos núcleos de seleção do nelore pintado, oriundo do sangue do touro Pão de Ló (1966). Sinônimo de sucesso zootécnico comprovado com os nelores pintado de vermelho e também preto, os produtos bovinos, animais vivos, touros e matrizes P.O., bem como, sêmen, embrião e óvulos, são comercializados em todo o Brasil com a marca CA, que significa qualidade, fertilidade e precocidade, entre outras qualidades apuradas no nelore pintado.

Com o reconhecimento da pureza de seus animais pelas entidades oficiais, ABCZ e Embrapa, o criador Hélio Corrêa vem disseminando a genética de seus animais em leilões da raça, em todo o país.

A nova raça

Com mais de um século de existência (1920 -1922), desde que foi registrado os primeiros animais no país – pintor e pintora do café – criador Walmir Lopes Cançado, Fazenda do Café, o nelore pintado criado e selecionado por vários criatórios tradicionais nacionais da pecuária de corte, principalmente nos Estados de Mato Grosso do Norte e Sul, berço da nova raça, vem chamando atenção dos fazendeiros e do agronegócio não só pela beleza excêntrica invulgar dos bovinos, mas sobretudo pelas características zootécnicas raciais comprovadas como: fertilidade, precocidade, conversão alimentar, rusticidade, etc, atestadas e comprovadas pelas principais instituições científicas e técnicas oficiais da zootecnia brasileira como: a Embrapa, ABCZ, Geneplus e Programas Estaduais de Melhoramento Animal. Surge para aumentar a opção de produção de carne das raças zebuínas, hoje responsáveis por 80 % da força produtiva industrial do país.

Dr. Edino Camoleze. méd vet mil. MS Tecnologia de Alimentos. Acadêmico Titular da ABRAMVET.  Zoogeografia da América do Sul.

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