Afinal de contas, a arroba ainda subirá mais? Qual a perspectiva para o preço do boi em 2020? Quais as influências da China? Confira a matéria com o resumo!
A expectativa para o próximo ano, é que o valor que a indústria paga para o boi com padrão exportação venha a ser bem mais elevado do que o animal com destino ao mercado interno. No mercado do atacado, a carne bovina registrou um ganho nas referências de 7% frente ao praticado no início do mês.
Nesta semana, o preço da arroba do boi gordo atingiu o maior preço da história, puxado por alguns fatores como demanda chinesa, pouca oferta de animais, entre outros. No mercado futuro, por exemplo, o contrato de outubro do ano que vem chegou a ser negociado a R$ 200 por arroba, valor nunca visto antes.
Diante disso, com informações da Scot Consultoria, trazemos um conteúdo especial sobre os fatores que devem influenciar a pecuária e a perspectiva para o próximo ano. Ficou interessado? Confira!
China
Para a Scot Consultoria, a tendência é de manutenção do forte ritmo de compras de carne bovina pela China em 2020. “Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país asiático deve aumentar em 20,8% as importações no próximo ano, frente a 2019, para o qual está estimado um aumento de 63,6% sobre 2018”, revela.
Um ponto a ser considerado é que com a liberação de mais plantas frigoríficas em setembro e a possibilidade de habilitação de mais unidades, há expectativa de aumento da demanda específica por bovinos até 30 meses, que é uma exigência chinesa.
Neste momento (segundo semestre), tipicamente é o período de venda das boiadas confinadas, em geral, mais jovens. Ou seja, o momento é de ‘menor dificuldade’ para compra de boiadas jovens. No entanto, as atenções se voltam ao período de safra em 2020, que deve ser enxuta de bois aptos à produção de carne para China, pela própria realidade da pecuária brasileira.
Para exemplificar, para que um bovino de 18 arrobas tenha até 30 meses, precisa ter tido ganho médio diário (seca e águas) de mais de meio quilo desde o nascimento (nascido com 35 quilos e abatido com 500 quilos, 54% de rendimento). Obviamente tal animal existe, mas é mais raro no primeiro semestre.
“Portanto, as atenções mais uma vez se voltam às novilhas, que também atendem aos requisitos de idade e são relativamente mais comuns no primeiro semestre”, afirma.
Demanda brasileira
Para a Scot, o consumo doméstico de carne bovina está em recuperação e a tendência é de continuidade em 2020. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a intenção de consumo das famílias subiu 0,2% em outubro e, na comparação anual, está 7,7% maior.
As projeções do Relatório Focus, boletim elaborado pelo Banco Central, também apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% em 2020. “Não é muito, mas acima do 0,9% projetado para 2019”, pondera a empresa.
Conclui-se então que a tendência é que os indicadores sigam melhorando, com influência positiva sobre o consumo interno de carne bovina.
Reposição
Atualmente, a reposição de animais não está barata e os preços não devem perder força, embora a relação de troca possa melhorar.
Com os abates de fêmeas em alta nos últimos anos, não é esperado um acréscimo no volume de categorias de reposição. O cenário mais provável é que, com os preços futuros do boi gordo animando compradores, além de uma oferta curta, as cotações no mercado de reposição se mantenham firmes para as diversas categorias.
“A oferta de reposição tem ditado o ritmo do mercado há meses, mas a expectativa é que o mercado do boi gordo mais forte ajude na valorização da reposição pelo lado da demanda. Com isto, devemos sentir um ganho de força no mercado de categorias mais eradas”, afirma.
É possível que a relação de troca melhore, tanto para a recria, como engorda. Em outras palavras, o cenário é de preços em alta para as diversas categorias, possivelmente com uma recuperação do poder de compra por causa das altas maiores das categorias mais eradas.
Milho
Mesmo com a evolução nas últimas semanas, o plantio da safra de verão aponta para alguma redução da janela de plantio do milho da segunda safra, aumentando o risco climático para esta produção.
Além disto, no relatório de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma redução de 22% nos estoques finais no ciclo 2019/2020, frente ao anterior. O valor esperado, de 11,5 milhões de toneladas, é o menor desde a safra 2015/2016. As projeções de aumento do consumo doméstico de milho, com produção de aves e suínos para atender as exportações, também colaboram com este cenário.
“Cabe a ressalva de que estas projeções consideram uma redução pequena da produção da safrinha. Se uma quebra maior se consolidar, estes estoques podem ser revistos para baixo. Assim, um mercado enxuto tende a ser acompanhado de preços firmes para o principal componente de custo da dieta (milho)”, diz a Scot.
No geral, a expectativa é de preços do milho provavelmente maiores, mas com relação de troca interessante
Confinamento
Quando se fala em expectativas para confinamento, é necessário analisar os preços do boi magro, milho e projeções de receita. É a associação destes fatores que gera a atratividade ou não, com influência sobre o volume de animais confinados.
Pensando nestes aspectos, a Scot Consultoria afirma que as cotações do milho e reposição devem ser maiores do que os atuais. No entanto, esse cenário não gera necessariamente uma relação de troca ruim, já que a arroba no mercado futuro está alta.
“Lembramos que em 2020, com China demandando boiadas jovens, os frigoríficos devem trabalhar mais agressivos em confinamentos próprios, além de mais maleáveis nas negociações com parceiros que confinam e têm este tipo de gado”, afirma.
Porém há frigoríficos de menor porte, que não trabalham normalmente com termo, mas foram habilitados para China. Com isto, em 2020 devem buscar garantir essa oferta e evitar a briga pelo gado que sobrar para o mercado à vista, como tem ocorrido este ano. “É provável que haja ampliação da quantidade de indústrias que fazem termo”, conclui a consultoria.
Resumo
A expectativa, de acordo com a Scot, é de preços consistentemente firmes na safra, com a disputa pelos bovinos jovens. Isto tende a manter os preços futuros atrativos. “Tais futuros podem favorecer a relação de troca, mesmo se notícias de quebra de safrinha forem se consolidando e confirmando um cenário de custos maiores”, diz a empresa.
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Enquanto isso, frigoríficos devem comprar rebanhos com mais avidez para o segundo semestre, provavelmente com mais indústrias oferecendo termo, o que melhora as possibilidades para quem vende.
“Como indicação final, deixamos sugestão de não travar preços fixos. Por mais que os preços futuros garantam a margem, e isso é importante, perder parte da alta pode inviabilizar a reposição, dependendo de quanto o mercado evoluir. Travar preços mínimos, aproveitando possíveis (e prováveis) altas, mas sem contas com elas”, afirma a empresa.
Compre Rural com informações do Canal Rural e Scot Consultoria