Nelore ou Angus, qual traz mais lucros?

Devo criar Nelore ou Angus? Qual será o melhor para meu negócio? Qual das raças é mais lucrativa para minha fazenda? Vamos ver!

A pecuária nacional, dona do maior rebanho comercial do mundo com mais de 200 milhões de cabeças de gado, tem passado por grandes mudanças, principalmente no melhoramento genético. A utilização de raças europeias, como o Angus, tem ajudado muitos pecuaristas a obter precocidade no tempo de abate dos animais, mas o Nelore é uma raça com maior adaptação ao nosso país, devido anos de seleção. Mas afinal, Nelore ou Angus, qual traz mais lucro?

Com certeza você já se fez essa pergunta. Em meio a tantas opiniões de técnicos e pesquisadores da área, às vezes ficamos meio confusos sobre qual deles escolher. Principalmente pois estamos falando de um sonho e investimento financeiro que pode vir a se tornar um pesadelo.

Agora, respondendo o questionamento do inicio, temos uma resposta a dar:

“Depende!”

Essa resposta pode parecer inexpressiva e até mesmo um tanto quanto confusa. Mas, o fato é que a pecuária pode ser viabilizada e saudável financeiramente, independente do padrão das raças. Mas como saber, então, qual é melhor?

O principal ponto a se observar é a sua estratégia produtiva, o tamanho do investimento (capital empregado) no sistema como um todo e o quanto de lucro a atividade vai gerar.

Mas antes de discorrer sobre isso, vamos falar sobre algumas características das duas raças.

Um pouco de suas histórias!

De origem britânica, o Angus , é conhecido  cientificamente como Bos taurus. Em 1906, os bovinos Angus foram introduzidos no Brasil, vindos do nosso vizinho Uruguai, que já possuía animais da raça.

Já os Nelores são de origem indiana e cientificamente é conhecido como Bos taurus indicus. Trazido para o Brasil no final do século XVIII, os Nelores entraram no país por meio da vinda dos grandes raçadores indianos. São eles:  Karvadi, Golias, Taj Mahal, Rastã, Checurupado, Godhavari, Padu e Akamasu.

Agora vamos a algumas características raciais!

Rusticidade

A rusticidade pode impactar diretamente os lucros. Seja com maiores custos associados a medicamentos, ou ainda à perda de performance trazida pelo estresse causado por doenças ou calor, por exemplo.

Quando pensamos em rusticidade já nos vem à cabeça um animal de pelagem branca e estatura de média para alta. Nosso pensamento não está errado nisso, os Nelores são animais extremamente rústicos.

Isso se deve ao fato de que bovinos da raça Nelore se apresentam com boa resistência a parasitas e a temperaturas altas, que são muito comum em nosso país.

Outro fator que interfere de forma significativa na rusticidade dos bovinos nelore é a sua facilidade de parir, em termos técnicos, sua baixa propensão à distocia. Devido ao porte das fêmeas e ao pequeno tamanho do bezerro, o parto natural (sem assistência) se torna mais fácil.

Animais Angus apresentam uma rusticidade grande também, porém, quando comparamos à dos Nelores, temos uma disparidade muito grande, principalmente quanto a doenças e temperaturas altas.

Precocidade

Quanto mais precoces, mais cedo conseguimos levar um animal à sua maturidade sexual, ou ainda ao seu ponto fisiológico que permite o abate, encurtando ciclos de produção, e consequentemente melhorando o retorno sobre o capital empregado.

Animais da raça Angus são conhecidos pela sua precocidade sexual. Mas junto com a precocidade sexual vem também a precocidade corpórea e o que pode resultar em um período mais curto para o abate.

Os Nelores por sua vez são animais mais tardios em seu crescimento e atingimento do ponto fisiológico ideal de abate. Porém, existem tecnologias para reduzir essa “demora” da raça em se tornar madura.

Carne de Qualidade

A qualidade da carne, ou do produto vendido, irá influenciar diretamente o preço pago por ela. Quanto maior a qualidade, maior as chances de se obter um preço maior, favorecendo sua receita.

Conhecidos pela característica de uma carne mais marmorizada e, consequentemente, mais saborosa, os bovinos Angus são celebridades quando o assunto é qualidade de carne.

Devido a uma maior quantidade de gordura presente entre as fibras da carne, a carne Angus pode apresentar maior maciez e suculência e com isso uma melhor aceitação por mercados “premium”.

Graças a essa característica algumas remunerações especiais nos frigoríficos são pagas aos produtores, através de certificações.

Mas antes que você pense:

 “Vou investir em Angus”, é importante salientar que novos cenários de negócios têm surgido onde a raça Nelore apresenta potencial incrível de produção de carne de altíssima qualidade, deixando de lado suas características rústicas e demonstrando seu “outro lado da moeda”.

Adaptabilidade a Dietas

A adaptabilidade vem como característica que pode facilitar a inserção da raça em certo sistema produtivo, fazendo com que os animais possam usufruir de subprodutos e alternativas mais baratas no que tange alimentação.

Bovinos como um todo são bem adaptáveis a diferentes dietas, porém, bovinos Nelore se adaptam de maneira mais fácil a diferentes tipos de pastagem e de dietas.

Devido à sua seleção genética e à adaptação ambiental característica da raça, os Nelores são capazes de aproveitar pastagens com baixos valores nutricionais.

Diferente disso, os animais Angus apresentam uma certa seletividade em alguns tipos de pastagem, chegando a reduzir seu consumo e, consequentemente, seu ganho de peso.

Fertilidade

A fertilidade é diretamente relacionada ao produto de uma cria, e portanto relacionada à receita. Embora, com maior fertilidade, possa-se também dizer que custos fixos são diluídos em mais bezerros.

Esse termo é bem discutido na comunidade cientifica, a fertilidade é algo que traz questionamentos.

Segundo alguns autores, a fertilidade de bovinos de ambas as raças como um fator isolado é questionável. Fatores como a dieta, estresse térmico, condições de interação com outros animais influenciam na fertilidade desses animais.

Porém, há pesquisas que apontem que animais da raça Angus sejam mais férteis que animais da raça Nelore, devido a características das fêmeas e da viabilidade de sêmen dos machos.

Mas afinal, qual traz mais lucros?

Pelo que você percebeu, ambas as raças apresentam características favoráveis à pecuária de corte.  O depende, dito anteriormente, se relaciona aos retornos trazidos por cada raça, para cada situação.

Tanto uma raça quanto a outra pode apresentar retornos satisfatórios ao agronegócio, e vai depender diretamente do sistema produtivo e estratégia de negócios adotados.

Um sistema produtivo intensivo, com características favoráveis à criação da raça Angus, por exemplo, de repente pode trazer o mesmo retorno sobre o capital empregado do que um sistema extensivo com menos tecnologia, utilizando o Nelore.

Supondo que a criação de Angus produza mais carne, o sistema pode vir a ser mais exigente no quesito capital empregado (incluindo mão de obra, insumos, instalações, máquinas etc), o que pode resultar em uma rentabilidade não satisfatória.

Em outras palavras, o importante é saber que a produção de carne, e consequentemente a receita, não é o único fator que deve ser considerado. É preciso avaliar quanto precisa ser investido no sistema, considerando todos os fatores envolvidos.

Quanto será investido na produção é o primeiro elemento que precisa ser avaliado, para que então possamos avaliar se o lucro trazido vai resultar num bom retorno sobre este investimento.

Depois, produzir maiores quantidades pode ser muito benéfico, porém, pode ser também ruim ao negócio. O que determina isso são os custos para produção, considerados na conta do lucro.

Ainda, aptidões técnicas existem, porém é possível investir em infraestrutura e alternativas tecnológicas que viabilizam a produção do ponto de vista técnico para ambas as raças, o que nos remete novamente ao resultado econômico.

Portanto:

A escolha depende da combinação de tecnologias empregadas, que determinará o capital empregado na produção, e quanto que esse sistema irá gerar, não só produção (produto), mas também lucros!

Analisar, analisar e analisar

Sem um planejamento financeiro, que leve em conta todo o investimento, custos de operação e lucro esperado, torna-se impossível a viabilização de uma pecuária financeiramente saudável.

Ou seja, é preciso focar na gestão estratégica e financeira.

Não existe melhor ou pior nesta comparação, mas sim aprofundamento de conhecimento técnico e o acompanhamento financeiro correto.  Características e controle do gado, da propriedade e do interesse do produtor devem caminhar juntas, enxergando sempre possíveis falhas que podem levar à produção e a fazenda para o buraco.

Ferramentas financeiras, e acompanhamento técnico são imprescindíveis para um pecuarista que queira obter sucesso em sua criação. Conhecimento gera melhores retornos, tanto na satisfação pessoal quanto “no bolso”, então para sair da indecisão a dica principal é: avalie suas alternativas e fatores envolvidos.

Compre Rural com informações do Perfarm

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