Escolher o capim ideal para poder implantar na propriedade para alimentar o rebanho é sempre uma tarefa complicada, vamos te ajudar a resolver!
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e a pecuária é um dos mais importantes pilares da economia do pais. Apesar da crescente onda do confinamento, quase 80% do gado é criado a pasto, ou seja, temos uma grande oportunidade pelo tamanho das áreas, relevo e clima serem propícios a isso. Mas, ser eficiente na criação do gado a pasto começa na escolha correta do capim ideal para o gado. Diante disso, separamos aqui a resposta para “qual capim ideal para a nutrição na minha propriedade?”.
O que o pecuarista precisa ter em mente para escolher a melhor variedade de gramínea para alimentar o seu rebanho? O engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, facilitou esta tarefa indicando que, antes da decisão, o produtor deve responder a quatro perguntas.
Não é por falta de gramíneas que você não vai fazer diversificação na sua fazenda. Chega de plantar a fazenda inteira com um tipo capim.
Confira as quatro perguntas que te levaram ao sucesso na escolha do capim ideal para nutrição do seu rebanho. Após o final da matéria você verá como é mais fácil tomar essa decisão daqui para frente. Vamos lá?
Como é a topografia da sua fazenda?
Suas áreas de pastagens são planas ou amorradas, acidentadas? Isto é relevante porque caso o terreno seja inclinado, plantar gramíneas que formam touceiras não é muito desejável por facilitar o escoamento de água e favorecer o processo de erosão. Neste caso, o agrônomo recomendou o plantio de gramíneas que soltam brotação lateral e crescem também na horizontal.
Qual o nível de fertilidade do seu solo?
Você pretende fazer análise de solo e as correções necessárias? A informação é importante porque em caso de o pecuarista não ter recursos para isto ou preferir não fazer por algum outro motivo, a recomendação será por uma gramínea mais tolerante à baixa fertilidade. Pires ponderou, no entanto, que estas variedades também produzem menos e têm uma taxa de lotação mais limitada em relação às demais.
Quais gramíneas você já tem na sua fazenda?
Para uma fazenda ter o que pode ser considerada uma área de pastagens sustentável, o consultor afirmou que precisa ter, ao menos, três variedades plantadas. O objetivo é ter tipos com períodos de desenvolvimento diferentes, que possam ser complementares entre si e/ou atendam categorias diferentes, como vacas, recria e engorda.
Plantar outras variedades na fazenda, no entanto, não significa misturá-las em um mesmo piquete, advertiu Wagner Pires. Isto faz com que o boi ande mais procurando sua gramínea predileta, gaste mais energia e tempo neste processo. “Tem que fazer com que o gado coma uma única gramínea sem ficar selecionando, deite e vá ruminar e ganhar peso”, resumiu. “Mistura de capim é contraproducente para a taxa de lotação e a favor da degradação, então vamos rever este conceito”, acrescentou.
Por fim, o que eu vou plantar?
O agrônomo dedicou a segunda parte do quadro a explicar as características da diversas variedade de forrageiras:
– Brachiaria decumbens, ou braquiarinha: muito rústica, bastante palatável para o gado mas sensível a cigarrinhas. É recomendada para áreas inclinadas. Tolera baixa fertilidade.
– Marandu, ou braquiarão: material excelente, mas exigente em fertilidade de solo, responde bem à adubação;
– Xaraés: gramínea de rápido crescimento, não tão palatável quanto o braquiarão, mas vai bem em sistemas rotacionados. É recomendada para piquetes de vacas, tolera solos mais úmidos, mais tolerante à morte súbita e pode ser alternativa para uso no Norte;
– Piatã: gramínea com menor quantidade de talos e muitas folhas, é exigente em fertilidade de solo, é mais difícil de se manejar, mas de muito boa qualidade;
– Paiaguás: tem alta tolerância à seca por possuir um sistema radicular profundo e consegue sobrevida em regiões com 6 a 7 meses de seca;
Pires falou apresentou ainda brevemente outros materiais como híbridos (como o Ipyporã, resistente à cigarrinha), Brachiaria ruziziensis (recomendadas para ILP), Panicuns (variedades de crescimento vertical, característico pela formação de touceiras, como as variedades Tanzânia, Mombaça, Massai, Aruana, Zuri, Quênia, Tamani, Paredão), andropogon, setárias, humidicolas e dictioneuras, estas duas indicadas para terrenos encharcados.
“O que é importante? Você avaliar, conhecer. Entre na internet, veja a ficha técnica dos materiais, conheça eles e faça um teste, procure saber na sua região de vocês se tem alguém que já plantou. […] Quer plantar um capim novo, não faça grande área dele. Não faça uma área muito extensa, comece com uma área pequena, faça um teste, avalie ele no período da água e no período da seca, pelo menos um ano. Está satisfeito com o capim? O gado está gostando? Aí você planta mais”, indicou o especialista em pastagens.
“Não é por falta de gramíneas que você não vai fazer diversificação na sua fazenda. Chega de plantar a fazenda inteira com um tipo capim. Isso é um crime, isso é perigoso. Por quê? Imagine se der uma praga!”, alertou Pires, usando como exemplo o ataque de cigarrinhas nas pastagens da Região Norte do Brasil.
“Se você tem um tipo só de capim, ele fica todo bom numa mesma época e vai secar na mesma época, você não tem jogo de cintura. Tem que ter uma variedade que aguente mais, outra que aguente menos, uma que rebrote mais depressa e assim por diante. Diversifique suas gramíneas, faça blocos, evite que o gado fique mudando muito de capim. O gado aprecia mudar de pasto, mas nem sempre de mudar de qualidade de capim”, completou o agrônomo.
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“Você pode fazer um bloco e direcionar só para acabamento de boi, um setor só pra crias, trabalhe com um capim mais baixo. O vaqueiro consegue enxergar um bezerrinho que acabou de nascer de longe porque o capim é mais baixo. Capim ideal para recria e assim por diante. Aí você monta monta toda a sua indústria de produção de carne e de leite”, ensinou.
“Vamos procurar diversificar mais as gramíneas do nosso país porque se a gente diversificar, nós evitamos a degradação. Se nós evitarmos a degradação, nós vamos ter maior sustentabilidade, então vamos aproveitar o que a gente tem”, sugeriu.
O consultor disse ainda que o produtor deve planejar o plantio somente após chuva anunciada. “Você não pode plantar sem ter chuva anunciada, chega desse negócio de plantar no pó. Isso aí é loucura porque corre grande risco de jogar a semente, não chover e perder tudo. A semente incha, começa a germinar e você perdeu o plantio”, salientou.
Confira a matéria abaixo, ela pode te ajudar a conhecer melhor os tipos de pastagens:
Compre Rural com informações do Giro do Boi