Para obter produtos de alta qualidade e bons rendimentos nos negócios, o produtor precisa focar em melhorias em todas as etapas da cadeia de produção.
Na pecuária, a alimentação dos animais é um fator determinante para atingir as características desejadas na carne. E em sistemas de criação de gado em campo solto, saber escolher os tipos de pastagem que serão ofertados aos bovinos pode fazer toda a diferença no resultado.
Ao contrário do que possa parecer, escolher a forrageira não é tarefa simples e gera muitas dúvidas ao produtor. É necessário considerar aspectos como a fase de vida do rebanho, o tipo de solo, as condições climáticas da região e os atributos de cada planta.
Mas como encontrar a forrageira ideal para a sua propriedade? Que características da planta devem ser avaliadas antes de iniciar a formação do pasto e como fazer uma boa semeadura? Continue conosco e descubra! Boa leitura!
Como escolher o tipo de pastagem para o gado?
Para acertar na escolha da pastagem é necessário, primeiro, definir qual será a sua utilização (cria, recria, engorda ou silagem). Após estabelecer os objetivos, é fundamental levar em consideração o clima da região. Os biomas brasileiros apresentam diferenças significativas e fatores como temperatura e intensidade das chuvas e da luz solar influenciam diretamente o desenvolvimento das plantas.
É importante optar por espécies adaptadas para cada localidade para obter o aproveitamento máximo da planta, sem acarretar prejuízos financeiros. Regiões quentes, com alta disponibilidade de sol e regularidade pluvial como Norte, Centro-Oeste e Sudeste recebem bem as forragens do gênero Brachiaria, enquanto na região Nordeste é bom investir no cultivo de plantas que suportam pouca umidade (como a Cenchrus ciliares).
- Recorde: Vaca Girolando produz mais de 100kg de leite em duas ordenhas
- Maior projeto de produção de hidrogênio verde é aprovado com R$ 17,6 bilhões em investimento
- Pecuária captura mais carbono do que emite, diz pesquisa realizada no Brasil e Uruguai
- Decisão sobre horário de verão será na terça-feira, afirma ministro
- Animais resgatados de queimadas são evacuados de abrigo após ameaça de novo incêndio
Na região Sul, as plantas perenes de verão dos gêneros Pennisetum e Brachiaria são bastante utilizadas e, para enfrentar as geadas e as baixas temperaturas do inverno, é recomendado o plantio de aveia, azevém e leguminosas (como o trevo).
Além disso, as características bromatológicas de cada forrageira devem ser consideradas, ou seja, é preciso conhecer a natureza, a composição, o processamento e o valor nutritivo das plantas para acertar na cobertura do campo.
Vejamos a seguir os tipos de pastagem mais cultivados no país.
1. MARANDU OU BRACHIARÃO (BRACHIARIA BRIZANTHA)
Há mais de 30 anos, esse é o capim mais comercializado no país devido à sua alta flexibilidade de uso e sua grande capacidade adaptativa aos climas e aos diferentes níveis de fertilidade dos solos. É uma forrageira de fácil manejo, que tem um alto índice nutricional, garantindo mais produtividade.
Apresenta raízes profundas e vigorosas — o que confere tolerância à seca e ao frio. É resistente à baixa luminosidade e à cigarrinha das pastagens e, ainda, tem ótima digestibilidade e palatabilidade.
2. BRACHIARIA DECUMBENS
Essa espécie é muito utilizada no Cerrado e em solos ácidos e de baixa fertilidade. Apresenta uma excelente resposta a fertilizantes, além de tolerar o pisoteio e o pastejo intenso. É bastante agressiva, o que limita sua combinação com leguminosas, mas, por outro lado, contribui para o controle de ervas daninhas.
Seu plantio caiu em desuso no Brasil, por um tempo, devido à suscetibilidade ao ataque de pragas (como a cigarrinha das pastagens e o fungo Phithomyces chartarum). Entretanto, nos últimos anos voltou a ser muito utilizada por ser relativamente resistente a solos encharcados e geadas, além de ter boa palatabilidade.
3. BRACHIARIA HUMIDICOLA
Muito utilizada no Pantanal e na região Norte, pois apresenta grande tolerância aos solos com excesso de umidade, mal drenados ou sujeitos a alagamentos. Suporta passar boa parte do ano embaixo d’água e se adapta bem a solos de baixíssima fertilidade.
É comum o consórcio com o capim Mombaça, que morre nas áreas encharcadas. Tem digestibilidade e palatabilidade satisfatórias.
4. BRACHIARIA RUZIZIENSIS
Esse capim requer solos de média e alta fertilidade para se desenvolver, com boa drenagem e em regiões de clima tropical. Tem alta qualidade nutricional, sendo indicado para animais em recria ou engorda e também para fenação. Tem grande palatabilidade, mas é pouco tolerante ao frio e à seca.
Devido a sua vulnerabilidade a pragas e a sua baixa capacidade de rebrota, seu uso foi diminuído pelos produtores, mas tem sido recomendada para a prática de sobressemeadura e para o sistema integrado lavoura-pecuária por ter boa germinação.
5. CAPIM MOMBAÇA (PANICUM MAXIMUM)
Essa forrageira é conhecida pela qualidade, alta produtividade e pela capacidade adaptativa a diversas condições climáticas. Devido à sua alta produção, exige solos férteis para se desenvolver e, por isso, os investimentos em fertilizantes devem ser considerados.
Por ser mais custoso, seu uso é recomendado para áreas menores, em que é possível manejar melhor a plantação. É indicado, inclusive, o uso de arame para limitar a área de pastejo. Assim, os animais consomem uma forragem mais vigorosa e não há desperdício de capins que cresceram demais (rejeitados pelo gado).
Qual a importância de cultivar um pasto de qualidade?
O sucesso no negócio da pecuária está no manejo do rebanho e das suas pastagens. É a combinação da criação de raças geneticamente superiores com as boas condições de vida e de alimentação do gado que garantem a alta qualidade do produto, com as características desejadas no mercado.
Para assegurar aos animais uma alimentação nutritiva, cabe ressaltar a importância do uso de sementes puras para o aumento na eficiência das forrageiras e a economia no sistema de produção. As sementes selecionadas apresentam um alto poder de germinação, o que garante uma boa cobertura e maior economia ao produtor.
Leia também:
- Tudo sobre combate às pragas nas pastagens
- Atenção na hora de voltar as vacas para o pasto
- Impactos da irrigação de pastagem na produção de arrobas
Quais são as etapas necessárias para formar uma boa pastagem?
Primeiro, é fundamental que a propriedade tenha uma pastagem que agrade ao paladar dos bovinos, para que seu consumo seja conveniente e satisfatório. Esses animais são bastante seletivos e preferem capins com muitas folhas e poucos colmos — os tipos de pastagens que alimentam e engordam o boi.
As gramíneas Brachiaria são as mais utilizadas nas cadeias de produção de carne no Brasil, sendo a Marandu e a B. decumbens as que são oferecidas em quase todas as etapas do sistema. Se bem manejadas, são uma boa opção para animais em recria e engorda.
Após a escolha, é necessário preparar o solo para receber a semeadura:
- nivelar o solo e protegê-lo da erosão;
- retirar a vegetação indesejada;
- fazer a análise química do solo;
- promover a adubação do solo;
- controlar os insetos e pragas;
- cuidar a umidade do solo.
- Recorde: Vaca Girolando produz mais de 100kg de leite em duas ordenhas
- Maior projeto de produção de hidrogênio verde é aprovado com R$ 17,6 bilhões em investimento
- Pecuária captura mais carbono do que emite, diz pesquisa realizada no Brasil e Uruguai
- Decisão sobre horário de verão será na terça-feira, afirma ministro
- Animais resgatados de queimadas são evacuados de abrigo após ameaça de novo incêndio
Com a área de plantio preparada, as sementes devem ser inseridas entre 3 e 5 cm de profundidade, em sulcos ou plantio direto. Deve-se plantar na época das chuvas ou, no caso de áreas queimadas, semear sobre as cinzas (antes das chuvas), garantindo, assim, uma distribuição uniforme em toda a área.
O produtor brasileiro sabe que a chave para o êxito na pecuária é investir em conforto animal e em alimentação de qualidade. Para tanto, é crucial que se mantenham as boas práticas de manejo de pastagens. Quanto maior o valor nutricional do pasto da fazenda, maior será a taxa de aproveitamento das forrageiras e, consequentemente, a qualidade dos produtos bovinos.
Fonte: Grupo Taura