
Se é o Ano do Boi na China, no Brasil o pecuarista precisa “dançar” para manter a tradição de lucro na atividade com reposição recorde e arroba sem teto!
A pecuária nacional vem vivendo anos históricos, com uma trajetória que iniciou lá em 2019. O rebanho nacional é estimado em 214 milhões de cabeças de gado, entre corte e leite, mas o que vemos é um “apagão da boiada”. Falando em história e tradição, o Ano do Boi chegou na China, mas aqui no Brasil o pecuarista está precisando “dançar” para conseguir manter a tradição de lucro na atividade, o motivo disso: “reposição em patamar recorde e arroba ganhando sinal vermelho no movimento de alta”!
O preço do boi gordo apresentou grande valorização nos últimos 60 dias, saltando de R$ 285,25 para a casa dos R$ 302,55/@, ou seja, uma valorização de R$ 35,30/@, segundo o Indicador do Boi Gordo no Cepea. Esse valor não foi suficiente para acompanhar a valorização da reposição e, claro, do preço dos insumos. E agora, será que o Ano do Boi trará sorte para o pecuarista brasileiro?
O boi gordo vem sendo negociado acima dos R$ 300,00 desde o início de fevereiro, segundo apontam dados do Cepea. Nessa quinta-feira, 25, o Indicador CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) teve pequena alta, no acumulado do ano (de 30 de dezembro de 2020 a 25 de fevereiro de 2021), o avanço ainda é de fortes 12,5%.
Segundo os dados levantados, entre fevereiro/20 e fevereiro/21, os avanços nos valores da reposição foram mais intensos que os observados para o animal para abate, contexto que vem resultando em piora na relação de troca dos pecuaristas terminadores.
Para se ter uma ideia, o indicador do bezerro do Cepea, calculado com base nos preços praticados em Mato Grosso do Sul, subiu pelo sexto dia consecutivo e marcou uma nova máxima histórica. O preço passou de R$ 2.857,18 para R$ 2.866,76 por cabeça e já acumula alta de 14,7% em 2021.
A diferença entre as altas, boi gordo pelo bezerro, o valor é de -2,2% para o pecuarista da recria/terminação. Essa piora na relação de troca em relação ao bezerro, é também vista para as outras categorias da reposição e, como se não fosse apenas preço, a oferta desses animais também é restrita no mercado.
Pesquisadores do Cepea apontam que, apesar de as demandas domésticas e internacionais estarem enfraquecidas nestas primeiras semanas de 2021, a baixa oferta de animais prontos para o abate ainda sustenta o movimento de aumento nos valores da arroba.

Custo dos Grãos
Os preços do milho voltaram a subir na maior parte das regiões, alguns compradores que precisam recompor parte dos estoques acabam pagando valores maiores por novos lotes. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) do milho, nos últimos doze meses, teve seu preço saltando de R$ 57,41 para o patamar de R$ 83,80/sc. Essa valorização impacta diretamente na dieta dos animais, aumentando o custo de produção e limitando a intensificação na pecuária.
Ainda nesse cenário, a saca da soja, principal fonte de proteína na dieta animal, sofre também uma valorização acima da média. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja, passou de R$ 94,97 para o patamar de R$ 166,32/sc nos últimos 12 meses.
Na brincadeira da comparação: Milho virou preço de soja, soja virou preço de boi e o boi busca um preço justo para fechar as contas!
O cenário para a oferta de grãos é complicada, tendo em vista o crescimento na demanda mundial pelo produto e o maior volume de exportação que o Brasil vem atingindo. Alguns analistas apontam para escassez do produto no decorrer do ano, o que pode voltar a trazer valorização nos preços dos grãos.

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Em resumo
Os frigoríficos continuam com as escalas de abate afetadas pela menor disponibilidade de animais para abate, utilizando apenas 25 a 50% da sua capacidade de abate, quando não há hibernação com férias coletiva. Em função da queda no volume exportado e o mercado interno sem condições para absorver novas altas no preço da carne, eles começam a pressionar os preços da arroba que, nesse momento, apesar das valorizações e preços firmes, já trabalha no sinal vermelho e deve sofrer quedas no médio prazo!
Vale mencionar, no entanto, que, mesmo que os preços do boi estejam em patamares recordes, a valorização considerável e contínua de importantes insumos pecuários, como os de animais de reposição e dos grãos, pode limitar – e até mesmo comprometer – a margem do produtor.