
EUA sentem falta do café brasileiro, diz dirigente do Cecafé após conversa entre Lula e Trump
O diálogo virtual entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na última segunda-feira (6), trouxe sinais positivos para o setor cafeeiro brasileiro. Para Marcos Matos, diretor-executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a declaração de Trump — de que os norte-americanos “estão sentindo falta do café brasileiro” — expõe as consequências econômicas da tarifa de 50% aplicada recentemente aos produtos vindos do Brasil.
Efeito imediato nas exportações e nos preços
Matos explica que a sobretaxa tornou as vendas para os EUA praticamente inviáveis, gerando queda brusca nos embarques: redução de 46% em agosto e 56% em setembro. Esse estrangulamento de oferta repercutiu no mercado internacional e foi sentido no bolso do consumidor norte-americano. Segundo ele, a inflação do café nos EUA chegou a ser nove vezes maior que a inflação média em agosto, fenômeno que continua nos meses seguintes.
Valorização na Bolsa e impacto global
No pregão de Nova York, o preço do café saltou de 284 centavos de dólar por libra-peso, na data da ordem executiva, para cerca de 390 centavos atualmente — aumento superior a 40%. Para Matos, esse movimento evidencia o papel central do café brasileiro no abastecimento mundial e o “ruído” que a ausência do produto provoca nas cotações globais.
Por que o Brasil importa para os EUA
O executivo lembrou que os EUA são o maior mercado consumidor do mundo: 75% da população consome café, com média de três xícaras diárias — e o Brasil fornece cerca de 35% desse consumo. Esse protagonismo explica por que a falta do grão brasileiro afeta tanto a formação de preços e a disponibilidade nos supermercados americanos.
Caminho para a isenção — e o papel do setor privado
Matos vê na conversa entre os mandatários uma oportunidade concreta: o café já foi listado como um produto natural não produzido nos EUA na ordem executiva de 5 de setembro, o que pode enquadrá-lo para isenção da tarifa, mediante acordo bilateral. Ele compara o momento a uma partida de xadrez: a reunião reposiciona as peças e abre espaço para negociações futuras, inclusive presenciais.
Apesar do otimismo, o diretor ressalta prudência: há variáveis políticas e incertezas que ainda podem interferir no processo. Por isso, afirma, é fundamental que o setor privado continue atuando de forma proativa ao lado do poder público — ampliando interlocuções e demonstrando, com dados e argumentos, por que a retirada das taxas é estratégica tanto para exportadores brasileiros quanto para consumidores americanos.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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