Aprenda como eliminar capim-capeta da sua fazenda

Este capim, de baixa digestibilidade, é pouco apreciado pelos animais, resultando em uma ingestão limitada; veja como eliminá-lo

O capim-capeta, oriundo da Índia, emerge como um indicador evidente de degradação nas pastagens, destacando práticas de manejo insatisfatórias. Sua proliferação é mais pronunciada em áreas onde o manejo é negligenciado.

Caracterizado por sua baixa aceitabilidade, escasso valor nutritivo, e reduzida palatabilidade e teor proteico, este capim raramente encontra espaço na dieta dos animais, exceto em fases iniciais de crescimento. Nesse artigo descubra como enfrentar esse desafio, compreendendo por que o capim-capeta desafia até mesmo os animais a consumi-lo, e desvende as táticas para devolver vitalidade e saúde às pastagens, acompanhe!

Características do capim capeta

Caracterizado por sua rusticidade, o capim capeta prospera em situações em que o produtor negligencia a gestão adequada das pastagens. E importante destacar a importância de enfrentar o problema do capim capeta de maneira eficaz, visando a preservação e melhoria das condições das pastagens brasileiras. Ao implementar práticas de manejo sustentáveis, é possível contribuir significativamente para o desenvolvimento positivo da pecuária nacional.

O liquidámbar, conhecido por seu baixo teor de proteína bruta, oscilando entre 5% e 4%, apresenta características desfavoráveis para o consumo animal. Este capim, de baixa digestibilidade, é pouco apreciado pelos animais, resultando em uma ingestão limitada. Além disso, destaca-se por sua notável produção de sementes, podendo uma única planta gerar cerca de 200 mil sementes anualmente.

Propagação e persistência

A facilidade de propagação do liquidámbar é notável, principalmente devido às suas sementes pequenas e leves, que podem percorrer longas distâncias. A mucilagem envolvendo as sementes é altamente pegajosa, facilitando a adesão a implementos agrícolas, cascos e pelos de animais, bem como calçados. A aderência não é imediata, mas a mucilagem persistente torna eficiente a fixação nas superfícies mencionadas.

É importante destacar que o liquidámbar possui uma quantidade considerável de sementes dormentes, que não germinam imediatamente. Essas sementes dormentes formam um banco no solo, contribuindo para a proliferação do capim. O gado evita consumir as sementes de liquidámbar, tornando-se uma planta que, se não controlada, pode rapidamente dominar a área. Devido ao seu padrão de germinação superficial, a disseminação e o estabelecimento efetivo ocorrem principalmente na superfície do solo. Portanto, o controle adequado é essencial para evitar a dominação desse capim indesejado em sua propriedade.

A germinação do capim ocorre principalmente na superfície do solo, enquanto as sementes enterradas até um centímetro de profundidade não germinam devido ao seu tamanho diminuto. Essa característica confere uma vantagem ao capim, pois as sementes no solo podem permanecer viáveis por até dez anos, formando um banco de sementes duradouro.

O banco de sementes, ao longo de uma década, pode acumular até 20 mil sementes por metro quadrado. Este capim revela-se altamente resistente, demonstrando sua rusticidade em diversas condições adversas, como queimadas, roçadas e manejo inadequado de pastagens. Mesmo em solos degradados, erodidos ou compactados, o capim mantém sua robustez, tornando-se uma espécie notável.

Considerado por alguns como um “capim milagroso”, este vegetal resistente suporta condições difíceis, incluindo secas, solos fracos e ácidos. Surpreendentemente, após queimadas ou roçadas, o capim se fortalece ainda mais. Apesar de suas características vantajosas, é importante ressaltar que possui baixo teor de proteína, alto teor de lignina e baixa digestibilidade, o que o exclui da categoria de “capim milagroso”. No entanto, suas propriedades de resistência fazem dele um recurso valioso para enfrentar condições adversas, desde que seu manejo seja cuidadoso.

Foto: Divulgação

Estratégias para combater o capim-capeta

A solução para combater o capim capeta está intrinsecamente ligada a um manejo eficiente das pastagens. Quanto melhor o manejo, menor será a infestação. Por outro lado, um manejo inadequado propicia a disseminação do capim capeta. Ele é capaz de suportar queimadas, rebrotando vigorosamente e germinando a partir do banco de sementes no solo. Aumentar a taxa de lotação de animais em uma área afetada também pode intensificar o problema, tornando o capim capeta ainda mais resistente.

Se um pasto estiver completamente infestado com capim capeta, a aplicação de herbicidas se torna uma opção viável. No entanto, lidar com uma área totalmente tomada por essa planta resistente pode ser desafiador. O controle eficaz requer um bom entendimento das características do capim capeta e a implementação de práticas de manejo adequadas. Em última análise, a chave para eliminar o capim capeta está em um manejo cuidadoso das pastagens.

Se uma área estiver completamente tomada por capim capeta, a abordagem para controlá-lo é meticulosa. Inicialmente, a recomendação é aplicar herbicida, sendo o glifosato uma opção frequente. Este processo busca secar o capim capeta, mas ainda resta uma massa residual.

Após a aplicação do herbicida, é aconselhável realizar um fogo de limpeza para eliminar a massa residual do capim. Este procedimento deve ser conduzido em conformidade com a legislação estadual vigente, garantindo práticas seguras. O fogo de limpeza tem o propósito de estimular a germinação do banco de sementes presente no solo, quebrando a dormência das sementes.

Para controlar a nova germinação do capim capeta, a próxima etapa envolve o uso de grades aradoras. Duas passagens com grades aradoras em sentido cruzado são recomendadas. Essa ação não apenas enterra o banco de sementes, impedindo a germinação subsequente do capim capeta, mas também prepara o solo para a introdução de uma nova cultura.

Plantio de capim

Após a utilização das grades aradoras, é sugerido o plantio de uma nova espécie de capim, sendo a braquiária uma escolha viável. Essa estratégia visa estabelecer uma cobertura vegetal que concorra efetivamente com o capim capeta, ajudando na recuperação da área infestada. Em resumo, o processo consiste em secar o capim capeta com herbicida, realizar um fogo de limpeza, utilizar grades aradoras em sentido cruzado para enterrar o banco de sementes e, por fim, plantar uma nova cultura, como a braquiária, para substituir o capim capeta.

A escolha de plantar braquiária em uma área infestada por capim capeta é estratégica, pois essa espécie proporciona uma cobertura eficaz do solo, impedindo que o banco de sementes presente no solo se desenvolva. A braquiária apresenta vantagens ao competir bem pelo solo e é mais fácil de manejar, tornando-a uma opção ideal para recuperar áreas infestadas.

Ao optar por plantar um capim agressivo que cobre bem o solo, recomenda-se espécies como a braquiária brizantha marandu, a braquiária xaraés, o piatã, o paiaguás, a braquiária ibiporã, entre outras. Preferencialmente, a escolha recai sobre a braquiária, pois ela cobre o solo de forma mais eficiente em comparação com os pânicos, embora estes também possam ser considerados.

Foto: Divulgação

Preparação e manejo

Para garantir o sucesso do plantio, é crucial utilizar sementes de alta qualidade. Recomenda-se adquirir sementes de boa qualidade, considerando as condições adversas de plantio. O cálculo da quantidade de sementes por hectare deve levar em conta o ponto de valor cultural da semente dividido pelo valor cultural do lote de sementes. Em um exemplo prático, se o plantio for de braquiária marandu e o ponto de valor cultural for 550, considerando condições adversas de plantio, pode-se utilizar 18 kg de semente, levando em conta um lote com 30% de valor cultural.

Antes do plantio, é recomendável passar novamente uma grade niveladora para controlar possíveis germinações e enterrar sementes remanescentes. Além disso, realizar a calagem e adubação 90 dias antes do plantio contribui para criar condições favoráveis ao desenvolvimento da braquiária durante a formação da pastagem. Essa estratégia, aliada a uma alta taxa de semeadura, visa estabelecer uma população robusta de plantas para suprimir a presença do capim capeta.

Incluir adubo fosfatado junto com as sementes é fundamental para o sucesso do plantio, formando uma dupla eficaz. No entanto, o controle efetivo do capim capeta vai além do momento da formação da pastagem. É crucial implementar um bom manejo de pastagem para evitar o surgimento desse capim em áreas degradadas e pastagens mal manejadas.

Após a formação da pastagem, é recomendável realizar um primeiro pastejo de maneira adequada. Isso envolve o controle cuidadoso da altura de entrada e saída, a divisão dos piquetes e o respeito ao período de descanso do pasto. Ao adotar essas práticas, estabelece-se um bom manejo que beneficia o desenvolvimento das pastagens, proporcionando resultados duradouros.

Ao conduzir um manejo eficaz, você estará no caminho certo para eliminar o capim capeta de forma permanente. Em pastos mal manejados, rapar o pasto pode favorecer a germinação do banco de sementes que permanece no solo por até dez anos, reiniciando o ciclo indesejado. Portanto, a chave para erradicar o capim capeta é realizar um manejo adequado das pastagens, assegurando que o capim não encontre condições favoráveis para prosperar.

Ao adotar essas práticas de manejo, você estará investindo não apenas no presente, mas também no futuro da sua fazenda. Mantendo um manejo de pastagem eficiente, você poderá desfrutar de pastagens saudáveis e livres do capim capeta ao longo da vida, assegurando a sustentabilidade e produtividade da sua propriedade rural.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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