Argentina e BR na produção de soja: como influencia e beneficia um ao outro?

No Brasil, a produção média de soja gira em torno de 140 milhões de toneladas, com uma área de cultivo estimada em cerca de 41 milhões de hectares para a safra 2021/22.

Cerca de cinco anos atrás, o Brasil conquistou a posição de destaque no cenário global como o principal produtor de soja. Esse feito se deve ao fato de o país liderar a produção desse grão em termos de toneladas, conforme dados de 2020, enquanto ocupa o quinto lugar em extensão territorial destinada ao cultivo dessa cultura. Esses números refletem não apenas a magnitude das nossas plantações, mas também as condições climáticas favoráveis que temos para o desenvolvimento da soja.

No entanto, essa posição de liderança não é garantida sem desafios, pois competimos com dois outros gigantes na produção de soja: a Argentina e os Estados Unidos. Dada a sua localização na América do Sul e a significativa produção de soja, a Argentina exerce uma influência importante sobre o mercado nacional.

Mas por que essa influência argentina sobre a produção de soja no Brasil é tão relevante? Esta questão será explorada neste artigo, oferecendo uma análise esclarecedora.

Analisando o panorama atual da produção de soja tanto no Brasil quanto na Argentina, observamos que ambos os países ocupam posições destacadas no cenário mundial. Enquanto o Brasil lidera o ranking internacional, a Argentina figura em terceiro lugar.

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Foto Divulgação.

No Brasil, a produção média de soja gira em torno de 140 milhões de toneladas, com uma área de cultivo estimada em cerca de 41 milhões de hectares para a safra 2021/22.

Por outro lado, a Argentina tem enfrentado dificuldades significativas em sua produção de soja, devido à pior seca registrada no país em seis décadas. Esse cenário fez com que perdesse sua posição de destaque no ranking global para o Brasil. Para contornar essa situação, o país precisou recorrer à importação de soja do Brasil para atender à demanda por farelo. Essa quebra na safra argentina evidencia a interdependência entre os dois países no mercado da soja.

No contexto da safra de soja 2023/24, enfrentamos uma série de desafios significativos durante o plantio. No entanto, é reconfortante observar que a Argentina está em processo de recuperação, e as projeções indicam que sua produção poderá exercer impactos significativos no mercado global de grãos, influenciando também o mercado brasileiro.

É importante ressaltar que a Argentina continua sendo um dos principais exportadores mundiais de soja e farelo de soja. A queda em sua produção teve repercussões nos mercados internacionais, o que acabou favorecendo o Brasil. Com a redução das exportações argentinas, houve uma diminuição no suprimento internacional, e o Brasil desempenhou um papel crucial na estabilização dos preços globais.

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Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Impactos do domínio argentino na produção de soja e suas repercussões no mercado nacional brasileiro

Há décadas, o Brasil se destaca como uma potência agrícola global, com sua produção de soja desempenhando um papel crucial no cenário internacional.

Apesar da Argentina ter uma produção per capita maior, o Brasil sempre liderou em termos de produção total de soja. Isso se deve a uma combinação de avanços tecnológicos, expansão de áreas cultiváveis e métodos agrícolas inovadores. Quando a Argentina enfrentou uma queda significativa na produção, o Brasil, já consolidado como um dos principais exportadores mundiais desse grão, assumiu a dianteira e se mantém nessa posição até os dias atuais.

A queda na produção argentina foi benéfica para o Brasil, porém trouxe consigo desafios. Manter os preços e a demanda equilibrados tornou-se uma tarefa árdua, especialmente considerando os problemas globais enfrentados não apenas pela Argentina, mas também pela China, outro grande exportador. Essa conjuntura impacta não só o desempenho de exportação do Mercosul como um todo, mas também coloca pressão sobre o Brasil para aumentar sua produção a fim de suprir a demanda internacional.

A ascensão do Brasil nesse cenário é notável

Apesar dos desafios, como a volatilidade dos preços e os crescentes custos de produção, a expectativa é de que a produtividade da soja continue a aumentar na safra de 2023/24. Esse crescimento não só ajudará a equilibrar os custos e garantir a rentabilidade, mas também contribuirá para o aumento dos estoques em relação ao ano anterior.

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Foto: Iagro

As exportações brasileiras de soja atingiram um recorde, totalizando 101,9 milhões de toneladas, um aumento de 29,4%, gerando receitas de 53,2 bilhões de dólares. Além disso, o Brasil se tornou o líder na exportação de farelo de soja, ultrapassando a Argentina, com a venda de 21,82 milhões de toneladas na temporada. Até agosto de 2023, quase 16 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do ComexStat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Essa nova posição de liderança na América do Sul foi impulsionada pela redução na produção argentina e, indiretamente, pelo aumento da demanda por soja brasileira para a produção de biodiesel, além da comercialização do farelo de soja, valorizado por seu alto teor de proteínas, especialmente em mercados exigentes como o da União Europeia.

Assim, a influência da Argentina na produção de soja abriu oportunidades para os produtores brasileiros se destacarem no mercado nacional e internacional, estimulando investimentos no país. No entanto, diante dos outros blocos produtores, o Brasil se destaca como o principal contribuinte para os números de produção, o que coloca ainda mais pressão sobre a cadeia produtiva interna, uma vez que a produção argentina não pode oferecer uma contribuição significativa para equilibrar os preços e manter a rentabilidade do grão.

As projeções para 2024 apontam para uma mudança significativa no panorama da produção de soja na América do Sul

Mesmo enfrentando uma seca severa na Argentina e recorrendo à importação de soja do Brasil para suprir sua demanda por farelo, o país mantém uma posição de destaque, ocupando o terceiro lugar no ranking mundial. Se as estimativas de colheita para a safra 2023/24 se confirmarem, cerca de 60% da produção global de soja estará concentrada no continente sul-americano.

Nesse contexto, o Brasil emerge como um protagonista influente na produção argentina.

As previsões indicam:

  • Brasil: aproximadamente 163 milhões de toneladas;
  • Argentina: cerca de 50 milhões de toneladas;
  • Paraguai: aproximadamente 10 milhões de toneladas;
  • Bolívia e Uruguai: em torno de 4 milhões de toneladas cada.

Além disso, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projeta uma expansão da área cultivada com soja na Argentina, alcançando 17,1 milhões de hectares em 2023/24, um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior e superando em 2,3% a média dos últimos cinco anos.

Em resumo, dada a similaridade climática e o potencial produtivo desses países, a dinâmica do mercado sul-americano sempre foi moldada pelas ações do Brasil e da Argentina. Com a queda na produção argentina, o Brasil assume uma posição ainda mais proeminente nas exportações, atraindo investimentos e consolidando sua autoridade no mercado. No entanto, essa liderança também o expõe a competições externas e pressões na produção interna.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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