Arroba com pressão negativa e exportações cadenciadas

Preços da arroba segue estável, mas queda do dólar, bloqueio dos embarques à Rússia e a notícia sobre suspensão chinesa de unidade da JBS preocupam o setor pecuário.

O mercado físico do boi registrou preços estáveis nesta quarta-feira, 23, na sua maioria absoluta. O cenário onde os frigoríficos ainda operam com escalas de abate relativamente confortáveis, atendendo entre cinco e sete dias úteis em média, o mercado agora segue em alerta por conta da demanda externa que começou a patinar.

“O potencial avanço da oferta de animais de safra tende a gerar um momento de pressão de queda durante o segundo trimestre, movimento que deverá ser mais intenso nas regiões do país em que as exportações não são tão relevantes”, assinalou Iglesias, da Agência Safras.

O descarte de fêmeas, típico para o período, começa a refletir nas cotações. Em São Paulo a cotação da vaca gorda caiu R$2,00/@ na comparação feita dia a dia e está cotada em R$296,00/@, preço bruto e a prazo. 

Para a novilha gorda a cotação permaneceu estável, mas há relatos de oferta de compra a preços abaixo da referência de R$330,00/@, preço bruto e a prazo. A cotação da arroba do boi gordo que atende o mercado interno e externo ficou estável, contudo, as recentes quedas da cotação do dólar, podem mudar as estratégias de compra das indústrias exportadoras. 

Sendo assim, em São Paulo, conforme supracitado, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 347,23/@, na quarta-feira (23/03), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 308,25/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 306,25@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 329,37@.

Já o Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, vive uma montanha russa com as cotações variando diariamente. Dessa forma, ontem o dia foi de desvalorização, por isso o mercado fechou com uma média de R$ 345,30/@. Para acompanhar, o indicador teve variação negativa de 1,09%.

A Agrobrazil, app parceiro do pecuarista, informou negociação pontual na casa de R$ 350,75/@ em Bauru, no estado paulista. O preço foi composto de R$ 305,00/@ + R$ 45,75/@ (bonificações). Confira a imagem abaixo!

Em resumo, no mercado do boi gordo, a arroba segue estável na média de R$ 340,00 em São Paulo. A maior oferta de animais, baixa fluidez no escoamento de carne bovina no mercado doméstico e desaceleração de vendas para a China, abrem espaço para que a pressão negativa continue. Na B3, o futuro com vencimento para maio/22 encerrou a quarta-feira cotado a R$ 328,70/@, uma variação de -0,48%.

A mais relevante notícia foi divulgada nesta quarta-feira (23/3) pela Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês), que anunciou a suspensão de importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO); saiba mais AQUI.

Como se sabe, a China é o principal comprador mundial da carne bovina brasileira, responsável por mais de 60% das importações totais.

Outra preocupação dos agentes do setor também refere-se ao mercado de exportação, mas precisamente o comportamento do câmbio. Nesta quarta-feira, o dólar fechou novamente em queda (a sexta seguida), cotado a R$ 4,84, o menor valor de fechamento desde 13 de março de 2020.

Enquanto isso, o diferencial na formação de receitas entre frigoríficos exportadores e frigoríficos que operam apenas no mercado interno segue acentuado, com os frigoríficos que operam apenas no mercado doméstico encontrando dificuldades em repassar o adicional de custos da matéria-prima ao longo da cadeia produtiva. O movimento cambial ainda é um fator determinante no comportamento dos frigoríficos na compra de gado quando se trata das negociações envolvendo animais padrão China.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 348 a arroba.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 311.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 316.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 320 por arroba.
  • Em Goiânia, Goiás, a indicação foi de R$ 330 para a arroba do boi gordo.

Atacado

No mercado atacadista, o dia foi de preços inalterados. O ambiente de negócios ainda sugere pela queda das cotações no curto prazo, em linha com a reposição mais lenta entre atacado e varejo no decorrer da segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo. Além disso, o padrão de consumo delimitado para 2022 ainda sugere pela preferência por proteínas mais acessíveis, a exemplo do frango e dos ovos.

O quarto dianteiro apresentou queda de R$ 0,50, precificado a R$ 16,50 por quilo. O quarto traseiro foi cotado a R$ 24,00 por quilo, queda de R$ 0,20. A ponta de agulha cedeu ao patamar de R$ 15,50 por quilo, queda de R$ 0,50.

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