O mercado de seguros agrícolas no Brasil está enfrentando desafios devido ao aumento das indenizações
Segundo o Ministério da Agricultura, duas das 17 seguradoras habilitadas para oferecer apólices de seguro rural no país optaram por não operar no setor este ano. Em 2022, o valor das indenizações pagas atingiu R$ 10,5 bilhões, representando um aumento de quase 50% em relação ao ano anterior.
De acordo com Jônatas Pulquério, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, algumas seguradoras não estão operando devido à falta de resseguro e ao alto risco enfrentado nos últimos anos. Essas empresas preferiram sair do mercado em vez de assumir o risco sozinhas. Pulquério destacou que o mercado ainda está se recuperando das últimas duas ou três safras, o que contribui para a situação atual.
Raquel Marimon, presidente do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), ressaltou que o aumento da sinistralidade nas últimas safras elevou o risco percebido pelas resseguradoras, resultando em um aumento direto no preço do seguro para os produtores. Ela observou que as seguradoras ajustaram os preços dos seguros em 2022 após os impactos da seca na produção brasileira em 2021, o que levou a uma diminuição nos contratos fechados e na área coberta.
A falta de suplementação do orçamento para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) pode agravar a situação. Atualmente, o Ministério da Agricultura possui cerca de R$ 1,06 bilhão para aplicar no programa, dos quais R$ 415 milhões estão reservados para o início da safra de soja e milho em julho. No entanto, esses recursos provavelmente não serão suficientes para suprir a demanda por muito tempo.
O objetivo é dobrar o orçamento para R$ 2 bilhões, a fim de se aproximar dos números de 2021, quando o PSR cobriu 14 milhões de hectares, com 217 mil apólices, beneficiando mais de 121 mil produtores e totalizando R$ 68,2 bilhões em valores segurados. Com um orçamento de R$ 2 bilhões, o valor segurado poderia ultrapassar R$ 86 bilhões.
No ano passado, com o mesmo orçamento de 2021, mas com preços de seguros mais altos, os números caíram para 7 milhões de hectares, 125 mil apólices emitidas para 78 mil produtores e valor segurado de R$ 43 bilhões.
A preocupação também se estende ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), gerido pelo Banco Central, que atende pequenos produtores em regiões não atendidas pelo mercado de seguro rural. Em 2022, o programa registrou R$ 30,5 bilhões em valor segurado e pagou quase R$ 5 bilhões em indenizações devido aos efeitos climáticos, especialmente a seca no Sul do país.
O Ministério da Agricultura defende que o PSR beneficia principalmente pequenos e médios produtores. Em 2022, 69% das apólices foram contratadas por beneficiários que buscaram financiamento de até R$ 335 mil. Cerca de 83% dos segurados cultivam áreas de até 100 hectares, e 58% das subvenções pagas no ano passado foram destinadas a produtores com valores de até R$ 10 mil.
Diante desse cenário desafiador, o Ministério da Agricultura pretende instalar uma Câmara Temática de Gestão de Risco em setembro para abordar a questão de forma mais abrangente. Atualmente, o tema está dentro da Câmara de Crédito.
Via: Globo Rural
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
