Baixa oferta vai manter preço do boi em alta em 2021

Ainda que com menor intensidade, outro fator que pode influenciar uma sustentação dos preços internos é a demanda doméstica, que pode se aquecer em 2021.

Depois de registrar recordes ao longo do ano passado, o setor pecuário nacional inicia 2021 com perspectivas positivas para o mercado. Os principais fatores que fundamentam esse cenário mais otimista estão relacionados à demanda externa e à possível continuidade de oferta restrita de animais para abate neste ano. Ainda que com menor intensidade, outro fator que pode influenciar uma sustentação dos preços internos é a demanda doméstica, que pode se aquecer em 2021, à medida que a economia brasileira se recupere.

No caso da demanda externa, tudo indica que os chineses devem continuar comprando elevados volumes da proteína brasileira, especialmente devido à necessidade de abastecimento do mercado local, tendo em vista que o país ainda se recupera dos prejuízos gerados pela Peste Suína Africana (PSA). Além disso, o custo baixo da proteína brasileira deve fazer com que a China permaneça como grande parceira.

O câmbio também pode favorecer o setor neste ano, já que tende a manter as exportações elevadas. De acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nessa segunda-feira, 4, a perspectiva é de que a moeda norte-americana siga na casa dos R$ 5,00.

Se o cenário externo se mostra favorável ao mercado de carne bovina brasileiro, o doméstico ainda deverá passar por um período de ajustes neste começo de ano, devido à redução do auxílio emergencial do governo e à alta taxa de desemprego. Esses fatores, somados à já típica demanda enfraquecida em início de ano, por conta do comprometimento do orçamento das famílias, podem fazer com que o mercado fique pressionado, sobretudo no primeiro trimestre. Já nos meses seguintes, as expectativas são de recuperações na economia e na renda, o que pode trazer um incremento na demanda por carne. O Relatório Focus prevê crescimento de 3,46% da economia brasileira em 2021.

Do lado da oferta, o menor volume de abate de animais já observado ao longo do ano passado deve seguir neste começo de 2021, mas, com a maior retenção de fêmeas para produção, a oferta pode começar a aumentar, especialmente a partir do final da safra, com o início do desmame. Assim, o primeiro semestre ainda pode registrar baixa disponibilidade de animais para abate, com pecuaristas, atentos às condições das pastagens, buscando um equilíbrio melhor dos preços.

Já no segundo semestre, o confinamento de animais dependerá dos preços de reposição e dos insumos, que já começam 2021 em patamares elevados. Assim, muitos pecuaristas tomarão a decisão de confinar com base nos preços da arroba do primeiro giro.

Se 2020 já foi incerto e desafiador para os pecuaristas, o ano que se inicia traz um horizonte de boas notícias, mas que exigirá do produtor atenção em sua tomada de decisão e uma boa gestão produtiva.

Equipe: M.a Gabriela Ribeiro, Dr. Thiago Bernardino de Carvalho, M.a Shirley Menezes, Cristiane Mariano Spadoto, Tayane Gobbi Olivotto, Ariane Sbravatti, Isabela Zavatti e Letícia Bianchi Mantovan. Colaboração: Alessandra da Paz.

Fonte: CEPEA

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