Bem-estar animal: do optativo ao obrigatório

Entenda a importância em adotar boas práticas de bem-estar animal, visto que haverá impactos econômicos positivos ao produtor. Confira abaixo!

Bem-estar animal é uma das principais temáticas de interesse na produção de proteína animal moderna. “O conceito de bem-estar animal refere-se a uma boa ou satisfatória qualidade de vida que envolve determinados aspectos referentes ao animal tal como a saúde, a felicidade, a longevidade” (Tannenbaum, 1991; Fraser, 1995).  

Interpretar as necessidades dos animais é de suma importância para que ocorra uma convivência harmoniosa entre animais, animal-ambiente e relação animal-humano, proporcionando rentabilidade na criação adotada.

Infelizmente, ainda existem tratamentos não adequados na produção animal, um exemplo é a condução de forma estressante dos animais. No entanto, já é comprovado cientificamente que eles são seres sencientes, ou seja, capazes de sentir emoções e sofrimentos. Por isso, é preciso dar atenção a essa questão e procurar meios para solucioná-la.

bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial, ocupando o primeiro lugar no ranking mundial de cabeças de gado comerciais. Na bovinocultura leiteira, o País também oferece importantes números: são 37 milhões de fêmeas produtoras de leite, o que representa 17% do rebanho do país (EMBRAPA 2016). O conceito de bem-estar animal muito se aplica na bovinocultura leiteira, pois a saúde e o bem-estar são reflexos das práticas que estão sendo realizadas no cotidiano da propriedade e a longevidade do rebanho é um resultado almejado por todos que se dedicam a essa atividade.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA, aprovou uma Instrução Normativa no ano de 2002 direcionada especificamente para vacas leiteiras. A IN nº 51 classifica o leite de acordo com o bem-estar animal: “entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas.”

Portanto, esses animais precisam estar dentro de um ambiente limpo, agradável e confortável, podendo expressar suas necessidades fisiológicas e comportamentais da espécie, bem como ter alimento disponível em boa quantidade e qualidade. A produtividade do rebanho é o reflexo do manejo ao qual o mesmo é submetido.

As vacas leiteiras experimentam maior influência humana em seu cotidiano devido ao manejo diário de ordenha. Este contato direto do ordenhador com as vacas é a ação mais íntima que ele pode alcançar, por isso, é muito importante observar o comportamento do animal durante esse momento. Assim, além dos fatores ambientais, nutricionais e sanitários, se torna necessária a criação de umarotina de boas práticas que visem o bem-estar animal e a qualidade do leite.

É possível fornecer um ambiente bem planejado para assegurar práticas de bem-estar animal. Muitas delas se adequam no simples passo de retirar ações agressivas comumente utilizadas antes. Exemplos de práticas benéficas:

  • Água fresca de qualidade e fácil acesso: o fornecimento de água à vontade e próximo aos animais faz com que eles tenham noção de que sempre podem dispor desse recurso abundante;
  • Evitar movimentações excessivas no rebanho: movimentações desnecessárias devem ser evitadas e melhor ajustadas de acordo com os horários mais frescos do dia para que não sofram, também, por estresse térmico;
  • Rotina: bovinos são animais extremamente rotineiros e a quebra da rotina os estressam. É sempre bom evitar mudanças em seu cotidiano, como troca de tratadores e horário das atividades. Além disso, vacas reconhecem animais que convivem diariamente e se sentem bem quando estão próximas. Assim, manter o rebanho normalmente como ele se organiza entre si ajuda a diminuir o estresse;
  • Evitar agressividade: tapas, gritos, chutes e empurrões não são atos agradáveis para os animais. Vacas são inteligentes e aprendem a reconhecer as pessoas pela voz, odor e até o jeito de caminhar, por isso se utilizar condutas mais leves e repetidas, elas memorizarão e facilitarão o trabalho;
  • Controlar a temperatura: a adoção de salas de resfriamento e ventiladores geram um ambiente mais agradável e, aliados a demais fatores da criação, propiciam o aumento de produção.  

Assim, sabe-se que vacas em boas condições de bem-estar produzem mais leite, apresentam melhores índices reprodutivos, têm menos problemas de saúde e, desta forma, ficam mais tempo no rebanho. Tudo isso caracteriza a importância em adotar boas práticas de bem-estar animal, visto que haverá impactos econômicos positivos ao produtor.

Referências Bibliográficas

Tannenbaum, 1991 J Tannenbaum. Ética e bem-estar animal: a conexão inextricável Geléia. Veterinário. Med. Assoc., 198 (1991), pp. 1360 – 1376.

Fraser, 1995 D. Fraser Ciência, valores e bem-estar animal: explorando a conexão inextricável “Anim. Welfare 4 (1995), pp. 103 – 117.

Fonte: Milk Point

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