Bezerra com excesso de barbela intriga pecuaristas; veja vídeo

Produtor rural publica vídeo onde é possível identificar uma bezerro com um “excesso” de barbela; confira a possível causa do problema e casos parecidos

Uma das características marcantes da raça Nelore que mais chamam atenção é a barbela bem desenvolvida, começa debaixo do maxilar inferior e se estende até o umbigo, sendo mais abundante e pregueada nos machos, muitos criadores da raça dizem que quanto mais barbela, mais puro é o animal, os chamam de “barbeludos”. O caso que vamos apresentar abaixo poderíamos até apelidar a bezerra de ‘barbeluda’, mas definitivamente não é por conta da raça, até mesmo que por sua caracterização racial e cor deve ser uma cruza de Nelore com uma vaca choquiada, é por conta do inchaço evidente de sua barbela.

As imagens foram compartilhadas por Cezar Barretto da página Nelore Goiano, de Uruaçu, Goiás. Na imagem é possível ver que a bezerra, está apartada em um curral e prestes a ser leiloada, segue caminhando de um lado para o outro incomodada possivelmente com o inchaço da barbela.

edema de barbela - bezerro com barbela inchada - nelore goiano
Reprodução: Nelore Goiano

O diagnóstico do problema provavelmente é: Edema de Barbela, causando deficiência das proteínas plasmáticas do sangue e o extravasamento deste líquido se acumula justamente na mandíbula. O animal fica sensível (dolorido) e deve ser tratado com muito cuidado, calma e paciência.

O problema pode estar relacionado a plantas tóxicas, corpo estranho, níveis altos de aditivos (normalmente em confinamentos), dentre outros fatores. Em 2022, nós relatamos um caso de um animal da raça Nelore com as características parecidas.

Buscando na literatura também encontramos a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Vanessa Felipe que fala um pouco sobre o problema e como tratá-lo.

O aumento de volume na região do pescoço e na barbela dos bovinos pode ter diferentes origens. Por isso, é fundamental realizar um diagnóstico preciso para que o tratamento correto seja adotado. No caso de hiperplasia da tireoide, também conhecida como hipotireoidismo, bócio ou papeira, a causa é a deficiência de iodo. Os sinais costumam ser observados em animais recém-nascidos ou jovens, filhos de vacas submetidas a dietas carentes do elemento.

A intoxicação em bovinos por Tetrapterys acutifolia é registrada em várias regiões do país, inclusive no Nordeste. No Brasil existem mais de 100 espécies de plantas capazes de causar danos aos bovinos, capazes de causar diferentes desafios, desde morte a aborto e carcinoma (neoplasia maligna) comprometendo a capacidade produtiva dos bovinos.

A intoxicação natural por plantas do gênero Tetrapterys (fam. Malpighiaceae) cursa com insuficiência cardíaca em bovinos. A intoxicação por plantas deste gênero em bovinos, foi descrita pela primeira vez em 1989, entretanto, desde 1968 nas regiões Sudeste e nordeste de Minas Gerais já havia históricos de aborto em vacas, que não eram causados por agentes infecciosos, e vinham sendo atribuídos por fazendeiros e vaqueiros à ingestão de Rynchosia pyramidalis (cipó-correia), pelo menos em São Paulo.

A intoxicação por Tetrapterys spp. determinam quadro subagudo ou crônico de insuficiência cardíaca, usualmente em animais com mais de um ano de idade. Os principais sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva, observados nesses casos, são edema subcutâneo de declive, ingurgitamento e pulsação da jugular. À necropsia verificam-se edemas cavitários, fígado com aspecto de noz-moscada, dilatação cardíaca e áreas pálidas no miocárdio.

Confira o vídeo:

As propriedades tóxicas das plantas são conhecidas desde a Antigüidade, sendo capazes de causar danos à saúde do homem e dos animais, promovendo grandes prejuízos. No Brasil é freqüente a ocorrência de morte súbita em bovinos tendo como causa a ingestão de plantas tóxicas, levando a perdas econômicas difíceis de serem estimadas.

O desconhecimento das espécies vegetais tóxicas é apontado como o principal fator para ocorrência desses acidentes, desse modo, a melhor forma de controle para que as intoxicações não ocorram é a prevenção, uma vez que, até o momento, não se conhecem tratamentos eficientes para a maioria dos casos de intoxicação por plantas.

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