Boi fecha com queda de preço no “Dia da Mentira”

Poderia até ser uma pegadinha de “Dia da Mentira”, mas infelizmente os preços do boi gordo abriram o mês de abril com forte tendência de queda!

O mercado do boi gordo abriu o mês de abril da forma como fechou o mês de março, em queda. A última sexta-feira, 01, o preço do boi gordo oscilou entre estáveis a mais baixos, a depender da praça pecuária avaliada. A boa parte das indústrias estiveram fora das compras e aquelas ativas negociaram os animais com preços menores na comparação diária. Alerta ao pecuarista quanto a oferta de animais e as escalas de abate alongadas.

A boa oferta de animais terminados em pasto e as escalas confortáveis, que atendem, em média, doze dias, permitem que os compradores pressionem os preços. Esse cenário, atrelado a queda do dólar, atingindo uma das menores cotações dos últimos anos, também pressiona as negociações dos animais que atendem o padrão exportação.

Fechamento da Semana

Segundo a Scot Consultoria, no comparativo diário, houve recuo de R$1,00/@ de boi gordo e de R$2,00/@ de vaca e novilha gordas, cotados, respectivamente, em R$327,00/@, R$288,00/@ e R$324,00/@, preços brutos e a prazo.

O ágio para bovinos de até quatro dentes destinados à exportação é de R$10,00/@. Destacamos que o ágio para exportação no início de março chegou a R$30,00/@. A Agrobrazil, app parceiro do pecuarista, informou negociações pontuais para o mercado externo – bovino jovem de até 30 meses – na casa de R$350/@ em Sandovalina, no estado São Paulo. Confira a imagem abaixo!

Sendo assim, em São Paulo, conforme supracitado, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 338,66/@, na sexta-feira (01/04), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 308,05/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 298,89@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 315,50@.

O Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, voltou a mudar a pressão e fechou a semana com valorização de 5,68%. Depois de fechar o mês no pior valor dos últimos 60 dias, abril começou com preços saltando de R$ 323,25/@ para o valor de R$ 341,60/@, conforme o gráfico abaixo.

Os frigoríficos ainda operam com escalas de abate mais bem posicionadas, que hoje atendem entre 10 e 12 dias úteis, em média. Além disso, a paridade cambial ainda é fator relevante para a formação de tendência de curto prazo.

Boiada querendo ir para o gancho

Com a oferta de boi gordo terminado a pasto começando a chegar no mercado com maior intensidade e a demanda interna por carne bovina enfraquecida, as escalas de abate avançam pelo país e a média nacional se encontra próxima dos 10 dias úteis, sem alterações no comparativo semanal.

Os frigoríficos aproveitam o momento confortável para pressionar as cotações para baixo, o que deixa os preços dos animais instáveis na maioria das praças pecuárias do Brasil.

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 12 dias úteis programados, sem alterações no comparativo entre as semanas.
  • Os frigoríficos paraenses encerraram a semana com as escalas na média de 13 dias úteis, aumento de 2 dias no comparativo semanal.
  • Em Tocantins, os abates estão programados para cerca de 11 dias úteis, 3 dias a mais do que foi visto na semana passada.
  • As indústrias mineiras e goianas fecharam a semana com a média de 10 dias úteis escalados, avançando 1 dia e recuando 3 dias, respectivamente, no comparativo semanal.
  • Em Mato Grosso, as escalas de abate se encontram próximas dos 9 dias úteis, mantendo a estabilidade no comparativo entre as semanas.
  • Já os frigoríficos sul-mato-grossenses se encontram com a média das escalas em 8 dias úteis, 1 dia a menos do que havia na semana passada.
  • Em Rondônia, a média das programações recuou 2 dias e se encontra próxima dos 6 dias úteis.

Durante a semana – entre segunda-feira (28 de março) e sexta-feira (1º de abril) –, o valor boi gordo direcionado para o mercado doméstico registrou desvalorização de R$ 10/@ nas praças do interior de São Paulo, de acordo com apuração da Scot.

Segundo a consultoria IHS Markit, o volume significativo de chuvas nas regiões Norte e Nordeste ainda permite a retenção de boiadas gordas no pasto, o que, teoricamente, abriria boas possibilidade de barganha por melhores preços aos pecuaristas locais.

No entanto, notadamente nos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão, os altos volumes de chuvas têm prejudicado as operações logísticas envolvendo animais para abate.

Mercado com viés de baixa

O processo de valorização do real ante o dólar alterou completamente a dinâmica do mercado, fazendo com que os frigoríficos exportadores alterassem seu comportamento, exercendo pressão sobre os preços dos animais que cumprem os requisitos de exportação com destino ao mercado chinês.

Outro fator que mantém o fraco volume de negócios é a preocupação com a manutenção do ritmo de exportações de carne bovina à China.

O país asiático sofre nova onda de casos de infecção de Covid-19 e muitas regiões passam novamente por períodos de quarentena total, o que deve impactar no consumo e nas operações portuárias, observa a IHS Markit.

No mercado atacadista da carne bovina, preços seguem estáveis após a redução nas cotações dos cortes observada nos últimos dias de março.

Segundo a IHS, diante dos impactos inflacionários e a consequente perda do poder de compra da população brasileira, o avanço no consumo deve ser pontual e regular, refletindo em menor procura por parte das redes de distribuição e do varejo.

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