Com a arroba do boi gordo cotada em R$ 320 em São Paulo, o cenário permanece estável, mas as perspectivas para 2025 trazem otimismo moderado e expectativas de desafios.
O mercado do boi gordo apresentou estabilidade nos preços nesta sexta-feira (27), refletindo o clima de fim de ano e o ritmo mais lento das negociações no setor. Com a arroba cotada em R$ 320 em São Paulo, o cenário permanece estável, mas as perspectivas para 2025 trazem otimismo moderado e expectativas de desafios.
A proximidade do Ano Novo desacelerou as negociações. Segundo Allan Maia, analista da Safras & Mercado, o mercado deve retomar a liquidez gradualmente durante a primeira quinzena de janeiro, especialmente em estados como São Paulo, onde escalas confortáveis permitem uma postura tranquila por parte dos frigoríficos.
As cotações médias refletem essa estabilidade:
- São Paulo: R$ 310 a prazo para o boi gordo comum e R$ 315 a R$ 320 para o padrão China;
- Minas Gerais: R$ 300 a R$ 310;
- Goiás: R$ 295 a R$ 305, dependendo do lote;
- Mato Grosso do Sul: R$ 315;
- Mato Grosso: R$ 310 a R$ 315 em Barra do Garças e R$ 300 em Mirassol d’Oeste.
Investigação na China: atenção redobrada
A China, principal mercado para a carne bovina brasileira, iniciou uma investigação sobre as importações de carne bovina, alegando impacto negativo na pecuária local. A apuração, que pode durar até oito meses, não altera as exportações no momento, mas exige atenção dos produtores brasileiros.
“O Brasil, como maior fornecedor de carne para a China, deve acompanhar de perto os desdobramentos”, destacou Maia.
Análise anual: recordes e oscilações em 2024
O ano de 2024 foi marcado por recordes de produção, abate e exportação, mas também por fortes oscilações nos preços.
- Em junho, a arroba chegou ao valor mínimo de R$ 215,30 devido à baixa qualidade das pastagens e à necessidade de venda para redução de custos.
- No último trimestre, os preços da arroba se recuperaram, impulsionados por uma demanda maior e condições de mercado favoráveis.
A Scot Consultoria apontou 2024 como o ano de maior ajuste real nos preços desde 2011, com um aumento nominal de 26,2% no valor da arroba. O relatório da Scot também projeta um cenário de menor oferta em 2025, devido à retenção de animais e ao suporte das pastagens.
Perspectivas para 2025
A expectativa é de um início de ano com menor oferta de animais, possibilitada por boas condições das pastagens, o que pode resultar em uma “engorda barata” e maior retenção de animais no campo. Essa dinâmica deve prolongar a oferta de boiadas da “safra de capim”.
Outro ponto relevante será o comportamento do mercado externo, já que a exportação deve crescer 0,7% em volume, consolidando-se sobre um recorde histórico. O dólar valorizado, acima de R$ 6, deve favorecer as vendas internacionais, compensando a possível morosidade no mercado interno.
Mercado atacadista: estabilidade e otimismo
No atacado, os preços se mantiveram estáveis, com destaque para os cortes:
- Quarto dianteiro: R$ 20,20/kg;
- Quarto traseiro: R$ 26,70/kg;
- Ponta de agulha: R$ 19,40/kg.
Maia acredita que a virada do ano aqueça o consumo, especialmente para cortes nobres, mas alerta para uma possível dificuldade de sustentação desses preços no início de 2025.
Encerra-se 2024
O boi gordo fecha 2024 com o maior valor nominal dos últimos cinco anos, refletindo um ano de desafios e recordes. Com um cenário de menor oferta e demanda externa aquecida, 2025 promete ser marcado por ajustes no mercado interno e oportunidades na exportação. Contudo, o setor deve ficar atento à economia doméstica, ao comportamento dos consumidores e aos desdobramentos da investigação chinesa.
A pecuária brasileira, resiliente como sempre, entra no novo ano com otimismo cauteloso e um olhar atento para aproveitar as oportunidades que surgirem.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Vídeo: Grupo indígena incendeia tratores e casa durante ocupação de fazenda em MS
Ação de cerca de 50 indígenas Guarani-Kaiowá, que reivindicam território ancestral, resultou na destruição de maquinários e da sede da Fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS). Caso reacende tensão agrária na região.
Continue Reading Vídeo: Grupo indígena incendeia tratores e casa durante ocupação de fazenda em MS
Como o sertanejo brasileiro se refletiu na cultura dos cowboys americanos
Nascidos quase ao mesmo tempo para contar a vida na roça, os dois gêneros evoluíram em paralelo até se fundirem, criando a estética que hoje domina o agronegócio e a música no Brasil
Continue Reading Como o sertanejo brasileiro se refletiu na cultura dos cowboys americanos
Peso do cavaleiro: qual é o limite seguro para não lesionar o cavalo?
Não é só o peso do cavaleiro que conta, mas condicionamento, tipo de atividade, idade, sela e até habilidade na montaria.
Continue Reading Peso do cavaleiro: qual é o limite seguro para não lesionar o cavalo?
França cria “megafazenda” com 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal
Instalação na França cria 10 bilhões de larvas para transformar desperdício em proteína, óleo e fertilizante — mas setor ainda enfrenta barreiras econômicas e regulatórias.
Cana-de-açúcar pode garantir energia elétrica em época de seca, diz estudo
Durante a estação seca, quando os reservatórios atingem níveis críticos e a produção hidrelétrica diminui, a energia da cana supre o sistema elétrico nacional, assegurando fornecimento estável e seguro.
Continue Reading Cana-de-açúcar pode garantir energia elétrica em época de seca, diz estudo
A maior fazenda solar do Alasca cultiva alimentos sob os painéis
No estado do Alasca, onde energia e alimentos custam caro, cientistas testam um modelo que une geração solar e cultivo agrícola no mesmo terreno, e já colhem resultados promissores.
Continue Reading A maior fazenda solar do Alasca cultiva alimentos sob os painéis





