Boi gordo vai voltar a subir? Veja como as cotações da arroba abriram a semana

Com frigoríficos fora das compras e o impacto de tarifas dos EUA, arroba do boi gordo recua em várias praças e o produtor sente o peso da estratégia industrial

O mercado do boi gordo iniciou a semana com sinais claros de enfraquecimento nas cotações, reflexo direto de uma combinação de fatores que vão desde o comportamento estratégico das indústrias frigoríficas até novas tarifas impostas pelos Estados Unidos à carne brasileira, que entram em vigor no dia 1º de agosto.

De acordo com as análises das consultorias Safras & Mercado, Scot e Agrifatto, os preços do boi gordo seguem pressionados, com recuos registrados em diversas regiões produtoras e um cenário de consumo interno ainda tímido. Em resumo: pressão externa, oferta elevada e consumo tímido ditam ritmo do mercado pelas praças pecuárias.

Queda nas cotações e pressão da oferta

Conforme levantamento da Scot Consultoria, o boi gordo “comum” nas praças de São Paulo está cotado a R$ 287/@ no prazo, representando uma queda de R$ 3/@ em relação à sexta-feira anterior. Já o “boi-China” fechou o dia a R$ 302/@, com baixa de R$ 2/@. A vaca e a novilha gordas foram negociadas por R$ 273/@ e R$ 283/@, respectivamente.

Em outras praças, os valores também apresentaram recuos:

  • São Paulo: R$ 294,43 (sexta: R$ 295,52)
  • Goiás: R$ 277,04 (sexta: R$ 278,75)
  • Minas Gerais: R$ 281,47 (sexta: R$ 282,65)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 295,57 (sexta: R$ 295,45)
  • Mato Grosso: R$ 295,14 (sexta: R$ 295,61)

Além da menor demanda, a entrada de animais confinados e oriundos de contratos de parceria ampliou a oferta de boiadas prontas, especialmente em um momento em que as plantas frigoríficas habilitadas para exportação reduziram ou suspenderam suas compras.

Impacto das tarifas dos EUA na cotação do boi gordo

A tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — incluindo a carne bovina — gerou instabilidade no setor. Como os EUA são o segundo maior importador da carne do Brasil, a ausência desse mercado impacta diretamente o escoamento da produção. Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, “as indústrias já interromperam a produção de novas remessas para os Estados Unidos”.

Frigoríficos alongam escalas e ganham fôlego

Com a maior oferta de animais prontos e a ausência parcial de compradores, as escalas de abate foram alongadas para uma média nacional entre 9 e 10 dias úteis, proporcionando maior conforto às indústrias no curto prazo, conforme análise da Agrifatto.

Isso tem levado os frigoríficos a atuarem com seletividade, o que, na prática, significa comprar menos, pressionar os preços e explorar a maior vulnerabilidade dos pecuaristas.

Consumo interno fraco e concorrência da carne de frango

No atacado, os preços seguem estáveis, mas com ambiente de negócios fragilizado, especialmente por se tratar da segunda quinzena do mês, período tradicionalmente de menor consumo. A carne de frango, mais acessível ao consumidor final, ganha competitividade frente à carne bovina:

  • Quarto traseiro: R$ 21,80/kg
  • Dianteiro: R$ 17,50/kg
  • Ponta de agulha: R$ 17,50/kg

Mercado futuro e indicadores

O indicador CEPEA registrou queda semanal de 1,45%, com o boi gordo cotado a R$ 298,72/@. Já o indicador da Agrifatto fechou em R$ 298,68/@ (queda semanal de 2,77%), enquanto o Datagro ficou em R$ 299,05/@ (baixa de 2,59%).

Na B3, todos os contratos futuros registraram retração na sexta-feira (18), com o vencimento de setembro/25 fechando em R$ 308,25/@, queda de 1,63%.

E o boi gordo vai voltar a subir?

No curto prazo, o cenário ainda é de pressão, com o comportamento estratégico das indústrias e a alta oferta limitando qualquer tentativa de recuperação significativa nos preços. Para que uma reversão de tendência aconteça, será necessário:

  • Retomada das exportações (inclusive resolução sobre tarifas dos EUA);
  • Redução da oferta de animais terminados;
  • Aquecimento do consumo interno, especialmente com a proximidade da virada de mês.

Até lá, o produtor deve manter atenção redobrada aos movimentos de mercado e planejar com cautela suas entregas.

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