Bolsonaro e FPA: Divergência pela Fusão de ministérios

Presidente da bancada ruralista vinha demonstrando cautela sobre união de Agricultura e Meio Ambiente, anunciada pelo presidente eleito

A fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente pode ser o primeiro ponto de divergência entre Jair Bolsonaro e um dos seus mais fortes aliados no Congresso Nacional: a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Tendo apoiado publicamente o pesselista, a bancada ruralista espera mais facilidade de diálogo sobre as demandas do agronegócio com o novo governo, mas desmonstrava mais cautela em relação a unir os ministérios.

Ainda durante a campanha, a deputada Tereza Cristina, presidente do colegiado disse que seria preciso avaliar com clareza o modelo a ser adotado, já que a questão ambiental não se resume ao meio rural. E às vésperas da votação que lhe deu a vitória no segundo turno, Bolsonaro anunciou que estaria disposto a negociar e que a ideia seria revista.

Nesta terça-feira (30/10), a equipe do presidente eleito se reuniu no Rio de Janeiro (RJ) para dar os primeiros passos da transição e fazer os anúncios do dia sobre a estrutura do primeiro escalão. Enquanto isso, em Brasília (DF), a Frente Parlamentar fazia sua tradicional reunião semanal, em que discute sua estratégia de atuação.

Em entrevista, Tereza Cristina elogiava a intenção de reavaliar a proposta de fusão, manifestada na semana passada. Para a presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, foi um ato de grandeza e sinal de maturidade de Jair Bolsonaro.

“É um sinal de maturidade porque quando a gente tem uma ideia, acha que ela vai dar certo, ouve todos os lados e vê que talvez não seja o momento. Acho que foi uma coisa grande voltar atrás e colocar e banho-maria. Para a agricultura, não é condição sine qua non”, disse ela.

Bolsonaro confirmou a fusão das duas pastas. Procurada pela reportagem da Globo Rural, já depois da decisão, a Frente Parlamentar Agropecuária informou pela assessoria que não comentaria o assunto.

Propostas

Na reunião desta terça-feira, além de discutir o resultado das eleições, os integrantes da bancada ruralista definiram a pauta prioritária de projetos a serem votados no Congresso ainda neste ano. O principal é o PL 3279/2004, que cria novas regras para o licenciamento ambiental no Brasil.

Em relação ao governo eleito, os parlamentares discutiram propostas a serem feitas para a equipe de transição. Tereza Cristina explicou que o colegiado montou uma equipe para receber as sugestões dos parlamentares. E que já existe uma pauta pensada do que é importante para o setor agropecuário.

“Câmbio vai influenciar muito, frete já está influenciando muito a agricultura. Temos muitas coisas a serem discutidas e claro que, com um novo governo, uma nova política, um novo viés, a gente pode influenciar e muito para o bem da agropecuária brasileira”, avaliou a presidente da FPA. Segundo ela, há demandas também na área de crédito e de redução da burocracia.

Na entrevista, Tereza Cristina descartou haver qualquer negociação para indicar o ocupante do Ministério da Agricultura. Anteriormente, chegou a dizer que a FPA poderia sugerir dois ou três nomes para Bolsonaro. Nesta terça-feira, disse entender que isso é secundário, mesmo ressaltando ser um prestígio o grupo poder participar da discussão sobre o novo ministro.

“Mais do que um nome, é importante discutir como será a nossa participação, as sugestões que faremos para ele de políticas públicas para o setor do agronegócio e para a cadeia toda do agronegócio. O agronegócio não é só o Ministério da Agricultura”, frisou Tereza Cristina (DEM-RS), acrescentando que há pautas de interesse do setor em outros ministérios.

Tereza Cristina acredita que há bons nomes para chefiar a pasta e que não precisa ser, necessariamente, um parlamentar. A preocupação dos ruralistas, segundo ela, é com o perfil do ministro. Mas tudo isso foi dito antes dela ser informada de que o “sinal de maturidade” do presidente eleito não estava mais valendo.

Bolsonaro pede nomes para da Agricultura

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL

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