Brasil deve produzir, processar e exportar mais soja na safra 21/22

De acordo com o Rabobank, demanda não deve acompanhar crescimento da oferta global e preços internacionais devem ficar na casa de US$ 12 por bushel.

A safra 2021/2022 deve ser mais uma de recordes para a soja brasileira, segundo projeções do Rabobank, que espera mais área plantada, mais produção, mais esmagamento e mais exportações. A estimativa do banco é de 40 milhões de hectares plantados (alta de 3,3%), produção de 142 milhões de toneladas, processamento de 47,5 milhões e exportações de 88 milhões de toneladas.

Segundo a analista Marcela Marini, especialista em grãos do banco holandês, o aumento expressivo da oferta de soja do Brasil e dos EUA, que devem colher a segunda melhor safra da história, não deve ser acompanhado pela demanda. Os preços, que chegaram a atingir US$ 16 por bushel neste ano, devem se manter, em média, entre US$ 12,55 e US$ 12,70/bushel ao longo de 2022.

A projeção de importações pela China, maior comprador da soja brasileira, é de 101 milhões de toneladas, 3 milhões acima da safra 2020/2021, impulsionadas pela necessidade de mais grãos para a ração dos suínos, já que o rebanho segue sua rota de recomposição após os impactos da Peste Suína Africana (PSA). A estimativa do Rabobank é que a China eleve 5,3% o esmagamento de soja, para 98 milhões de toneladas na safra 2021/2022, com a ressalva de que o governo chinês passou a estimular um menor teor de proteína na ração.

O clima é outro fator de atenção, segundo a especialista, já que, segundo a Agência de Meteorologia dos EUA (NOAA), há 87% de probabilidade de o fenômeno La Nina, que reduz a disponibilidade de chuvas, impactar a produtividade da soja brasileira, especialmente na região Sul, e também a da Argentina, que é o terceiro maior produtor do mundo.

Milho e algodão

O milho, após alcançar preços recordes neste ano, de até US$ 8 por bushel, pela escassez, deve ter aumento de oferta em 2022. Os preços devem variar entre US$ 5,35 e US$ 5,50 por bushel na análise da especialista. A área plantada no Brasil deve atingir 20,8 milhões de hectares e a produção total é estimada em 116 milhões de toneladas, uma alta de 38 milhões em relação à safra 2020/21.

O fator clima também pode impactar a produção de milho, caso o plantio ocorra fora da janela ideal. Com a dificuldades relatadas por produtores em relação à entrega de insumos, há o risco de redução do pacote tecnológico para o cereal de segunda safra, o que pode limitar a produtividade das lavouras.

De acordo com a projeções do Rabobank, é um pequeno aumento no consumo interno, de 73 milhões para 74 milhões de toneladas. As exportações também devem crescer, de 37 milhões para 38 milhões de toneladas.

No mercado global, a estimativa é que a China, com déficit em seus estoques, importe 26 milhões de toneladas de milho, um volume alto se comparado com a média dos últimos 10 anos, mas uma retração de 3,5 milhões de toneladas se comparada ao ciclo 2020/21.

No algodão, a aposta é de um aumento de 12,1% de área no Brasil, passando de 1,37 milhão de hectares para 1,54 milhão. A produção sobe 15%, de 2,35 milhões para 2,71 milhões de toneladas. O clima e a alta dos custos dos insumos podem reduzir a rentabilidade do algodão na nova safra. Além do Brasil, Estados Unidos e Paquistão também devem plantar mais em 2022. O consumo global segue em crescimento de 3% e deve chegar a 27 milhões de toneladas, nas estimativas do Rabobank.

Insumos

Em relação à oferta e demanda de insumos, o analista Bruno Fonseca avaliou que o agricultor brasileiro adquiriu, no ano passado, a maior parte dos fertilizantes e defensivos que precisa para a safra de verão 2021/2022. O risco maior é para o que vai ser semeado no início de 2022.

Segundo ele, quatro fatores estão impactando no preço dos insumos. O primeiro é a crise energética da China, que afetou a produção de defensivos, em especial o glifosato. E o país ainda decidiu segurar a ureia para o mercado local. O segundo é a fixação de uma cota de exportação pela Rússia para atender o mercado interno. Entram na conta também as sanções que Estados Unidos e União Europeia à Bielorussia e o aumento global dos preços do gás.

Em meio a este cenário, no Brasil, os fertilizantes nitrogenados, de janeiro a outubro, subiram mais de 162%; o fósforo, mais de 79%; e o potássio, mais de 216%. Fonseca cita que em novembro de 2020 eram necessárias 11,2 sacas de soja para aquisição de uma tonelada de fertilizante no Mato Grosso. Essa relação de troca passou para 23,6 sacas de soja no mês passado, um aumento de 110%.

Pesa contra a agricultura o fato de importar cerca de 85% do fertilizante que consome e 70% dos defensivos. Apesar disso, Fonseca não acredita que faltarão insumos para as safras brasileiras. “Não haverá falta generalizada. Podem ocorrer problemas pontuais por gargalos logísticos, especialmente no caso do milho safrinha.”

Fonte: Globo Rural

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