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Brasil ficará sem adubo e afetará safra de 40 mi de ha

País que é líder na produção de soja, com um plantio da safra estimada em 40 milhões de hectares, pode ficar sem adubo para os agricultores; Alerta!

Os produtores estão vendo com otimismo este pontapé inicial para a semeadura da soja na safra 2021/22, com a previsão de aumento de área da soja, as lavouras com a oleaginosa deverão ter crescimento de 2,3% sobre o total semeado na safra 2020/2021, de 38,93 milhões. Entretanto, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o Brasil não sabe ao certo qual o real consumo de fertilizantes e defensivos para traçar uma estratégia de enfrentamento a crise global no abastecimento de insumos agropecuários.

O Ministério da Agricultura admitiu hoje que a escassez de defensivos agrícolas e fertilizantes é uma possibilidade real ainda para a safra 2021/22, que começa a ser plantada no Brasil. Os primeiros sinais da falta de matérias-primas começaram a aparecer nos meses de maio e junho deste ano, indicando que as indústrias poderiam ser impactadas e ter dificuldades em entregar os produtos a tempo e nas quantidades esperadas pelos produtores. E agora, como fica a situação da safra de soja para o ano de 21/22, diante dessa falta de insumos?

Segundo o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio De Zen, o Ministério da Agricultura encomendou um estudo para avaliar quais são os atuais fornecedores do país e possíveis alternativas diante da redução da oferta mundial.

Embora a safra de verão 2021/2022 já esteja praticamente garantida, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab revelou preocupação com o milho de segunda safra, cujas entregas de insumos estão em 60% do programado. Ele lembrou que, no caso dessa cultura específica, os Estados do Sul do país sofreram na última temporada com ataques de cigarrinha, tornando ainda mais grave a falta de defensivos químicos no mercado.

O momento de alta de preços e de problemas no abastecimento de insumos requer cautela do produtor rural, defendeu o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Fernando Cadore. Em nota divulgada pela entidade, Cadore afirma que o agricultor não precisa ter pressa para comprar. E, pensando já na próxima safra 2022/2023, considerar a possibilidade de usar menos adubo. Ou até mesmo não usar.

Ele enfatiza, na nota, a necessidade do produtor procurar uma consultoria e, dentro do possível, utilizar a chamada reserva de solo. E, a partir de uma avaliação do nível de nutrientes já presentes na área a ser semeada, racionalizar a aplicação de adubo.

“Use menos adubo. Utilize sua reserva de solo e otimize a viabilidade da safra. Procure a orientação do seu agrônomo, avalie os nutrientes que seu solo possui e se for possível plante sem adubar, utilizando apenas a reserva de solo”, destaca o presidente da Aprosoja/MT.

Dependente da matéria-prima importada, a agricultura brasileira sente os efeitos da questões globais que vem afetando a produção e a oferta de insumos agrícolas básicos, como os fertilizantes. Os preços do gás natural, por exemplo, estão em alta, refletindo no segmento de nitrogenados. A Bielorrússia, que detém 20% da oferta global de potássio, está sob embargo.

Mudanças na política ambiental da China, em direção ao cumprimento de suas metas de redução de emissões de gases poluentes, também estão mudando o quadro de oferta e demanda por insumos.

Nesta semana, a crise de insumos foi tema de pelo menos duas audiências no Congresso Nacional. No Senado, o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento, Sergio de Zen, classificou o cenário atual como “muito preocupante”.

De Zen destacou ainda que o Brasil não tem uma medida clara da sua demanda por insumos como fertilizantes e defensivos. Segundo ele, há várias metodologias e fontes de cálculo, o que dificulta uma padronização da medida e, consequentemente, uma visão geral.

Na Câmara dos Deputados, a crise dos insumos também foi tema de debate nesta semana. Autor do requerimento de audiência pública sobre o assunto, o deputado Jeronimo Goergen afirmou, de acordo com a Agência Câmara, que o Brasil é um país que tem a característica de ser reativo, de só procurar uma solução quando o problema já está em fase avançada.

Ainda conforme a Agência Câmara, a avaliação dos participantes da audiência foi a de que o problema é estrutural. Carlos Goulart, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, disse que uma das estratégias do governo para lidar com a falta de defensivos, por exemplo, é acelerar os pedidos de registro de novos fornecedores à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ele disse ainda que o governo pretende discutir com autoridades da China uma priorização da oferta de glifosato para a agricultura brasileira.  “A China tem interesse de que não falte também insumos para o Brasil porque é uma cadeia interdependente. Ela produz insumos que são trazidos para o Brasil e que são convertidos em produção agrícola”, disse, segundo a Agência Câmara.

Em nota sobre a audiência na Câmara dos Deputados, a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) ressalta que a situação atual exige a busca de alternativas. E defende a regulamentação dos bioinsumos, produtos de natureza vegetal, animal ou microbiana, que podem substituir os químicos no campo.

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