Brucelose: um prejuízo que você pode evitar

Responsável por perdas significativas nos rebanhos bovinos e por oferecer grandes riscos à saúde humana, a brucelose bovina é uma zoonose que exige atenção por parte de produtores, veterinários, técnicos e trabalhadores rurais.

“Nos seres humanos, ela causa danos graves”. As palavras são de Marcos de Carvalho, analista de pecuária da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

Marcos e os pesquisadores Juliana Borges e Urbano Gomes, da Embrapa Pantanal, foram os palestrantes do 2º Ciclo de Palestras Bioma Pantanal, realizado através de uma parceria entre as duas instituições e Senar-MT com o apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e sindicatos rurais de Cáceres, Poconé, Rondonópolis e Cuiabá.

Sobre a doença

A brucelose é causada pela bactéria brucella abortus. “É um problema de saúde pública e um problema econômico para a propriedade rural que tem prevalência elevada”, afirma o analista. A zoonose é uma doença reprodutiva que diminui os índices de prenhez no rebanho e a produção de bezerros.

“Ela gera prejuízos á bovinocultura de corte e de leite já que causa abortos no terço final de gestação, nascimento de bezerros fracos, prematuros (que nascem e morrem em até 24 horas) e retenção de placenta, que acaba causando pus e infecção uterina (o que pode levar à infertilidade temporária ou permanente das fêmeas)”, completa.

A brucelose tem uma ocorrência três vezes maior, em média, nas propriedades de corte e surge com mais frequência em propriedades com maior quantidade de animais.

A forma de contaminação do gado é pela via oral. O local de aborto de uma vaca contaminada, por exemplo, pode abrigar a bactéria por até oito meses. Se outra fêmea comer o capim daquele local específico, ela terá um grande risco de contrair a doença e continuar a disseminá-la pela propriedade.

“É importante os produtores fazerem o exame nas fêmeas, identificar as positivas e fazer o descarte desses animais, que têm que ser enviados para o frigorífico”, diz Marcos.

“Se essa carcaça não apresentar as lesões características da brucelose, ela é liberada para o consumo in natura. A carcaça da fêmea com brucelose não representa um risco de transmissão da doença para o ser humano”.

A zoonose pode ser transmitida aos humanos por meio do contato com secreções que contenham a bactéria, como a placenta ou o leite de animais infectados. Entre os sintomas iniciais estão dores de cabeça e na nuca, febre alta e intermitente, cansaço e fadiga. Após duas ou três semanas, a doença pode piorar e atacar articulações ou o sistema nervoso central, causando neurastenia, depressão, insônia, impotência sexual.

“É uma doença severa para o ser humano. Não vale a pena correr o risco. É melhor se precaver, utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) e não dar chance para essa bactéria entrar no seu organismo”.

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A brucelose é uma doença ocupacional, ressalta Marcos: veterinários, assistentes agropecuários (como peões e capatazes), produtores rurais e vacinadores têm grande risco de contraí-la.

Com informações da Embrapa.

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