Cerrado assume liderança na irrigação e já projeta mercado de R$ 14,4 bilhões

Com mais de 1,46 milhão de hectares irrigados por pivôs centrais, a região concentra o maior número de equipamentos do país e revela um potencial de expansão superior a 93% das áreas aptas à tecnologia

O Cerrado brasileiro se consolida como a principal vitrine da agricultura irrigada no país. De acordo com levantamento da EEmovel Agro, a região abriga 1.460.386 hectares irrigados por pivô central, totalizando 20.517 equipamentos em operação. Mesmo com esse expressivo volume, o número representa apenas 4,16% da área total irrigável, o que aponta para um enorme potencial de crescimento no uso dessa tecnologia.

Potencial de mercado bilionário

Com base nos 34,3 milhões de hectares de cultivos temporários e 751 mil hectares de plantações perenes disponíveis no Cerrado, o estudo da EEmovel projeta um mercado potencial de até R$ 14,4 bilhões apenas para o setor. A estimativa considera o custo médio de implantação de R$ 6.202 por hectare, em propriedades entre 50 e 100 hectares.

Segundo Luiz Almeida, diretor de Operações Agro da EEmovel Agro, a região central do Brasil é especialmente promissora:

“A região possui cerca de 76% mais área plantada que o Sul do país. Ambas são líderes na produção de grãos, principalmente soja, e oferecem grandes oportunidades para a expansão da irrigação”.

Concentração da irrigação no coração do agro

Os dados mostram que Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal são os grandes protagonistas da irrigação com pivôs centrais no Cerrado, concentrando 84% dos equipamentos instalados. Municípios como Paracatu (MG), Unaí (MG), Cristalina (GO) e São Desidério (BA) figuram entre os mais tecnificados do país, segundo mapeamento feito por sensoriamento remoto e cruzamento de dados com a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico).

Destaques municipais:

  • Paracatu (MG): 455 propriedades com pivô central, somando 1.416 pivôs e 86.313 hectares irrigados
  • Unaí (MG): 295 propriedades irrigadas, 985 pivôs e 82.930 hectares irrigados
  • Cristalina (GO): 302 propriedades, 957 pivôs e 69.668 hectares irrigados
  • São Desidério (BA): 280 propriedades, 684 pivôs e 79.399 hectares irrigados

Infraestrutura, produtividade e previsibilidade

A topografia plana, disponibilidade hídrica e o elevado nível tecnológico dos produtores do Cerrado são os pilares que sustentam essa liderança. Irrigar por pivô permite maior previsibilidade da safra, gestão eficiente da água e intensificação produtiva, especialmente em culturas como milho safrinha, feijão, algodão e hortifrúti.

Além disso, a atualização dos dados permite que empresas dos setores de fertilizantes, energia, consultoria agrícola e tecnologia rural tracem estratégias comerciais com base em:

  • Campanhas segmentadas por região
  • Gestão inteligente de carteiras
  • Planejamento de expansão territorial
  • Avaliação da capacidade de investimento por município

Sul ainda tem espaço para crescer

Apesar da forte presença no agronegócio nacional, a Região Sul conta com 418.077 hectares irrigados e 7.159 pivôs centrais, cobrindo apenas 2,10% da sua área irrigável — cenário ainda distante do desempenho apresentado no centro do país.

O avanço da área irrigada no Cerrado não apenas consolida a região como epicentro da tecnificação agrícola no Brasil, mas também revela uma fronteira promissora de negócios, investimentos e aumento da produtividade. Com mais de 93% da área apta à irrigação ainda sem uso de pivôs centrais, o futuro da agricultura irrigada — e de bilhões em movimentação econômica — passa inevitavelmente pelo Cerrado.

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