Cinco mentiras que te contam sobre a agropecuária

Material contradiz um mito muito repetido, o de que os grandes produtores agropecuários destroem biomas em sua sede por mais espaço para o plantio e o gado.

O Brasil está entre os países que possui maior rebanho comercial, grande exportador de alimento, além de ser um dos maiores produtores de grãos do mundo. Entretanto, apesar do grande papel que o setor tem na economia e desenvolvimento do país, muitos dados ainda são divulgados de forma errônea pela mídia. Confira as cinco mentiras que te contam sobre a agropecuária!

Some as áreas de 16 países: França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Eslovênia, Eslováquia, Áustria, Holanda, Bélgica, Liechtenstein, Dinamarca, Polônia, Reino Unido e Irlanda. Este é o equivalente ao território preservado pelas fazendas brasileiras.

comparação foi convertida pela Embrapa Territorial, que cruzou dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) de fevereiro de 2021 para concluir que o agronegócio preserva 282,8 milhões de hectares de vegetação nativa, o que representa 33 , 2% do território brasileiro.

O dado contradiz um mito muito repetido, o de que os grandes produtores agropecuários destroem biomas em sua sede por mais espaço para o plantio e o gado. Existem muitas outras informações desencontradas sobre o setor. Conheça agora cinco mentiras que contaram a você sobre o agronegócio.

1. “O agro é responsável pelo desmatamento da Amazônia”

“Muitos estudos ecológicos da agricultura brasileira interessam-se apenas pelo impacto ambiental dos sistemas de produção, sem considerar como áreas não exploradas e mantidas em vegetação nativa pelos produtores rurais, com as quais como áreas produtivas interagem”, defende, em artigo sobre o tema , Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial e doutor em ecologia pela Universidade de Montpellier.

Na verdade, não é produtivo para os grandes produtores desmatar terras para aumentar a produção. Eles seguem uma estratégia diferente: investem em tecnologia para aumentar a produtividade das terras que já têm. Com base nesse esforço, obtenção encontrando formas de integrar diferentes sistemas na mesma propriedade.

Foto: JM Matos

Pesquisada pela Embrapa há 20 anos, uma chamada integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) está em franco crescimento no Brasil, inclusive na Amazônia. Consiste, nas palavras do órgão, “da utilização de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feito em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades ”. 

Assim, permite usar o melhor os insumos e diversificar a produção, sem derrubar uma árvore sequer.

“Responsável por desmatamento é o criminoso ilegal, que precisa ser preso, julgado e apresentado à sociedade e não ser misturado com os verdadeiros produtores e produtoras rurais”, diz José Luiz Tejon, especialista em agronegócio.

2. “A maior parte da comida do brasileiro vem da agricultura familiar”

Enquanto o agronegócio produz insumos que nem sempre se dedicam à alimentação humana e podem ser voltados, por exemplo, para sustentar a pecuária, uma agricultura familiar gera 70% de toda a comida consumida pelas pessoas. Essa afirmação é repetida com frequência, há mais de dez anos. Mas nem por isso se tornou verdadeira.

Em 2006, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produziu um Censo Agropecuário que buscou avaliar o impacto da agricultura familiar. Concluiu que, aquele ano, esses produtores foram responsáveis ​​por produzir 33% do arroz em casca, 69,6% do feijão, 83% da mandioca, 45,6% do milho em grão, 14% da soja, 21% do trigo e 38% fazem café em grão.

Mas o levantamento considera que a melhor forma de avaliação a participação do setor é calcular o valor anual dessa produção. E, naquele ano, um produto agrícola familiar gerou R $ 54,5 bilhões, 33,2% do total. É expressivo, mas menos de metade dos alardeados 70%.

Um problema de toda essa argumentação é: como definir a agricultura familiar? Afinal, produtores familiares são integrados ao agronegócio. O IBGE produziu a estimativa considerando uma série de critérios, incluindo limites de área, de uso de mão de obra, de origem da renda familiar de gestão da propriedade. Outros pesquisadores usam outros critérios, que ampliam a base de dados e, por isso, permite chegar a diferenças diferentes, que dão a sentido, de forma artificial, que pequenos produtores é que sozinhos alimentam o país.

“A comida do brasileiro vem de todos os produtores. Os grandes, os médios e os pequenos são famílias ”, avalia José Luiz Tejon. “Agronegócio é um casamento indissolúvel entre agricultores de todos os portes com agroindústria de todos os portes”.

3. “Usa-se muito agrotóxico no campo”

Todos os anos, cada brasileiro é envenenado por 5 litros de agrotóxicos. De onde surgiu este número? “Essa conta é resultado de uma série de erros conceituais buscados com má-fé”, responde o jornalista Nicholas Vital, autor do livro Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo . “Considera que são usados ​​no Brasil 1 bilhão de litros de agrotóxicos por ano, mas ignora o fato de que ele é diluído em água. Alguns produtos têm diluição de 5 gramas em um tanque de mil litros de água ”.

Além disso, muitos produtos não são relatórios plantas que os humanos usam para se alimentar. “O glifosato, por exemplo, é um dos agroquímicos mais usados ​​no país e serve para matar o mato em volta a plantação. Não tem contato com as culturas em si ”.

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Foto: Coimbra Martins Netto @coimbra0707

Vital lembra que o termo “agrotóxico”, que não tem paralelo em outros idiomas, é enganoso. “Em outros lugares, é chamado de ‘pesticida’, porque funciona para combater pragas. Quando é projetado nas plantas, funciona como um remédio, que não se acumula no sistema dos vegetais ”. O problema dos pesticidas está na aplicação incorreta, diz Tejon: “Quando utilizados da forma recomendada, eles são seguros”.

4. “Alimentos orgânicos são mais saudáveis”

Não existe nenhuma comprovação dessa afirmação. “Quem defende essa ideia geralmente tem algum interesse paralelo com o mercado de comida orgânica”, afirma Nicholas Vital. “Os alimentos orgânicos não têm mais nutrientes, nem são mais saborosos. Até porque eles usam algum tipo de produto, de origem não explicada e eficácia não comprovada, para matar pragas. E, se mata pragas, é químico, mesmo que tenha origem na natureza ”.

A forma mais adequada de eliminar pragas e melhorar a saúde das plantas, o uso de pesticidas, é outra: desenvolver sementes transgênicas. Essas, sim, e não os alimentos orgânicos, têm potencial para alimentar o planeta com qualidade, num cenário em que a população mundial vai continuar crescendo precisamente nas regiões mais pobres.

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Foto: Katy Askew / Genetic Literacy Project

5. “Antibióticos e hormônios usados ​​em animais são nocivos para seres humanos”

Toda vez que uma pessoa vir carne de frango, está ingerindo uma grande quantidade de hormônios, correto? A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) fez essa pergunta aos consumidores, e 72% responderam que sim. Mas a resposta é “não”.

O fato de que o animal cresce e de desenvolvimento em pouco mais de 40 dias é o resultado de melhoramento genético e seleção artificial, conduzida pelos produtores. O Brasil proíbe o uso de hormônios ou quaisquer outras substâncias, naturais ou artificiais, para acelerar engorda ou crescimento, em qualquer espécie animal criado para consumo.

Antibióticos, por sua vez, são liberados, até para preservar a saúde dos animais. Mas o uso é controlado, com quantidades restritas, e não há qualquer comprovação científica de que as substâncias se acumulem na carne – elas são expelidas pelo próprio organismo dos animais.

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