Com @ mais barata, carne é exportada a US$ 4,91 mil/t

O preço médio pago pela tonelada da carne brasileira está na casa dos US$ 4,91 mil; Porém, no campo a arroba ainda é a mais barata em comparação aos seus concorrentes!

No mercado do boi gordo, após três meses, as exportações brasileiras para o mercado chinês foram retomadas. Mas qual o real impacto desse retorno no campo, até o momento? Outro ponto muito importante de se discutir e apresentar é o preço da carne bovina que é negociada pela indústria e aquele que é repassado para o pecuarista no campo. Com a arroba mais barata frente aos seus concorrentes, o pecuarista ainda sofre com os altos custos de produção!

Um grande alerta para a classe produtora deve ser colocada à mesa neste momento. Não há o que discutir que o retorno da China as compras no mercado da carne bovina brasileira veio como um presente de Natal adiantado, porém o impacto ainda não foi visto nos preços pagos ao produtor. Essa afirmação foi reforçada pelo Cepea nesta semana.

Esclarecendo os fatos

Os preços da arroba tiveram um setembro e outubro negros, um período para ser esquecido, já que o recuo das cotações chegou a casa de R$ 65,00/@ – lembrando que esse impacto veio da saída da China das compras após dois casos atípicos de vaca louca. Mas o mercado interno é soberano, e o pecuarista viu a força que ele tem quando os preços voltaram a decolar no mês de novembro e ainda sustenta os atuais valores.

Alguns chegaram a dizer que os preços foram do inferno ao céu em questões de dias, já que o mercado interno ainda responde por mais de 70% do consumo da carne brasileira. Entretanto, mesmo com o avanço dessas cotações e o retorno da China as compras, as cotações da arroba brasileira ainda deixam o país com o “título” de arroba mais “desvalorizada”, frente aos seus principais concorrentes.

Vamos aos números: O valor atual da arroba é precificado em U$ 54,31/@ no Brasil, valor esse que representa cerca de 50% da arroba negociada na Austrália, um dos principais concorrentes do país. Além disso, é preciso recordar que o valor da arroba brasileira em dólar, antes do embargo chinês, chegou a ser negociada ao mesmo valor da arroba do boi norte americano.

Mas afinal de contas, quem tem ganhado com esse cenário? Quando o pecuarista irá receber preços justos e condizentes com a qualidade da matéria-prima, o boi, que é entregue as indústrias. Sim, falamos em qualidade da carne, pois essa é negociada a um preço médio da tonelada está na casa dos US$ 4,91 mil. Onde será que a margem de lucro está crescendo, já que a do pecuarista esta cada vez mais estreita com os altos custos de produção?

Os números não mentem

Ainda que o setor pecuário nacional esteja bastante otimista com a retomada dos envios de carne bovina à China, os preços do boi gordo e da proteína registraram apenas pequenas oscilações ao longo da última semana – cenário que, inclusive, já vinha sendo verificado antes do anúncio da retomada das exportações ao destino asiático.

No campo, segundo colaboradores do Cepea, muitos pecuaristas passaram a restringir a oferta de gado pronto para abate, favorecidos pela melhora dos pastos – devido às recentes chuvas – e à espera de reações nos preços do animal. Além disso, por questões fiscais, produtores geralmente se afastam do mercado spot nacional neste período, indicando voltar a negociar apenas no início do ano seguinte.

Assim, no acumulado da parcial deste mês (entre 30 de novembro e 21 de dezembro), o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) acumula pequena alta de 1,69%, fechando a R$ 327,75 nessa terça-feira, 21.

Para a carne negociada no mercado atacadista, valorizações mais intensas têm sido limitadas pelos elevados preços da proteína no varejo e pela maior competitividade das concorrentes (carnes suína e de frango), especialmente diante do baixo poder de compra da maior parte da população.

Exportações brasileiras de carne bovina

Com o retorno da China às compras de carne bovina brasileira, as exportações da proteína in natura aceleraram o ritmo, informa a consultoria Agrifatto.

Durante a última semana, 28,35 mil toneladas foram embarcadas, um avanço de 29% em relação à semana anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “Esse foi o maior volume semanal desde a primeira semana de outubro/21”, relata o economista Yago Travagini, consultor da Agrifatto.

No acumulado de dezembro/21, os embarques de carne in natura brasileira totalizam 66,20 mil toneladas, 14,2% abaixo do volume registrado em igual período de 2020. “Com a retomada chinesa, a tendência é que ultrapassemos as 110 mil toneladas exportadas em dezembro/21”, prevê Travagini. O preço médio pago pela tonelada está na casa dos US$ 4,91 mil, praticamente o mesmo valor (valorização de 0,18%) da semana anterior.

Com isso, as vendas externas da primeira quinzena de dez/21 consolidaram um montante de US$ 325,38 milhões, o equivalente a 50,66% de todo o mês no ano passado, quando a carne bovina exportada tinha um preço 8,32% inferior, informa a Agrifatto.

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