Os operadores “fugiram” de ativos de maior risco, como as commodities agrícolas, o que abriu espaço para uma correção de preços.
O trigo liderou o movimento de realização de lucros nas negociações dos grãos na bolsa de Chicago nesta terça-feira. O contrato para julho, o mais ativo no momento, caiu 1,75% (19,75 centavos de dólar), a US$ 11,2875 o bushel. O cereal vinha acumulando forte valorização nos últimos dias. Hoje, no entanto, os operadores “fugiram” de ativos de maior risco, como as commodities agrícolas, o que abriu espaço para uma correção de preços.
Ainda que o trigo tenha recuado na sessão de hoje, os fundamentos do cereal ainda oferecem sustentação às cotações. A guerra na Ucrânia, que segue limitando o fornecimento de ucranianos e russos, dois dos maiores exportadores globais, e a condição das lavouras de trigo dos Estados Unidos estão entre as preocupações do mercado.
Segundo relatório do Departamento de Agricultura americano (USDA) divulgado ontem, as áreas de trigo de inverno em boas ou excelentes condições no país caíram de 32% para 30%, o pior nível de qualidade das lavouras do cereal nos EUA desde 1996. “O déficit hídrico nas Grandes Planícies continua e, portanto, pode comprometer os rendimentos da safra”, afirmou a AgriTel, em nota.
Milho
O milho também passou por correção após atingir seu maior valor em quase dez anos em Chicago na sessão da véspera. O contrato para julho, o mais negociado, caiu 0,9% (7,25 centavos de dólar), a US$ 7,9975 o bushel. O gatilho para a realização de lucros foi a queda acentuada do petróleo no mercado internacional, que pressionou outras commodities negociadas no exterior. No caso do milho, a desvalorização do fóssil tira a competitividade do etanol produzido nos Estados Unidos, onde o biocombustível é feito majoritariamente a partir do cereal.
O mercado segue de olho nas condições climáticas para o plantio da safra 2022/23 nos EUA. O excesso de chuva e as baixas temperaturas estão retardando a semeadura no país, mas, para a DTN, o quadro deverá mudar nos próximos dias, com chuvas mais dispersas no Cinturão do Milho americano. Segundo o USDA, o plantio do milho chegou a 4% da área estimada até a semana encerrada em 17 de abril, avanço de 2 pontos percentuais em relação à semana anterior, mas abaixo da média para o período, de 6%, e dos 7% registrados em 2021.
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Soja
A queda da soja foi menos pronunciada. O contrato para julho, o mais negociado, recuou 0,09% (1,50 centavo de dólar), a US$ 16,9175 por bushel. Durante os negócios, o USDA informou a venda de 123,6 mil toneladas de soja para “destinos desconhecidos”, o que o mercado entende ser a China. A notícia atenuou a pressão de baixa sobre as cotações. Segundo a AgResource, existe expectativa entre os operadores de que os chineses farão novas compras no decorrer dos próximos dias.
Ainda nos Estados Unidos, o USDA reportou que o plantio da safra 2022/23 de soja começou na última semana no país. Até o momento, apenas 1% da área foi semeada, ritmo inferior aos 3% do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco ano, de 2%.
Fonte: Valor Econômico