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Como a picanha se tornou a “queridinha” para churrasco?

A picanha, a carne que é a “queridinha” para um bom churrasco; Mas afinal, como que ela se tornou a peça mais desejada pelos brasileiros?

Faz tempo que churrasco e picanha são quase sinônimos. Seja inteira, em bifes, no espeto ou no alho, a carne costuma ser a escolha número 1 quando se fala em grelha.

Extraída da alcatra, a peça fica na área traseira do boi, junto ao dorso. Como não é utilizada pelo animal para a sua locomoção, tem fibras pouco trabalhadas e, portanto, mais macias. A ausência de colágeno e a presença da capa de gordura que torna o corte mais saboroso são outros fatores que o fazem se destacar do restante.

De acordo com István Wessel, dono da marca de carnes Wessel, a adoração do brasileiro pela peça está, sim, relacionada com as características mostradas acima, mas não só.

Segundo István, a picanha começou a ser separada da alcatra em 1960 pelo seu pai, o imigrante húngaro László Wessel. No comando do açougue fundado no bairro do Bixiga, em São Paulo, ele atendia clientes alemães que vieram para o Brasil trabalhar na fabricante de carros Volkswagen.

Os estrangeiros, com saudade das comidas típicas do seu país de origem, começaram a pedir para László fazer um corte especial para conseguirem preparar o tafelspitz – prato alemão que leva generosas fatias de carne.

Tratava-se da picanha, mas em vez de ser preparada na churrasqueira, entrava no cozido feito com raiz forte.

László passou a vender a carne para outros fregueses, que foram conquistados pela maciez do corte. “O espanhol Belarmino Iglesias, do Rubaiyat, declarou a uma revista que a primeira pessoa que ele viu cortar picanha foi o meu pai”, conta István.

Questão de época

István explica que antigamente era o filé-mignon que reinava nos churrascos. “Na época, os animais eram abatidos com até 5 anos e possuíam uma carne bem rígida”, diz. A título de comparação, a indústria hoje usa bois de no máximo 2 anos e meio.

Conforme o corte foi ficando conhecido, o mercado nacional começou a não dar conta da demanda e passou a recorrer aos produtores hermanos. “Os importadores eram recebidos com tapete vermelho por lá. A peça não era consumida na Argentina, então os brasileiros levavam o que estava encalhado”.

Não demorou muito, porém, para que os profissionais do país vizinho viessem para São Paulo e entendessem como a picanha estava sendo valorizada no churrasco. “Foi aí que o preço da carne começou a subir”.

Reinado em perigo

Os tempos áureos da picanha fizeram a peça ir parar em cardápios de casas de carne internacionais. O nome ficou tão forte que nem foi traduzido, igual ‘caipirinha’.

A ‘marca’ atravessou fronteiras “. De acordo com o especialista, o mercado hoje em dia já não está mais tão forte. A explicação está na evolução da produção de bois.

O investimento em genética e melhores formas de manejo resultam num melhor animal para o consumo. Isso possibilita que outras partes do boi também apresentem gordura entremeada e fibras mais flexíveis.

Por conta da genética, da idade dos bois, do manejo e da alimentação, surgiram outros cortes no mercado que reduziram a pressão sobre a picanha. Bife ancho, flat iron e short rib, por exemplo, também são boas para o churrasco”.

Como preparar picanha do início ao fim

Tatiana Bassi, outro nome famoso das carnes, dá suas dicas para obter o melhor da picanha em seu churrasco.

Como identificar uma picanha de qualidade?

A gordura não pode estar muito amarela, nem muito branca. Além disso, o ideal é ter de um dedo e meio a dois dedos de altura. Nem mais, nem menos. Vale evitar as peças que apresentam falha na limpeza. Ou seja, um naco cortado fora. Isso mostra que ali tinha algum hematoma ou que algum bicho machucou o animal.

A picanha é um triângulo. Na parte oposta ao bico se pode observar o quando há de pontos de gordura. É importante exibir marmoreio. Se for comprar a vácuo, quanto mais justo estiver o plástico a carne, melhor. Nunca se deve pegar aquela peça que já perdeu muito líquido.

Em relação ao tamanho da peça, não é mais como antigamente. Com o desenvolvimento das raças, é possível encontrar opções pequenas e grandes muito boas. Vai depender da criação, da procedência.

De quais formas a peça pode ser preparada?

A picanha é um corte democrático que não pode fazer no churrasco: é possível prepará-la inteira, no espeto, em posta (bifes grossos) e, caso sobre um pedaço, ainda dá para colocar no forno ou na panela.

A forma mais fácil de acertar o ponto é cortando a picanha em postas. Essa também é a melhor maneira quando o churrasco tem muitos convidados pois os bifes podem ser levados à brasa simultaneamente e todo mundo consegue comer na mesma hora.

Quem gosta da carne mal passada ou ponto para mal pode cortá-la mais grossa. Para ter um bom desempenho em ponto mais ou bem passada, melhor fatiá-la mais fina. O bom da picanha é que por conta da gordura, mesmo quando ela é feita bem passada, não fica ressecada.

No espeto geralmente o processo é mais lento e trabalhoso. Conforme as áreas externas da carne vão ficando tostadinhas, retira-se o espeto da grelha temporariamente para cortar e servir as bordas, como se faz nas churrascarias.

Quando a picanha é levada inteira para a grelha, vale ter em mente que as bordas estarão sempre mais passadas do que o interior. Por isso ela é democrática e agrada a todos.

Qual a melhor forma de temperá-la?

Virou moda salgar a carne depois de pronta, mas não tem o menor problema salgar antes ou depois. Vai do paladar da pessoa. A questão, porém, é o tipo de sal usado em cada uma das ocasiões.

Para salgar antes, o melhor é sal grosso normal. Já depois, é preferível sal Maldon em lascas ou sal de Parrilla, mas bem fininho. Quando os dois tipos tocam a superfície da carne, que está numa temperatura alta, são absorvidos por ela e derretem.

Se usar um sal muito grosso e ele não derreter é capaz de quebrar o dente.

Como fatiá-la depois de pronta

Tem que ter uma faca extremamente afiada e amolada. Afiada significa ter o fio fininho e forte a ponto de te cortar. Já amolada mostra que não há dentinhos na lâmina, que está reta e lisinha.

Na hora de cortar, o movimento é um só e certeiro. Não se pode serrar como se a carne fosse um pão.

Quais opções podem substituir bem uma picanha no churrasco?

Para Tatiana, cada corte é um corte. “Não adianta falar que dá para substituir”, crava.

Existem outras carnes do dianteiro saborosas e macias que são para churrasco hoje em dia, mas não podem ser comparadas a picanha. Nada se compara a nada.

Fonte: Reportagem de Gabrielli Menezes, do Nossa, do UOL.

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