Como adaptar o manejo e as dietas em mudanças bruscas de temperatura

Para minimizar os efeitos negativos, o pecuarista deve adotar estratégias que envolvem o ajuste do manejo e das dietas, priorizando a estabilidade fisiológica e comportamental do rebanho

As mudanças climáticas repentinas, comuns entre estações ou em frentes frias e ondas de calor, podem causar estresse térmico nos bovinos confinados. O impacto vai além do desconforto: afeta o consumo, a digestão, o desempenho e a sanidade dos animais.

O desempenho zootécnico de bovinos confinados está diretamente relacionado à ingestão de matéria seca (MS). Um dos fatores que mais influenciam esse consumo, muitas vezes negligenciado, é o clima. Variações de temperatura, umidade, vento e até mesmo pressão atmosférica afetam o comportamento alimentar e fisiológico dos animais, exigindo atenção do pecuarista e ajustes no manejo.

Em dias quentes e úmidos, os bovinos tendem a consumir menos alimento. Isso ocorre porque o processo digestivo gera calor, e os animais tentam reduzir a produção interna de calor para manter sua temperatura corporal estável. Já em dias muito frios, especialmente quando há vento e umidade, o animal precisa gastar mais energia para manter sua temperatura corporal, o que pode aumentar o consumo energético necessário desde que o ambiente permita isso.

Sinais de alerta no cocho

  • Redução súbita do consumo diário de ração;
  • Acúmulo de restos (cocho sujo);
  • Fezes mais líquidas ou com alteração de cor e consistência;
  • Aumento no tempo de permanência de animais deitados.

Adaptação do manejo das dietas é a chave

Para minimizar os efeitos negativos, o pecuarista deve adotar estratégias que envolvem o ajuste do manejo e das dietas, priorizando a estabilidade fisiológica e comportamental do rebanho.

Práticas recomendadas:

  • Revisar a formulação da dieta:
    • Em dias mais frios, aumente ligeiramente a densidade energética da dieta.
    • Em dias mais quentes, reduza o amido e aumente a fibra efetiva para reduzir o risco de acidose.
  • Ajustar os horários de trato:
    • Forneça alimento nos horários mais agradáveis do dia (início da manhã e final da tarde).
    • Evite fornecer ração nos momentos de calor extremo.
  • Monitorar o consumo diário:
    • Variações abruptas podem indicar que o clima está interferindo no comportamento alimentar.
  • Garantir ventilação e sombra:
    • Ambientes com boa circulação de ar ajudam a aliviar o calor.
    • Em época fria, evite vento direto sobre os animais, usando barreiras naturais ou lonas.
  • Oferecer água limpa e acessível:
    • O consumo de água deve ser incentivado tanto no calor quanto no frio, pois está diretamente ligado ao consumo de ração.

O papel do manejo preventivo

Monitorar o consumo diário de matéria seca e observar os animais no cocho são medidas simples, mas eficazes. Pequenas quedas no consumo podem indicar estresse térmico, mudanças hormonais ou até início de distúrbios digestivos.

Adaptar o fornecimento de alimento nos horários mais frescos do dia, evitar aquecimento da dieta no cocho e manter boa qualidade da água também são práticas recomendadas.

Em sistemas intensivos, como o confinamento, pequenos detalhes fazem grande diferença. Observar o clima e adaptar o sistema de forma preventiva ajuda a manter a eficiência alimentar e o bem-estar animal, além de evitar perdas no desempenho.

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