Como manter gado de corte nutrido no período de estiagem

A falta de chuvas tem impactado diretamente na disponibilidade de alimentos para o gado de corte, levando os produtores a adotarem medidas emergenciais e a planejarem ações de médio prazo para mitigar os efeitos da estiagem; confira as melhores estratégias para manter gado nutrido durante a seca

O agro, especialmente a pecuária, enfrenta desafios constantes e, nos últimos anos, produtores de todo o Brasil têm lidado com um dos períodos de seca mais severos da história recente. A falta de chuvas tem impactado diretamente na disponibilidade de alimentos para o gado de corte, levando os produtores a adotarem medidas emergenciais e a planejarem ações de médio prazo para mitigar os efeitos da estiagem.

De acordo com o médico veterinário Ricardo dos Santos da Silva, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, é fundamental garantir o bem-estar dos animais durante a seca para evitar perdas de peso e redução na capacidade produtiva. Uma das principais estratégias é a complementação da alimentação com volumosos, como capineiras, silagem e pasto, ou com concentrados.

Investir em ações durante o período das chuvas também é crucial para minimizar os impactos da seca. O plantio de forrageiras nesse período é essencial para garantir uma alimentação balanceada e em quantidade suficiente para o crescimento e bem-estar dos animais durante a estiagem. Segundo Ricardo, é importante que os produtores consultem técnicos da região para escolher os melhores alimentos e definir a quantidade necessária para atravessar a seca com segurança.

Experiências de produtores em todo o país destacam a importância do planejamento e da adoção de medidas recomendadas por técnicos especializados. O uso de pastejo rotacionado com irrigação, a complementação da alimentação com silagem e a redução dos custos de produção são exemplos de estratégias eficazes para enfrentar a seca.

Além da complementação da alimentação, outras estratégias podem ser adotadas para manter o gado nutrido durante a estiagem. A terminação intensiva a pasto (TIP), por exemplo, tem se mostrado uma alternativa viável, proporcionando ganhos significativos de peso vivo por animal. Essa técnica consiste em fornecer a maior parte da alimentação no cocho e uma pequena porção no pasto, garantindo um ganho médio de carcaça expressivo em um período relativamente curto.

Foto: Divulgação

Outra alternativa interessante é a suplementação protéico-energética na fase pós-desmama dos bezerros, que ajuda a minimizar o estresse causado pela separação da mãe e pela baixa qualidade das pastagens durante a estiagem. Essa estratégia, quando bem aplicada, pode garantir que os animais entrem na estação das águas em boas condições.

Além das medidas diretas relacionadas à alimentação do gado, o manejo adequado das pastagens também desempenha um papel fundamental na superação da estiagem. A adubação correta, o ajuste de lotação e a produção de volumosos são algumas das práticas recomendadas pelos especialistas para garantir o crescimento saudável das plantas e a disponibilidade de forragem de qualidade para os animais.

Dessa forma, enfrentar a estiagem requer um planejamento cuidadoso e a adoção de estratégias diversificadas para garantir a nutrição e o bem-estar do gado de corte. A combinação de medidas emergenciais e ações de médio prazo, aliadas ao acompanhamento técnico especializado, são essenciais para minimizar os impactos da seca e garantir a sustentabilidade da atividade pecuária mesmo em condições adversas.

Exemplo prático de estratégia para manter o gado nutrido

Foto Divulgação

Planejamento antecipado: O primeiro passo é realizar um planejamento detalhado durante o período das chuvas. O produtor deve calcular a quantidade necessária de alimento para atravessar a seca, considerando a capacidade de suporte da propriedade e o número de animais. É fundamental incluir uma margem de segurança para imprevistos.

Produção de forrageiras: Durante o período das chuvas, o produtor deve investir no plantio de forrageiras de alta qualidade, como capim Tifton, Mombaça e Quênia. Essas variedades são conhecidas por sua alta produtividade e valor nutricional, essenciais para a alimentação do gado durante a seca.

Estocagem de alimentos: A produção e estocagem de silagem e feno são cruciais. Em fevereiro, quando os preços são mais baixos, o produtor pode plantar sorgo ou milho para silagem. Após a colheita, a silagem deve ser armazenada adequadamente em silos, utilizando técnicas como prensagem e aplicação de inoculantes para garantir a qualidade do alimento.

Manejo rotacionado e irrigação: Implementar um sistema de pastejo rotacionado com irrigação permite uma utilização eficiente da área de pastagem. Dividindo a propriedade em módulos ou piquetes, o produtor pode controlar melhor o uso da pastagem e manter o crescimento das forrageiras mesmo durante períodos de baixa precipitação.

Complementação alimentar: Durante a seca, a alimentação do gado deve ser complementada com volumosos como silagem, feno e capineiras. Além disso, é importante incluir concentrados na dieta, como sal proteinado e quirela de milho, para garantir uma nutrição equilibrada. Ajustes na quantidade de suplementos podem ser feitos conforme a necessidade.

Consultoria técnica: Manter um acompanhamento contínuo com técnicos especializados é essencial. Esses profissionais podem fornecer orientações sobre as melhores práticas de manejo, ajustes na dieta e estratégias para enfrentar condições adversas. A consulta regular ajuda a adaptar as práticas conforme as mudanças climáticas e as necessidades específicas do rebanho.

Adoção de tecnologias e inovações: Incorporar tecnologias modernas como a terminação intensiva a pasto (TIP) pode aumentar a eficiência na alimentação. A TIP consiste em fornecer a maior parte da alimentação no cocho (90%) e uma pequena parte no pasto (10%), garantindo ganhos significativos de peso vivo por animal. Isso é feito oferecendo aproximadamente 2% do peso vivo do animal em ração diariamente.

Suplementação pós-desmama: Para os bezerros, especialmente na fase pós-desmama, é recomendada uma suplementação protéico-energética que ajude a minimizar o estresse e compensar a baixa qualidade das pastagens. Dietas com cerca de 25% de proteína bruta e ricas em minerais podem ser fornecidas para melhorar o desempenho dos bezerros durante a seca.

Exemplo prático

Pecuaristas têm vencido a queda de braço contra os frigoríficos, mantendo a pressão de alta da arroba; Boi segue firme o estradão, sem espaço para marcha à ré.

O produtor João Silva, seguindo essas estratégias, conseguiu atravessar um período de estiagem sem perdas significativas em sua produção de gado de corte. Ele plantou sorgo em fevereiro e armazenou 100 toneladas de silagem em silos, garantindo um estoque suficiente para o período seco. Implementou um sistema de pastejo rotacionado em sua propriedade, dividindo a área em cinco piquetes irrigados. Durante a seca, complementou a alimentação com silagem e feno, além de fornecer sal proteinado e quirela de milho.

João também manteve um acompanhamento técnico regular com especialistas da CDRS, que o orientaram sobre as melhores práticas de manejo e suplementação alimentar. Adotando a terminação intensiva a pasto, ele conseguiu aumentar significativamente o ganho de peso dos animais, obtendo uma média de 800 gramas de carcaça por dia durante 90 dias. Com essas medidas, ele garantiu a saúde e a produtividade de seu rebanho, superando os desafios da estiagem de forma eficiente e sustentável.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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