
Decisão envolve 12 empresas e produtores rurais ligados às famílias Doerner e Lopes; juiz reconheceu viabilidade do conglomerado e blindou ativos essenciais, dívida soma cerca de R$ 375 milhões
O setor empresarial de Mato Grosso volta a ser palco de um dos maiores pedidos de recuperação judicial do ano. O juiz Cristiano dos Santos Fialho, da 4ª Vara Cível de Sinop, deferiu o processamento da recuperação judicial do Grupo LD, que reúne 12 empresas e sete produtores rurais vinculados às famílias Doerner e Lopes. O passivo total reconhecido chega a R$ 375 milhões, envolvendo negócios nos ramos de mineração, agropecuária, transporte, logística fluvial e participações societárias.
Segundo a decisão, a recuperação será conduzida em regime de consolidação substancial, ou seja, com a unificação de ativos, passivos e credores, em razão da atuação conjunta das companhias e da confusão patrimonial identificada. A administradora judicial nomeada foi a Catalise Administração Judicial MT Ltda., que terá a missão de acompanhar o processo.
Blindagem de bens e suspensão de execuções
A Justiça determinou ainda a suspensão de todas as execuções e ações contra o grupo por 120 dias, período em que os bens e operações essenciais ficarão protegidos. Entram nessa blindagem maquinários agrícolas, caminhões, colheitadeiras e a Fazenda Alvorada II, considerados indispensáveis para a manutenção das atividades produtivas.
Para o magistrado, a medida busca “viabilizar a superação da crise econômico-financeira, preservar empregos, manter a atividade produtiva e assegurar os interesses dos credores”.
Crise provocada por mercado e clima levou a recuperação judicial
De acordo com os documentos apresentados, a crise do grupo começou em 2023, quando a queda dos preços do boi gordo, a desvalorização do milho e da soja e condições climáticas adversas afetaram a safra 2023/24. Além disso, houve aumento dos custos de produção e queda na receita da logística fluvial, impactada pela expansão da malha rodoviária e construção de pontes.
Outro fator apontado foi o alto investimento inicial na atividade mineral da Roma Mineração, uma das principais empresas do conglomerado.
Empresas que compõem o grupo
Entre as empresas em recuperação judicial estão:
- Roma Mineração
- Gusmin Transportes
- Centro Oeste Navegações
- Nordeste Navegações
- Doerner & Cia
- Managui Agropecuária
- II de Abril Holding
- Além de produtores rurais das famílias Doerner e Lopes.
O conglomerado atua de forma diversificada, abrangendo desde a extração de granito até a produção de soja, milho, arroz e pecuária, passando ainda por operações de balsas fluviais e transporte rodoviário.
Perspectivas para retomada
Em comunicado, o grupo destacou que o processo é um instrumento de reestruturação fundamental. A perícia anexada ao pedido apontou que há viabilidade plena de recuperação e que existem condições concretas para retomar o crescimento.
“A recuperação judicial se apresenta como medida essencial para viabilizar a renegociação das dívidas e assegurar o cumprimento dos compromissos, preservando a relação de confiança que sempre manteve com seus credores e fornecedores”, informou a empresa.
Impacto no cenário regional
A recuperação judicial do Grupo LD reflete os desafios enfrentados por empresas do agro e da mineração em Mato Grosso, fortemente expostas à volatilidade dos mercados de commodities e às incertezas climáticas. O caso será acompanhado de perto não apenas por credores e fornecedores, mas também por trabalhadores e produtores rurais ligados às famílias que compõem o conglomerado.
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