
Fundada entre 1929 e 1934 por iniciativa do Papa Pio XI, a propriedade do Vaticano foi concebida para abastecer a Santa Sé com alimentos frescos e saudáveis, cultivados de forma sustentável
Em meio a um dos momentos mais emblemáticos da Igreja Católica, após a morte do Papa Francisco aos 88 anos, o mundo segue atento ao Vaticano que iniciou o Conclave – processo de escolha do novo papa da Igreja. Mas, o que poucos sabem é que a aproximadamente 25 quilômetros ao sul de Roma, nas colinas que margeiam o Lago Albano, encontra-se a Fazenda Pontifícia de Castel Gandolfo. Este local integra o complexo das Vilas Pontifícias, tradicionalmente utilizado como residência de verão dos papas desde o século XVII.
Com uma área de 55 hectares, a fazenda supera em tamanho o próprio Estado do Vaticano, que possui 44 hectares. Fundada entre 1929 e 1934 por iniciativa do Papa Pio XI, a propriedade foi concebida para abastecer a Santa Sé com alimentos frescos e saudáveis, cultivados de forma sustentável.
Dentro desse território estão três vilas históricas — Barberini, Cybo e Del Moro —, sendo a primeira a principal sede da produção agrícola iniciada nos anos 1930 por iniciativa do Papa Pio XI, defensor do uso de técnicas naturais e sustentáveis na agricultura.
Desde então, a fazenda tem mantido práticas de cultivo livre de químicos, preservando uma linha de produção artesanal que garante alimentos frescos, como hortaliças, frutas, laticínios e ovos. Por muitos anos, uma cesta diária com os produtos da fazenda era enviada à residência de Santa Marta, onde vivia o Papa Francisco. Com seu falecimento, a tradição deve continuar, abastecendo o próximo ocupante do trono de Pedro.
Com uma produção estimada em cerca de 800 litros de leite por dia, a fazenda dá origem a uma variedade de laticínios, entre eles iogurtes e queijos típicos italianos, como a muçarela e o primo sale. O azeite, produzido de forma artesanal a partir de oliveiras antigas, é extraído a frio em moinhos de pedra e apresenta alto teor de polifenóis, garantindo aroma e sabor distintos.
Galinhas criadas soltas fornecem ovos de alta qualidade, e o plantel inclui coelhos, perus e vacas — sendo que, por um breve período, até avestruzes fizeram parte da criação. O excedente da produção, não consumido diretamente pela Santa Sé e pela Cúria Romana, é vendido de forma restrita: apenas funcionários do Vaticano e moradores das cidades vizinhas podem adquirir esses produtos, por meio de um ponto de venda exclusivo.
Em 2014, o Papa Francisco visitou pessoalmente a fazenda e, inspirado pela experiência, autorizou um projeto de abertura gradual do local ao público. Desde 2015, visitantes podem participar de tours guiados e degustações, integrando a propriedade a uma iniciativa maior de valorização do patrimônio pontifício. Os exuberantes jardins da Villa Barberini também foram incluídos na rota de visitação.
A operação da fazenda dos Papas é conduzida por uma pequena e dedicada equipe de oito profissionais, responsáveis por manter viva uma tradição que une fé, sustentabilidade e respeito à terra. Com isso, a fazenda de Castel Gandolfo se consolida como um símbolo do cuidado com a criação e do equilíbrio entre espiritualidade e preservação ambiental.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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