
Originária da Normandia, a raça atravessou séculos, sobreviveu à guerra e hoje é referência mundial em marmoreio, sabor e produção de leite para queijos premiados.
A raça Normande carrega consigo uma história milenar que começou na região da Normandia, França, quando conquistadores vikings trouxeram gado ao país entre os séculos IX e X. Desde então, o animal foi sendo moldado para atender às necessidades de uma população que dependia tanto de leite quanto de carne de qualidade. Mais de mil anos depois, o Normande mantém sua relevância global, consolidando-se como uma das principais raças de dupla aptidão do mundo.
O primeiro livro genealógico da raça foi criado em 1883. Entretanto, durante a Segunda Guerra Mundial, a invasão aliada da Normandia quase dizimou o rebanho. A recuperação foi notável, e hoje a França abriga cerca de 3 milhões de exemplares, com forte ligação à indústria de queijos finos como Camembert, Pont-Lévêque e Livarot. Já em países como os Estados Unidos, o foco inicial foi na produção de carne, mas cresce a pressão para explorar também seu potencial leiteiro.
Na França, a carne Normande é tão valorizada que ganhou selo de qualidade exclusivo, popular nos principais supermercados do país. A raça é reconhecida por seu marmoreio excepcional, sabor e maciez incomparáveis, qualidades que frequentemente lhe garantem vitórias em testes cegos de degustação.
Nos Estados Unidos, touros Normande se destacaram em provas de crescimento e qualidade de carcaça, garantindo premiações em feiras nacionais. O desempenho também chama atenção em confinamentos na América do Sul, onde novilhos e novilhas cruzados com Normande apresentam ganhos superiores, carcaças equilibradas e excelente rendimento.

O padrão visual da Normande é inconfundível: animais vermelhos e brancos com variações tigradas, que lembram listras de tigre. Essa pelagem pode assumir diferentes denominações, como:
- Loira – predominância do vermelho e branco;
- Codorna – quando o branco domina;
- Tigrado – marrom mais evidente;
- Trutado – manchas marrons sob o pelo branco.
Outra particularidade é que os bezerros só revelam os tigrados algumas semanas após o nascimento e tendem a escurecer conforme envelhecem.
Em termos de porte, trata-se de uma raça de tamanho médio, com vacas pesando de 540 a 680 kg e touros chegando a 900 a 1.190 kg. São animais de profunda capacidade corporal, costelas arqueadas e excelente comprimento, características que favorecem o desempenho em dietas à base de forragem.

As vacas Normande apresentam maturidade sexual precoce, alta fertilidade e facilidade de parto, com bezerros vigorosos que nascem em média entre 32 e 44 kg. Outro ponto de destaque é a longevidade produtiva, associada à boa conformação mamária e capacidade materna.
Na produção de leite, a raça entrega resultados expressivos: média de 6.335 kg por lactação, com 4,2% de gordura e 3,5% de proteína — índices que a tornam ideal para a fabricação de queijos de alta qualidade.
A relação massa muscular/osso é um dos grandes trunfos da Normande. Com carcaças magras que marmoreiam com facilidade, novilhos da raça alcançam rendimento elevado, chegando a 575 kg em peso vivo com cortes valorizados do lombo.
Nos EUA, por exemplo, provas como o Concurso de Carcaça de Boi Mérito Montana 4-H evidenciaram a superioridade da raça: em 1990 e 1991, novilhos Normande 7/8 estiveram entre os dez melhores de um universo de mil competidores, incluindo mestiços de raças tradicionais de corte.
A dupla aptidão é o que torna a Normande um ativo estratégico para sistemas de produção modernos. Para pecuaristas de corte, cruzamentos com a raça resultam em carcaças valorizadas e rendimento superior, sem perder o tamanho moderado desejado no mercado. Para produtores de leite, especialmente aqueles voltados à produção de queijos finos, o potencial é inquestionável.
Combinando história, rusticidade, qualidade e versatilidade, a Normande segue como uma das raças mais completas do mundo, unindo tradição e inovação no campo — seja na França, nos Estados Unidos, na América do Sul ou em qualquer região onde a pecuária exige animais que entreguem resultados sólidos em diferentes frentes.
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