Conheça a história da Nelore Mato Grosso

A história da pecuária em Mato Grosso passa pela Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT); começando pelo primeiro presidente, Olímpio Risso de Brito

Por Alexandre El Hage* –– A Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT) deu posse no mês de janeiro à nova diretoria para o biênio 2023/2024. Como profissional da área de zootecnia e criador Nelore há mais de 20 anos, é uma honra assumir a presidência da entidade à qual fui vice-presidente por dois mandatos consecutivos e já atuava como associado.

Em um momento incertezas e desafios para o Brasil, quero assegurar o compromisso com a boa gestão da instituição, que vai atuar com transparência na realização de ações de apoio ao criador Nelore. Além disso, quero destacar a importância da associação para a sociedade mato-grossense e para o segmento do agronegócio.

A Nelore Mato Grosso, como é conhecida, surgiu no extinto Clube das Mangueiras da Sadia, no início da década de 1990, quando um pequeno e seleto grupo de pecuaristas se reunia para debater técnicas, modos de criação e recebia palestrantes para auxiliá-los no dia a dia e aumentar sua rentabilidade.

Dessas reuniões semanais surgiu a necessidade de se formalizar uma instituição que defendesse os interesses comuns dos criadores de gado da raça Nelore, a maior e mais importante do país e com ênfase em Mato Grosso, onde ela se mostrou a mais bem adaptada nos três biomas do Estado e onde temos hoje cerca de 33 milhões de animais, o maior rebanho brasileiro, dos quais 80% Nelore ou anelorado.

Então, em 1994, criou-se a ACNMT, uma subsidiária da Nelore do Brasil (ACNB). O primeiro presidente foi o selecionador e pecuarista Olímpio Risso de Brito, que com recursos parcos de um empreendimento começando conseguiu uma pequena sala no parque de exposições da Acrimat, embaixo da arquibancada do recinto de rodeio. Focado em seleção, Olímpio e sua equipe realizaram a primeira prova de ganho em peso a pasto da raça Nelore na sua fazenda conjuntamente com os associados.

Em seguida veio o Mario Candia, que deu um viés mais político classista, trazendo sua expertise de presidente da Acrimat. Depois Gilberto Porcel conseguiu, dentro do Parque de Exposições, uma sede para Nelore-MT mais ampla, com sala de reuniões e um espaço com churrasqueira. Desde então, aquelas conversas do extinto Clube das Mangueiras foram reativadas e passaram a ser realizadas em sede própria, que continua a mesma e inclui diversas melhorias ao longo dos últimos anos.

Passaram pela presidência Luis Antonio Felippe, o “Felipe da Camargo”, com tradição em exposição e leilões que organizou exposições ranqueadas em todo o Estado, chegando a 19 municípios de Mato Grosso. O ex-presidente José Welinton, que começava na seleção, também realizou mais uma prova conjunta entre os criadores. Mas uma fatalidade aconteceu abreviando seu trabalho.

A caminho da exposição de Tangará da Serra, junto com sua esposa e o piloto, ele sofreu um acidente aéreo fatal envolvendo todos os ocupantes da aeronave. A sede da Nelore que sempre fora local de reuniões e descontração, também foi o espaço do velório do casal. Assumiu, então, o vice-presidente Jose João Bernardes, reconduzido ao cargo na eleição seguinte.

Outro fato importante aconteceu. Das reuniões na Nelore se “estadualizou” a Associação dos Criadores de Mato Grosso, a Acrimat. Em seguida veio Hermes Botelho, que realizou a primeira exposição indoor. Breno Molina assumiu a Nelore, em 2019, dando mais visibilidade, sobretudo na Era Digital com presença nas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube), e arrendou uma propriedade para a entidade e uma nova prova a ser realizada.

Já o pecuarista Aldo Rezende Telles, que tinha experiência à frente do Sindicato Rural, em Goiás, e na diretoria da Acrimat, assumiu com o compromisso de realizar provas voltadas não mais aos animais de exposição, mas buscando aprimorar técnicas para produzir animais prontos para o abate em menos tempo e tudo isso agregando importante parceiros, como a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Aliás, a façanha realizada pela entidade, em 2021, foi reunir 600 animais, de 20 criadores, levando bezerros desmamados com 8 arrobas para que ficassem “prontos”, com 21 arrobas, em apenas 14 meses. Essa foi a maior prova realizada por uma associação de criadores em todo Brasil e os resultados vão gerar dados científicos inéditos que vão auxiliar nossos criadores em suas tomadas de decisão.

É importante reforçar que a sede da Nelore já foi palco de muita coisa: palestras técnicas, discursos de candidatos políticos, que foram apresentar suas propostas para o segmento da pecuária, além de conversas com governador do Estado, deputados federais, estaduais, senadores e até o então ministro da Agricultura Pratini de Moraes, entre 1999 e 2002 (governo do então Fernando Henrique Cardoso), que deu até uma palhinha tocando sanfona. Versatilidade própria da raça Nelore.

Assumo esta missão com a mesma jovialidade do amigo Breno, a experiência de campo da Zootecnia e 23 anos de relacionamento com esse grupo originário do Clube das Mangueiras, que representa a raça mais importante do Brasil. Portanto, a Nelore Mato Grosso completa 29 anos neste ano em uma nova fase e com uma nova diretoria com muito gás para trabalhar!

Alexandre El Hage, pecuarista, zootecnista e presidente da Associação dos Criadores de Nelore Mato Grosso (ACNMT)

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