Conheça a raça Nguni, um símbolo de riqueza africana, beleza exótica e resistência extrema

O gado da raça Nguni é marcado pela diversidade de cores, resistência a doenças e importância cultural para os povos africanos.

O gado Nguni é um dos símbolos mais fortes da pecuária africana, não apenas pelo papel produtivo, mas também pela relevância histórica e cultural que desempenhou ao longo de séculos. Originário da África Austral, esse bovino faz parte do grupo dos gado Sanga, resultado de cruzamentos entre o Bos taurus (gado europeu) e o Bos indicus (zebuíno), adaptados pelas condições extremas do continente africano. Mais do que uma raça, o Nguni representa a herança viva dos povos bantos e khoisan, marcando presença em países como África do Sul, Suazilândia, Zululândia, Moçambique e Zimbábue.

Historicamente, o gado Nguni foi introduzido na região pelos povos migrantes que desciam da África Central em direção ao sul. Desde então, se tornou peça central nas sociedades locais, servindo como animal de tração, fonte de alimento e até moeda social, já que era usado para pagamento de dotes matrimoniais. Essa função cultural reforçou sua imagem como símbolo de riqueza e prestígio, além de garantir a sua preservação ao longo dos séculos.

raça Nguni
Rebanho de gado Nguni. Foto: Divulgação

O gado Nguni se destaca por sua aparência singular, marcada por uma ampla variedade de pelagens coloridas e padrões únicos, que transformam cada animal em uma verdadeira obra de arte viva. Suas principais características incluem:

  • Tamanho médio: Touros entre 500 e 700 kg e vacas de 320 a 440 kg.
  • Bezerros precoces: Desmamam com aproximadamente 175 kg, crescendo em média 0,7 kg por dia até essa fase.
  • Corcovas: Os touros possuem corcovas bem desenvolvidas, enquanto as vacas quase não apresentam essa característica.
  • Pelagem variada: Preto, branco, vermelho, marrom, creme e pardo, sempre em misturas marcantes.
  • Chifres curvos: Que variam em formato e auxiliam na defesa contra predadores.

Além da beleza, o Nguni é reconhecido por sua longevidade produtiva: vacas podem gerar 10 ou mais bezerros ao longo da vida, com partos fáceis e taxas de sobrevivência elevadas, devido à baixa incidência de distocia.

raça Nguni
Foto: Divulgação

Criado em regiões de clima severo, o Nguni desenvolveu qualidades que fazem dele uma das raças mais robustas do mundo:

  • Alta tolerância ao calor e resistência à radiação solar, graças à pele pigmentada e coberta por pelos curtos.
  • Imunidade natural a carrapatos e doenças transmitidas por eles, reduzindo custos veterinários.
  • Capacidade de forragear em terrenos irregulares, adaptando-se tanto a encostas íngremes quanto a áreas de arbustos densos.
  • Carne de qualidade, com carcaças entre 180 e 220 kg, apresentando bom marmoreio e camada de gordura fina.
  • Sustentabilidade: Engordam bem em pastejo natural, dispensando hormônios ou sistemas intensivos de confinamento.

Essas características tornam o Nguni altamente adequado para os desafios atuais da pecuária, especialmente em um cenário de mudanças climáticas e aumento de extremos climáticos.

Gado Nguni. Foto: Divulgação

O Nguni é muito mais do que uma raça bovina — é parte da identidade cultural africana. Historicamente, possuir rebanhos era sinônimo de status, e até hoje, em muitas comunidades, o gado continua sendo valorizado em ritos sociais e cerimônias tradicionais.

Do ponto de vista econômico, o Nguni representa:

  • Carne de excelência: Macia, bem marmorizada e com sabor característico.
  • Leite diferenciado: Rico em proteína A2, de mais fácil digestão para pessoas sensíveis ao leite comum.
  • Peles valorizadas: Usadas na confecção de bolsas, tapetes e peças de arte, aproveitando a pigmentação variada.
  • Eficiência produtiva: Classificado pela Sociedade de Criadores de Gado Nguni como a raça que gera “mais quilos de carne bovina por hectare ao menor custo”.

Além disso, esforços de preservação, como os realizados na Mkhaya Game Reserve (Essuatíni), reforçam o compromisso com a conservação dessa genética única para as gerações futuras.

A adaptabilidade do Nguni o coloca como uma das raças mais promissoras diante das incertezas climáticas globais. Sua eficiência alimentar, resistência natural e rusticidade tornam-no um aliado estratégico para a pecuária sustentável em regiões áridas e semiáridas.

Graças ao seu bom temperamento, habilidade materna e produtividade consistente, o gado Nguni pode atuar tanto de forma pura quanto em programas de cruzamento, melhorando características como fertilidade e qualidade da carne em outras raças.

Em suma, o Nguni é mais do que uma raça bovina: é um patrimônio cultural, econômico e genético da África Austral, exemplo vivo de como a seleção natural, somada ao manejo tradicional, pode gerar animais resistentes, sustentáveis e de alta qualidade produtiva.

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