
Ex-bailarina formada pela prestigiada Juilliard School, em Nova York, ela abandonou a dança para viver entre vacas leiteiras, hortas e tachos de queijo artesanal em uma fazenda
Entre o balé clássico e as tarefas rurais, Hannah Neeleman construiu um universo onde a tradição e a controvérsia se encontram. Ex-bailarina formada pela prestigiada Juilliard School, em Nova York, ela abandonou a dança para viver entre vacas leiteiras, hortas e tachos de queijo artesanal em uma fazenda nos arredores de Kamas, em Utah (EUA). Hoje, aos 35 anos, é mãe de oito filhos, empresária rural e um dos rostos mais emblemáticos do chamado movimento tradwife — estilo de vida que celebra os papéis femininos tradicionais, como o de dona de casa e cuidadora.
Combinando a estética do campo com a disciplina artística do balé, Hannah criou a “Ballerina Farm”, um negócio familiar que mistura produção orgânica e presença digital. Seus vídeos, publicados no Instagram e TikTok — plataformas nas quais já ultrapassa 19 milhões de seguidores em 2025 — mostram cenas meticulosamente editadas de uma rotina bucólica: pães saindo do forno a lenha, queijos maturando no porão, crianças colhendo flores, e ela, quase sempre, vestindo aventais vintage com um sorriso sereno.
A imagem da mulher plena, dedicada exclusivamente à família e ao lar, virou marca registrada — e também alvo de acalorados debates. Críticos enxergam no conteúdo uma romantização do sacrifício feminino em nome de um ideal antiquado, enquanto defensores a aplaudem por viver “de acordo com seus próprios valores”.
A polêmica cresceu após uma entrevista publicada pelo jornal britânico The Times, em que Hannah afirmou ter deixado o balé “a pedido do marido” e relatou que nunca contou com babás ou creches para cuidar das crianças. “Foi uma escolha difícil, abrir mão de algo que amava. Mas encontrei um novo propósito aqui”, disse.

Na conversa com o jornal, a repórter notou que Hannah era constantemente interrompida pelo marido, Daniel Neeleman — herdeiro das companhias aéreas JetBlue e Azul —, e pelos filhos, além de recorrer com frequência a ele para responder perguntas. Outro detalhe que chamou atenção: todos os partos da influenciadora foram naturais e sem anestesia, exceto um, quando Daniel não estava presente, ocasião em que ela recebeu uma epidural. “Foi maravilhoso”, comentou com naturalidade.

Após a repercussão negativa, Hannah se manifestou nas redes sociais dizendo que se sentiu traída pela forma como foi retratada. Em um vídeo publicado em abril de 2025, ela afirmou: “Achei que tínhamos tido uma boa conversa. Fiquei surpresa com a forma como meu casamento e minha vida foram apresentados. Não sou oprimida. Vivo em liberdade”.
Na prática, Hannah administra uma fazenda de médio porte com operações que envolvem desde a criação de porcos e gado até a fabricação de produtos alimentícios vendidos pelo site da Ballerina Farm, que vem crescendo nos Estados Unidos e também exportando para outros países. Seu empreendimento já é citado em veículos como Forbes e Modern Farmer como exemplo de marketing rural bem-sucedido.

Mas o sucesso não apaga as divergências. Para estudiosos do comportamento digital, o caso de Hannah se insere em um fenômeno maior: a disputa sobre os significados da feminilidade no século 21.
O estilo de vida tradwife, que ganhou fôlego nas redes nos últimos anos, divide opiniões. Para uns, é uma forma legítima de resgatar valores esquecidos. Para outros, trata-se de uma narrativa que reforça desigualdades e tenta disfarçar conservadorismo sob a estética da liberdade pessoal.
No centro de tudo está Hannah, a bailarina que trocou os palcos da metrópole pela poeira das estradas rurais, e que, mesmo cercada por críticas, mantém firme sua convicção de que felicidade está onde se encontra propósito — ainda que ele venha com uma enxada na mão e uma criança no colo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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