Crise de fertilizantes: fome e inflação crescente são inevitáveis?

Os preços dos fertilizantes têm sido uma preocupação para os agricultores de todo o mundo há vários meses. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a situação piorou.

No outono do ano passado, foi apenas o aumento dos preços da gasolina que elevou o custo de produção de fertilizantes. No entanto, a nova situação faz com que faltem matérias-primas como potássio, amônia e uréia, essenciais para a produção de diversos fertilizantes. Não é mais apenas o aumento dos custos de produção que está causando a explosão dos preços, mas também o declínio da oferta. As sanções da comunidade ocidental contra a Rússia são o ponto de partida para esta crise de fertilizantes, que levará a uma crise global de alimentos.

Culturas como milho, soja, arroz e trigo dependem de componentes que aumentam a produtividade. Sem essas medidas, as colheitas serão muito menores, mesmo em condições ideais de cultivo. Isso será sentido principalmente nos países em desenvolvimento, onde os agricultores já têm orçamentos menores em comparação com seus pares nos países desenvolvidos.

No Peru, o governo chegou a declarar estado de emergência para o setor agropecuário, pois já se prevê que esteja em jogo a garantia do abastecimento alimentar. Por causa dos altos preços dos fertilizantes, os agricultores começaram a reduzir sua área plantada. Ao mesmo tempo, as importações de ração animal estão em colapso, o que está causando problemas para a indústria da carne.

O Rabobank informou que a Rússia e a Bielorrússia juntas respondem por mais de 40% das exportações mundiais de potássio. Além disso, a Rússia contribui com 22% para o comércio global de amônia e 14% para as exportações de uréia.

A falta de fertilizantes também não deve ser descartada com o fim do conflito Rússia-Ucrânia, porque as sanções provavelmente vigorarão por meses e anos.

O Brasil, como maior exportador de soja, recebeu metade de suas importações de potássio da Bielorrússia e da Rússia. A consultoria Agroconsult assume que a safra de soja deve cair pelo menos 8 por cento devido à falta de fertilizantes, conforme noticiado pela Reuters. Isso afeta as fazendas de gado, onde a soja é a ração animal mais importante de todas.

Enquanto isso, o governo brasileiro tenta aprovar uma lei para iniciar a mineração de potássio na região amazônica em terras da tribo indígena Mura. Isso destruiria o habitat natural dessas pessoas que eles precisam tão desesperadamente.

Segundo a Reuters, várias dezenas de legisladores dos EUA escreveram uma carta à Comissão de Comércio Internacional dos EUA em 17 de março. Nela exigiam isenção de tarifas na importação de fertilizantes e justificavam da seguinte forma:

“As decisões de cultivo não são mais tomadas com base nas necessidades do mercado. São cada vez mais os custos de produção que são determinados pelo preço e oferta de fertilizantes.”

No geral, está se tornando aparente que a oferta de alimentos vegetais e animais diminuirá no futuro próximo, enquanto a demanda aumentará devido ao crescimento da população. O aumento resultante nos preços dos alimentos também alimentará a inflação.

Fabricantes de fertilizantes como K&S, Nutrien Ltd (NYSE:NTR) e Mosaic Co (NYSE:MOS) (SA:MOSC34) são os que fazem os negócios de suas vidas durante esse período quente. Enquanto o preço da ação K+S era de 8 euros em abril passado, agora está cotado em 28,58 euros. Resta saber se a empresa acabará por obter os lucros, conforme previsto pelos investidores.

Fonte: Investing.com

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