Cruzamento 3.0 maximiza o potencial das raças

Potencializar as características das raças a fim de atingir mercados Super Premium, utilizar o cruzamento 3.0 tem suas inúmeras vantagens para o pecuarista.

Esse é o objetivo de um novo movimento da pecuária nacional que vem sendo chamado de Cruzamento Industrial 3.0, tema central de seminário realizado na tarde de quinta-feira (30/08), na Arena do Canal Rural e transmitido ao vivo do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

O Cruzamento Industrial 3.0 representa o casamento entre raças zebuínas e taurinas e avança com base em um maior uso da genética Angus no Brasil Central por meio da inseminação de ventres F1 (meio sangue zebuXAngus) com sêmen de reprodutores Angus puros, Brangus ou Ultrablack. Assim, há uma potencialização de características positivas da raça Angus nesse animal F2. Os animais Angus são mais férteis e têm uma precocidade sexual maior, permitido terminar animais até um ano antes em relação a um zebuíno, por exemplo.

“O cruzamento busca aproveitar a precocidade das fêmeas e obter uma carcaça de alto nível de qualidade para atingir mercados com maior exigência”, explica o gerente do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, que mediou o debate. Dentro desse processo, ele citou a importância do Programa Carne Angus Certificada, que é responsável por uma fatia de 82% da produção nacional de cortes premium.

Mas entrar na geração do cruzamento 3.0 exige atenção ao processo. Em sua manifestação o presidente do Grupo VPJ, Valdomiro Poliselli Júnior, ressaltou a importância de os pecuaristas terem um plano para os seus negócios. “Para entrar na pecuária moderna tem que ter planejamento”, recomendou, lembrando que ainda há muitos que se aventuram em cruzamentos não direcionados por técnicos.

“É preciso haver padrão, caso contrário o produtor não sera beneficiado”. O pecuarista ainda defendeu a importância do foco no mercado e do direcionamento da produção. “É extremamente importante que essas F1 sejam cruzadas dentro da linha do sangue Angus, ou seja, usando o próprio Angus, o Brangus ou o Ultrablack para ter garantia de mercado e liquidez” reiterou.

Nessa mesma linha, o diretor da Lageado Consultoria, Tiago Losi, destacou os avanços nos cruzamentos e os bons resultados obtidos. Ao mesmo tempo, alertou para aspectos que exigem atenção, como, por exemplo, até que ponto vale deixar uma fêmea de cruzamento na fazenda, uma vez que quanto mais velha (mais de 5 anos), ela se torna mais pesada e pouco interessante ao mercado.

“Tudo depende do manejo e do planejamento de cada propriedade”, disse.

Em sua manifestação, o diretor da Mamelle Assessoria Agropecuária, Antonio Francisco Chaves Neto, detalhou a evolução do cruzamento, do início receoso para a consolidação a partir do respaldo do consumidor. “O consumidor pede. O mercado pede. E esse foi um alicerce do sucesso”. O segundo ponto foi o que chamou de ‘casamento perfeito’ a união de Angus e Nelore, uma vez que resulta em uma carne com acabamento, sabor e maciez.

Sobre o desempenho das raças, a coordenadora regional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Alves Menezes, enfatizou que o cruzamento é um caminho sem volta. “O consumidor cobra sabor e padronização de janeiro a janeiro. E ele está disposto a pagar mais para ter esse produto”, enalteceu. Assim, destacou que a excelência da carne está associada a uma serie de fatores, como a genética, a idade, a gordura de cobertura, entre outros. “É um somatório. Utilizar animais superiores para ter no final um produto de qualidade. Porque a indústria não pode melhorar um produto inferior, só mantém a qualidade de origem”, pontuou.

Para encerrar, o analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, avaliou o panorama nacional e as exportações do mercado de boi em pé. Ressaltou algumas restrições no mercado exterior no momento das negociações. “São poucos os mercados, mas o produtor tem que seguir atento. E o cruzamento industrial é bem aceito”.

Não desperdice o melhor da bezerra meio sangue Angus-Nelore

Fonte: Associação Brasileira de Angus

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